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domingo, 30 de novembro de 2008
Sermão do Bom Ladrão
Peço desculpa por não começar pelo "sermão aos peixes", mas este é particularmente adequado ao presente e os "reis" de hoje fariam bem em conhecê-lo:
"Levarem os reis consigo ao Paraíso ladrões não só não é companhia indecente, mas ação tão gloriosa e verdadeiramente real, que com ela coroou e provou o mesmo Cristo a verdade do seu reinado, tanto que admitiu na cruz o título de rei. Mas o que vemos praticar em todos os reinos do mundo é tanto pelo contrário que, em vez de os reis levarem consigo os ladrões ao Paraíso, os ladrões são os que levam consigo os reis ao inferno."
FURACÃO
Esta afirmação, embora tenha adiantado grandes elogios à PJ, permite todas as dúvidas sobre a actuação da PJ, o que só pode provocar a maior perplexidade e desconfiança.
Ficou criada mais uma situação insustentável na sociedade portuguesa, precisamente numa área que necessita de calma, sobriedade e confiança de todos: a Justiça.
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
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quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Recessão
Pior ainda: pode vir o ar gelado da estagflação.
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Botas feitas para caminhar
Ou de como a Nancy Sinatra até tinha mais mensagem do que parecia.
FUGA PARA A FRENTE
Numa situação com a delicadeza da que se atravessa com o BPN, a fotografia tem que ficar composta, de modo que a confiança pessoal é agora reiterada e daqui a uma semana ou coisa parecida perante novos desenvolvimentos que certamente não deixarão de surgir, o próprio pede a renúncia ou suspensão, para não colocar minimamente em causa o Presidente.
No meio de tudo isto há outra entidade que parece ter descoberto um estranho gosto por sofrer em silêncio, que é o PSD. As solidariedades são para se ter perante quem as merece e, nesse caso, afirmam-se claramente.
Um partido, ainda por cima a menos de um ano de eleições, não pode ter a sua actual postura. Das duas uma: se desconfia que o seu antigo dirigente tem algo a apontar, distancia-se e afirma-se claramente quanto à questão; caso contrário, corre o risco e atravessa-se em sua defesa. Em qualquer caso, tem é que levantar rapidamente a cabeça, porque os seus militantes não têm culpa nenhuma do que está a acontecer. Diria mesmo: e muito menos culpa têm os restantes portugueses que necessitam de sentir uma alternativa política como de pão para a boca.
Para facilitar a análise da situação, aqui ficam duas citações:
1:
Do Estatuto do Conselho de Estado:
Artigo 5.º
(Termo de funções)
1. Os membros do Conselho de Estado a que se referem as alíneas a) a e) do artigo 2.º mantêm-se em funções enquanto exercerem os respectivos cargos.
2. O exercício do cargo dos membros do Conselho de Estado a que se referem as alíneas g) e h) do artigo 2.º cessa com o mandato do Presidente da República que os tiver designado ou com o termo da legislatura da Assembleia da República que os houver eleito, mas mantêm-se em funções os membros cessantes até à posse dos que os substituírem nos respectivos cargos.
3. As funções de membro do Conselho de Estado cessam ainda por renúncia, morte ou impossibilidade física permanente, nos termos e condições previstos nos artigos seguintes.
Artigo 14.º
(Inviolabilidade)
1. Nenhum membro do Conselho de Estado pode ser detido ou preso sem autorização do Conselho, salvo por crime punível com pena maior e em flagrante delito.
2:
Da TSF em 25 de Nov. de 2008:
"O Presidente da República afirmou, esta terça-feira, que mantém a confiança em Dias Loureiro, antigo administrador da Sociedade Lusa de Negócios, que detinha o BPN. Cavaco Silva disse que o conselheiro de Estado lhe garantiu não ter cometido qualquer ilegalidade no BPN."
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
A FALTA QUE A VERGONHA FAZ
No primeiro livro da Bíblia, é descrito como, depois de praticarem o acto proibido, Adão e Eva tiveram vergonha e se sentiram nus.
A vergonha é, assim, um dos mais antigos e eficazes processos que a sociedade tem para prevenir a prática de actos considerados errados e condenáveis.
Ao longo de milhares de anos, a moral foi definindo critérios para determinar o que é ou não aceitável, tendo-se desenvolvido um quadro ético de relacionamento entre os indivíduos, entre estes e a sociedade, e mesmo entre todos e o Universo que nos rodeia.
Em simultâneo, a civilização humana foi desenvolvendo códigos e leis que regulam as nossas relações sociais e económicas. É assim que quem não tem grande respeito pelos valores éticos, tem pelo menos medo da punição pelos actos ilegais que venha a praticar.
Mas a vergonha social esteve sempre presente, ao lado do medo da Justiça.
A sociedade de hoje está a mudar todo este quadro.
Como se sabe, quer se goste, quer não, as religiões foram desde sempre o maior fornecedor de critérios morais às sociedades. A racionalização da sociedade ocidental está a levar a um acantonamento das religiões por parte dos Estados, pretendendo-se regular por lei todo o tipo de relacionamento entre as pessoas. Tende-se, assim, a considerar que os valores éticos dizem apenas respeito àqueles que seguem as suas religiões, não tendo os outros nada a ver com isso.
A consequência é um relativismo crescente que leva a considerar toda e qualquer posição como respeitável, dentro das normais definidas pela lei.
Por outro lado, a ligeireza introduzida pelos novos estilos de vida e pela inundação de informação, trazida primeiro pela televisão e depois pela internet, potencia o afastamento do pensamento profundo, da seriedade e mesmo da responsabilidade.
Uma das consequências desta evolução é claramente o desaparecimento progressivo de um quadro genericamente aceite de referências éticas e, portanto, do próprio sentimento pessoal de vergonha.
O sucedido há poucos dias, aquando da condenação de uma presidente de Câmara por três actos ilícitos, é bem a prova do que acima fica dito.
A senhora, ao ser proferida a sentença, apresentou-se como uma vencedora, porque não foi para a cadeia. Para ela, o único problema era esse. Como a vergonha desapareceu por completo do quadro mental, o que resta é a sanção judicial: não havendo prisão, ainda que haja condenação, o sentimento pessoal é de vitória e é isso que é transmitido.
Pior ainda, o tratamento dado ao caso pela comunicação social vai no mesmo caminho.
Uma sociedade que promove o desaparecimento do sentimento da vergonha, substituindo-o pela fria decisão judicial, vai por maus caminhos e só pode esperar um mau fim.
Publicado no Diário de Coimbra em 24 de Novembro de 2008
sábado, 22 de novembro de 2008
A prisão de um banqueiro
Aqui há uns anos foi preso um banqueiro em Espanha: Mário Conde.
É irresistível a comparação. O banqueiro espanhol era altivo, mesmo arrogante, vestia-se bem, andava bem acompanhado e viveu o melhor possível enquanto durou.
O banqueiro português é exactamente o contrário, mais parecendo um humilde caixa do banco a que presidia.
Obviamente que esta situação do BPN é extremamente séria e merece que todos dediquemos a maior atenção aos diversos aspectos que encerra. Mas às vezes, o que parece é.
Emmylou Harris
Aqui fica:
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