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terça-feira, 31 de março de 2009
Educação sexual
Índice de partos verificados por 1.000 raparigas entre os 15 e os 19 anos, no chamado mundo desenvolvido:
1º lugar: Estados Unidos da América: 42,5
2º lugar: Reino Unido: 26,7
3º lugar: Portugal: 16,8
Curiosamente este problema. que é gravíssimo, tem passado ao lado das preocupações do Ministério da Educação e das Associações de Pais. Porque será?
segunda-feira, 30 de março de 2009
REPRESENTAÇÃO POLÍTICA
Na realidade, o processo de escolha dos candidatos a deputados da Assembleia da República decorre inteiramente no interior dos partidos, em função de quem foi ganhando as eleições internas para os diversos órgãos. Depois, as listas propostas aos eleitores em cada distrito são fechadas e bloqueadas, e contêm apenas os nomes dos partidos e respectivas siglas, sem que haja indicação dos nomes dos candidatos propostos. Desta forma, os eleitores não têm possibilidade de concretizar preferências, por exemplo pela eventual eliminação de alguns nomes, ou, muito pelo contrário, pela escolha explícita de outros. A proximidade relativa entre eleitos e eleitores é assim esbatida pela votação em listas sobre o conteúdo das quais não há qualquer influência.
Por outro lado, os deputados eleitos passam a fazer parte do grupo parlamentar do seu partido. Estes grupos têm, como bem sabemos, um regulamento, no qual se definem, entre outras coisas, as regras de participação nos debates parlamentares. A consequência desta regra é que as próprias votações parlamentares acabam por ser, em regra, feitas por partidos, evitando-se mesmo a contagem nominal dos deputados. Só em raras excepções é dada liberdade de uso da palavra, e mesmo de voto. Significa isto que na Assembleia da República existem partidos com determinada percentagem de representatividade definida pelos resultados eleitorais, e não deputados directamente responsabilizáveis pelos eleitores.
É, pois, absolutamente verdadeira a asserção de que os deputados representam na realidade os seus partidos, e não os eleitores. Que consequências tirar deste desvio?
Temos uma Assembleia da República que não é mais do que a casa dos partidos com representação parlamentar, e não a casa da Democracia. Se os partidos são essenciais para a democracia, é porém certo que não a esgotam.
Outra consequência directa é o surgimento de um grande número de deputados com fraca qualidade que se movimentam exclusivamente no interior dos partidos, sabendo que nunca terão que prestar contas públicas da sua prestação parlamentar.
Outra consequência, também negativa, é o afastamento cada vez maior entre deputados e eleitores, generalizando-se a sensação de que os eleitos funcionam em circuito fechado, não atendendo aos reais problemas dos portugueses. Não é preciso mais para se concluir que uma reforma política profunda que aproxime os eleitores dos seus representantes e limite o papel das direcções partidárias é cada vez mais necessária.
Publicado no Diário de Coimbra em 30 de Março de 2009
domingo, 29 de março de 2009
Estimativas eleitorais
Marktest, 17-21 Março:
PS: 36,7% (38,2%)
PSD: 28,4% (28,8%)
BE: 12,6% (14,0%)
CDS-PP: 9,4% (4,1%)
CDU: 8,9% (10,6%)
Nesta semana o CDS terá recolhido sozinho os votos perdidos pelos outros partidos, incluindo PSD.
sábado, 28 de março de 2009
sexta-feira, 27 de março de 2009
quinta-feira, 26 de março de 2009
Magellan desease
Pelos vistos o ministério da Educação desconfia que alguém anda a dar ao "computador" Magalhães um fim diferente do previsto, isto é, andarão a ser vendidos na candonga, imagina-se que ao desbarato. Nada que não se tivesse previsto em devido tempo. Quando começou a distribuição dos Magalhães à borla ou a baixo preço (subsidiado sabe-se lá por quem), logo disse que gostava de saber quantas máquinas continuariam com o mesmo dono daí a quatro meses. Meu dito, meu feito. Vem agora o ministério descobrir a nova figura do "bufo magalhães" , desafiando quem souber de casos destes às autoridades, sejam elas quem forem...Já não há pachorra para as histórias relacionadas com esta história( escolha do fabricante, Chavez, Cabo Verde, etc.)
Mais nada
«O anúncio da RTP à principal rádio do Estado, a Antena 1, tinha uma mensagem claramente política, sendo absolutamente evidente o seu ponto de partida contra manifestações antigoverno. Está tudo tão errado neste caso que é difícil resumir todos os erros. O horror começa na agência publicitária BBDO. Para criar um anúncio de promoção da rádio de “proximidade”, inventou um diálogo entre um imaginário ouvinte, o “Rui”, com uma nada imaginária Eduarda (Maio), subdirectora de Informação da Antena 1 e uma das principais vozes desta estação do Estado na qualidade de “jornalista”. O anúncio é político. O “Rui” está no carro, no meio do trânsito; Maio diz que a emissão passará dentro em pouco para o debate da tarde no parlamento. A cena passa-se às 11h23, o que torna o anúncio errado em termos da sua própria realidade (não tem havido manifestações de manhã). Maio dirige-se ao “Rui” dizendo-lhe para não seguir por certa rua, cortada por causa duma manifestação. O “Rui” não sabia. Subentenda-se: ele é o cidadão que não liga a “politiquices”, só quer ir trabalhar (enfim, às 11 e meia da manhã), é para quem o governo trabalha, enquanto a manifestação está “contra” o Rui, contra quem trabalha. O “Rui” pergunta: “E desta vez é contra quê?” Nota-se no texto um a priori contrário a manifestações de oposição ao poder instalado, pois não sendo obrigatório que as manifestações sejam “contra”, o texto posto na boca do “Rui” e de Maio aponta para aí. Isto é, autores e intérpretes assumem uma posição contra as manifestações e, por arrasto, a favor do governo, o alvo das manifestações “contra”. Mais grave é a resposta de Maio: “pelos vistos é contra si”. Acrescentando depois: “contra quem quer chegar a horas”. Isto é, a jornalista Eduarda Maio, subdirectora de Informação da Antena 1, declara que manifestações contra o governo são contra os cidadãos. O texto em off também é incrível, dado que, depois deste diálogo opinativo, fala dele como indicador de que a Antena 1 dá a “actualidade” informativa. A gravidade deste anúncio é enorme, residindo em especial no facto de o anunciante ser uma estação pública, paga pelos contribuintes e dependendo do governo. O anúncio é não só anticonstitucional no seu teor contra as manifestações, como disseram os provedores da rádio e TV da RTP, como, pior ainda, é a favor do governo. O anúncio é protagonizado por uma jornalista que é, para cúmulo, uma das responsáveis da estação. É gravíssimo que Eduarda Maio tenha dado voz a este anúncio, aceitando o seu teor. A sua desculpa posterior (limitou-se “à leitura em estúdio de alguns textos”!) é vergonhosa. O anúncio é eticamente inaceitável para qualquer jornalista e, em especial, duma estação pública. O reclame foi visto e aprovado pelos responsáveis da rádio e da TV, ninguém levantou qualquer problema ao conteúdo do anúncio, pelo contrário, todos aprovaram um anúncio claramente político, contra manifestações e de tom favorável ao governo. É inacreditável e inaceitável o comportamento da BBDO, de Eduarda Maio, da direcção de Informação, da direcção de Programas da RDP, da RTP no conjunto. Marina Ramos, ex-jornalista e agora porta-voz da RTP, limitou-se a dizer que o anúncio promovia um género de programas e que foi aprovado. Parece que estamos numa ditadura, em que as pessoas fingem que não pensam, engolem, e apresentam-se como não responsáveis pelos seus actos. Só depois de os provedores, Paquete de Oliveira e Adelino Gomes, proferirem um comentário devastador para o anúncio, a Administração da RTP o mandou retirar de antena. Segundo li, Eduarda Maio ainda veio acusar o Público de “manipulação” (!) por ter ilustrado uma notícia sobre o caso com uma foto do lançamento do seu livro panegírico de inesquecível título, “O Menino de Ouro do PS”. Como se fosse possível dissociar a Eduarda Maio que é responsável numa estação do Estado (e do Governo) da Eduarda Maio que faz um anúncio contra os adversários do governo e da Eduarda Maio que fez um livro de pura propaganda do chefe do governo. O mais grave de tudo? Isto ter sido possível num regime democrático e ter como protagonistas jornalistas, ex-jornalistas, publicitários que deveriam ser cuidadosos e dirigentes empresariais que costumam ter cuidado com as matérias políticas. E foi possível devido ao ambiente de sufoco das liberdades, de acção continuada e extensíssima de uma central de propaganda do governo, e à cumplicidade, anestesia, medo ou complacência da classe jornalística nos media dos Estado. Só após quatro anos de um governo inimigo da imprensa livre e fautor da mais massiva propaganda do pós 25 de Abril, um anúncio destes pôde chegar à TV do Estado. Uma coisa assim não acontecia desde 1975. É uma lição sobre o ponto a que pode chegar, numa democracia, a propaganda e a “engenharia das almas” do tipo fascista.»