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sexta-feira, 26 de julho de 2019
quinta-feira, 25 de julho de 2019
segunda-feira, 22 de julho de 2019
O Rapto da Cultura
Quem visita a Galeria Borghese
em Roma
depara-se com uma escultura impressionante da autoria de Bernini, considerado o
expoente do Barroco, que viveu entre 1598 e 1680, tendo numerosas obras de arte
por toda a capital italiana. A escultura representa, em tamanho natural, “O
Rapto de Proserpina”, um mito romano que já aparecia na cultura grega. O trabalho
no mármore é insuperável, conseguindo transmitir as mais diversas emoções,
desde a aflição de Proserpina a empurrar a cabeça de Plutão, até à violência
deste a cravar as mãos no corpo nu e macio da rapariga, enquanto o cão de três
cabeças que
guarda a entrada do mundo da escuridão vigia o que se passa à volta. A
leveza e transparência das vestes, para além das posições e expressões das
personagens, em particular de Proserpina que retrata fielmente o seu grito de
dor, são a expressão de uma perfeição inexcedível no trabalho escultórico do
autor.
O mito romano diz-nos que uma jovem de grande
beleza, Proserpina, apanhava flores num jardim, acompanhada por algumas ninfas,
quando surgiu Plutão que a raptou e levou à força para o seu submundo. Plutão
era o senhor do reino dos mortos, após a guerra que, com os seus irmãos Júpiter
e Neptuno travara com o Pai Saturno tendo, por sua vez, Júpiter ficado senhor
dos céus e da terra e Neptuno com o reino dos mares. Ceres, a mãe da jovem
raptada e rainha da fecundidade e das colheitas, procurou a filha, tendo pedido
ajuda a Júpiter para recuperar a filha. Entretanto, o frio e o inverno
instalaram-se, as colheitas apodreceram e o mundo ficou entregue ao caos e à
fome devido ao abandono por parte de Ceres. Plutão acedeu a devolver Proserpina
a sua mãe, mas deu uma romã a comer à jovem que comeu algumas sementes
desconhecendo que, ao comer no reino da escuridão, ficaria para sempre
condenada a lá voltar.
O entendimento obtido entre os deuses foi que durante um
período do ano, a jovem estaria na companhia da mãe, conhecendo a terra,
durante esse tempo, beleza e prosperidade; no resto do ano, voltaria para junto
de Plutão, deixando a mãe de tratar das colheitas e regressando o frio e o
mal-estar e infelicidade gerais. Curiosamente, o alimento comido por Proserpina
foi uma romã, fruta que há milhares de anos tem uma simbologia muito própria e
muito forte. Para os gregos era um símbolo do amor e da fecundidade e teria
poderes afrodisíacos. Para os judeus era um símbolo religioso ligado ao ano
novo e para os romanos, para além da fecundidade, simbolizava a ordem e a
riqueza. Entre nós terá sido trazida pelos berberes, nas suas invasões da
Península Ibérica, tendo a nossa língua absorvido o termo árabe para o fruto,
ao contrário do que acontece nas outras línguas modernas europeias que usaram a
etimologia do latim, casos do espanhol, do francês e do inglês.
Os mitos da antiguidade clássica, grega e romana,
tinham muitas vezes a função de fornecer respostas a interrogações para as
quais era impossível encontrar justificações concretas, pela falta de ciência
desenvolvida, ao contrário dos nossos dias. O mito de Proserpina tem tido
várias interpretações desse tipo, sendo habitualmente associado à explicação da
alternância das estações do ano, invernosa, frio e sem alimentos quando a jovem
está na casa de Plutão na escuridão do submundo e fértil e luminosa quando está
em casa da mãe, Ceres. O mito é ainda tido como significando vida eterna, já
que a alternância de Proserpina entre os dois mundos será para sempre.
Há, contudo, uma interpretação que terá
significado para os dias de hoje. A beleza, juventude, inocência, curiosidade e
mesmo liberdade de Proserpina quando vivia com a sua mãe, apanhando flores com
as ninfas nos jardins é a imagem da criação artística e do belo. O rapto levado
a cabo por Plutão é a captura disto tudo e ainda da liberdade, portanto da
própria Cultura, levada para o submundo da escuridão. Como resultado o mundo
vivo e luminoso transforma-se em algo sem vida, apodrecido e infértil de que
resulta fome e desespero.
É o que sucede quando a mentira, a ignorância, a
intolerância e os mais variados extremismos e radicalismos eliminam a procura e
partilha do Belo capturando a Cultura e enviando-a também para o submundo ou moldando-a
para atingir os seus objectivos, de qualquer modo trazendo ao mundo tristeza,
fealdade e, tantas vezes, desgraças e desespero, como desgraçadamente aconteceu
com o nazismo e diversos fascismos e comunismos ao longo do século XX.
Texto publicado originalmente no Diário de Coimbra em 22 de Julho de 2019
Circuito da Boavista
Uma vista de Portugal no início dos anos 60 do século XX. Pena o acidente de Joaquim Filipe Nogueira
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domingo, 21 de julho de 2019
sábado, 20 de julho de 2019
Homem na Lua: 50 anos
Logo, às 20:17 GMT (hora de Lisboa), passam 50 anos sobre o momento exacto em que o módulo lunar Eagle pousou na superfície lunar, transportando dois homens no seu interior; Neil Armstrong e Buzz Aldrin. O terceiro astronauta da Apollo 11, Michael Collins, ficou sozinho na nave em órbita da Lua.
Amanhã, 21 de Julho, precisamente às 02:56 TMG, passam 50 anos sobre a saída de Neil Armstrong da Eagle, para ser o primeiro homem a pisar a superfície lunar. Momento absolutamente histórico e único para a Humanidade e assim o astronauta o marcou com a frase que ficou célebre: "Um pequeno passo para um homem, um passo gigantesco para a Humanidade".
Há 50 anos, lembro-me de ter ficado a ver a televisão, tendo chamado o resto da família que tinha ido dormir, no momento crucial da transmissão televisiva. E lembro-me igualmente de, mais tarde, sair para a rua durante a noite e olhar para a Lua no céu procurando ver o Mar da Tranquilidade, sabendo que dois homens lá se encontravam e de ficar com um nó na garganta. Momentos inesquecíveis que marcam quem os presenciou com inteira consciência da sua importância.
Amanhã, 21 de Julho, precisamente às 02:56 TMG, passam 50 anos sobre a saída de Neil Armstrong da Eagle, para ser o primeiro homem a pisar a superfície lunar. Momento absolutamente histórico e único para a Humanidade e assim o astronauta o marcou com a frase que ficou célebre: "Um pequeno passo para um homem, um passo gigantesco para a Humanidade".
Há 50 anos, lembro-me de ter ficado a ver a televisão, tendo chamado o resto da família que tinha ido dormir, no momento crucial da transmissão televisiva. E lembro-me igualmente de, mais tarde, sair para a rua durante a noite e olhar para a Lua no céu procurando ver o Mar da Tranquilidade, sabendo que dois homens lá se encontravam e de ficar com um nó na garganta. Momentos inesquecíveis que marcam quem os presenciou com inteira consciência da sua importância.
quinta-feira, 18 de julho de 2019
quarta-feira, 17 de julho de 2019
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