segunda-feira, 17 de maio de 2010

FACTURA MENSAL DE ELECTRICIDADE


O leitor sabe o que está a pagar todos os meses quando paga a sua factura à EDP?

Com uma grande probabilidade de acertar, direi que na verdade não sabe, embora pense que está simplesmente a pagar a electricidade que consome. Pois saiba que nao: de facto, paga muitas outras coisas mais, que tem toda a vantagem em conhecer. Já que é obrigado a pagar sem poder negar-se a fazê-lo, deve pelo menos saber para onde vai o seu dinheiro.

Na realidade, cada euro que pagamos na nossa factura eléctrica mensal distribui-se da seguinte forma: 31 cêntimos pagam a energia eléctrica e o seu fornecimento, 27 cêntimos pagam o uso das redes e gestão do sistema, e finalmente 42 cêntimos pagam subsídios a diversas entidades.

A ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos) deveria servir para criar condições concorrenciais às empresas que teoricamente nos poderiam fornecer electricidade em situação de sã concorrência. Claro que, na realidade, o fornecimento de electricidade às nossas casas é um monopólio bem conhecido, em que actuam a REN e a EDP com condições tarifárias definidas administrativamente. Reside aliás aqui a razão de quem protesta contra os prémios das administrações destas empresas que prestam os seus serviços a preços que, na prática, são tudo menos concorrenciais. Embora esta sua função seja praticamente inexistente, ao menos a ERSE serve para sabermos exactamente para onde vai o dinheiro que os consumidores pegam na sua factura eléctrica.

Pelo relatório anual da ERSE, ficamos a saber que aqueles 42% da nossa factura mensal são a parte que todos nós temos que pagar para os chamados CIEG (Custos de Interesse Económico Geral). Por exemplo, daqueles 42 cêntimos que referi, 6,51 cêntimos destinam-se a pagar a chamada PRE (Produção em Regime Especial). Corresponde à subsidiação de preços para a produção de energia eólica (sim, aqueles moinhos que agora enchem os cumes dos nossos montes), da co-geração (renovável e não renovável), da energia fotovoltaica (por exemplo aquela famosa central da Amareleja) e outras renováveis residuais.

Numa altura em todo o país começa finalmente a ter consciência da situação económica do país, é conveniente conhecermos os pesos que a economia tem em cima, e que dificultam ou impossibilitam a sua recuperação, porque lhe introduzem à partida custos adicionais que, comparativamente, lhe retiram competitividade.

O custo da energia é um desses pesos. Na realidade, num país rico e provavelmente com excedentes de balança comercial, faria sentido investir em energias renováveis que eventualmente poderiam trazer vantagens competitivas num cenário hipotético de combustíveis fósseis raros e muito caros. Num país em que as empresas lutam desesperadamente por um lugar ao sol, tentando competir com economias mais baratas, colocar-lhes uma canga em cima é tudo menos apoiá-las, e é isso que sucede com os custos da electricidade em Portugal. Só para comparar, o preço de referência espanhol de compra de energia eólica em Espanha anda pelos 26 euros por MWh, enquanto em Portugal varia entre 92 e 72 MWh nos últimos contratos. Não admira que haja por aí tanta gente interessada em colocar moinhos por tudo o que é monte.

Agora que ao PEC sucede o PEC2, com todo um rol de sacrifícios para todos os contribuintes, bom seria que esta questão da energia, essencial para a vida económica, fosse devidamente reavaliada em função do interesse de todos nós e de supostas vantagens futuras que poderão ou não surgir.

Publicado no Diário de Coimbra em 17 de Maio de 2010

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Silva Lopes ao DN

O Governo tinha alternativa?

Não! O problema é que se não tomássemos essas medidas não conseguiríamos financiamento externo. Isso seria o desastre completo, uma catástrofe garantida. Estes sacrifícios são o menor dos males que temos de encarar. Mas não vale a pena enganar as pessoas e dizer que se consegue isto e o crescimento económico ao mesmo tempo.


"Portugal e Espanha apresentam livro da candidatura aos Mundiais 2018/2022"

Quem pára isto já?

via Publico.pt - Geral em 14/05/10
Portugal e Espanha apresentam esta sexta-feira na FIFA o livro da candidatura ibérica à organização .

quarta-feira, 12 de maio de 2010

BENTO XVI


«um povo, que deixa de saber qual é a sua verdade, fica perdido nos labirintos do tempo e da história»

segunda-feira, 10 de maio de 2010

TEMPOS DIFÍCEIS

As últimas semanas têm vindo a revelar dificuldades acrescidas para o país, com possíveis consequências graves para o futuro. Já não se fala apenas do futuro longínquo, mas do futuro imediato.

As dificuldades da Grécia estão a espalhar-se de uma forma que parece difícil de conter, colocando o nosso país na primeira linha dos países que poderão vir rapidamente a confrontar-se com uma situação semelhante.

Está na moda acusar as “agências de rating”, como se fossem elas as causadoras da actual situação. É mais uma vez a tendência de matar o mensageiro, em vez de enfrentar o problema. Claro que as “agências de rating” já falharam algumas vezes, mas isso não significa que não tenham um papel importante; o facto de as suas análises terem como consequência o aumento do custo da nossa dívida soberana deve-se aos nossos próprios problemas, e nao à sua exposição pública. Todos os investidores internacionais precisam de quem faça o trabalho de analisar o verdadeiro valor dos papéis que circulam, como é o caso das obrigações emitidas pelos países para financiarem as suas actividades. A ideia peregrina de criar uma “agência de rating” europeia que utilizasse critérios de análise diferentes e que portanto fosse mais "simpática" para países em dificuldades seria apenas ridícula, se não fosse mesmo perigosa pelo que revela de ignorância ou mesmo vontade de manipular os mercados, por parte de quem a propõe.

Os nossos verdadeiros problemas têm a ver com uma dívida externa muito alta, mas também com um crescimento anémico ao longo de toda a última década, com um Estado gastador em excesso e com falta de competitividade externa. A própria Grécia cresceu na última década cerca de três vezes mais do que Portugal. Na realidade, em termos de crescimento médio anual, a última década só tem paralelismo com outra década na nossa história económica recente, que foi a década de 1911/1920, sendo conveniente ter este dado bem presente, antes de atirarmos pedras a quem dá as más notícias.

O valor excessivo do euro face à nossa capacidade económica, associado à falta de reforma do nosso sistema produtivo e ainda à existência de sobrecustos artificiais sobre a economia, está a ter um efeito corrosivo permanente na nossa afirmação económica no exterior.

É voz corrente que o país está a viver pelo menos dez por cento acima das suas possibilidades. Isto é, todos os anos nos endividamos em cerca de dez por cento do que produzimos, para pagar o que gastamos, e esta situação vai-se acumulando.

A situação está muito perigosa e exige não só sangue frio e coragem dos diversos responsáveis políticos, como também uma grande dose de bom senso e disponibilidade para encontrar respostas adequadas às novas situações que surgem todos os dias. O conceito de desenvolvimento sustentável não poderá ser deixado apenas para o ambiente em termos restritos, devendo ter em conta a evolução da economia que se reflectirá de forma muito séria na qualidade de vida das próximas gerações.

Publicado no Diário de Coimbra em 10 de Maio de 2010

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Europa - ora vejamos quem deve a quem...


via Corta-fitas de Pedro Quartin Graça em 03/05/10

Fonte: New York Times, edição de 1 de Maio


SEGURANÇA RODOVIÁRIA, PRECISA-SE


Se há algum sector em que Portugal melhorou sensivelmente nos últimos anos é o da sinistralidade rodoviária. O número de acidentes e, principalmente os números de mortos e de feridos graves, são hoje em dia muito inferiores ao que se verificava há uns vinte anos. As causas são diversas, mas podemos salientar a melhoria geral das estradas e a renovação da frota automóvel.

O outro factor clássico para a definição das condições de segurança rodoviária é o comportamento dos condutores. Quanto a isso, não se sente que haja uma grande melhoria, em grande parte porque quem circula pela estrada raramente sente a presença dissuasora das forças policiais, a não ser para controlar a velocidade excessiva.

Tendo as estradas melhorado sensivelmente desde a nossa entrada na actual União Europeia, há no entanto muitas situações que necessitam de atenção urgente por parte das autoridades que superintendem nas estradas.

As estradas, mesmo quando de construção ou beneficiação recente, necessitam de manutenção. Em particular, no que diz respeito à sinalização, a falta de manutenção das pinturas e de substituição imediata de sinais de trânsito degradados ou desaparecidos é motivo de muitos acidentes, por vezes de grande gravidade. Em alerta publicado há poucos dias, a Associação Portuguesa de Sinalização e Segurança Rodoviária estima mesmo que entre 20 a 30 por cento dos acidentes rodoviários sejam provocados pela má sinalização.

É notória e frequente a falta de conhecimento prático e de experiência por parte de muitos projectistas de estradas. Em consequência, surgem situações pontuais de falta de segurança em que os automobilistas se encontram de repente perante situações que fogem ao “ambiente” rodoviário em que circulam, obrigando a manobras que deviam ser desnecessárias. Mesmo a própria fiscalização da construção das estradas deixa muito a desejar. A perda da experiência e do conhecimento tácito acumulado durante muitas dezenas de anos pelos técnicos da antiga JAE ajuda a explicar boa parte destas situações e é de lamentar.

Entrou ao serviço há poucos meses em Coimbra uma infra-estrutura rodoviária que é bem o paradigma do que acima escrevi.

A “rotunda do Almegue” junto à Escola Superior Agrária de Coimbra parece acumular todos os erros de projecto e de execução que se possam imaginar. A sua geometria e a própria dimensão dificultam aos automobilistas a percepção de que se trata de uma rotunda. As inserções das diversas vias são feitas com ângulos desadequados. A variação do número de vias é permanente, impossibilitando uma sinalização horizontal coerente que ajude de facto à orientação dos automobilistas. Por fim, a diferença de cotas entre as vias de acesso e da própria rotunda impede uma boa percepção visual de quem circula.

Há muitos anos que defendo uma entidade reguladora para as estradas, que proteja de facto a segurança dos seus utentes e impeça asneiras e disparates na construção das estradas. De facto, nem a Estradas de Portugal nem boa parte dos Municípios são capazes de garantir, quer a qualidade exigível de projectos e sua correcta execução, quer a necessária manutenção para que continuem ao serviço nas condições mínimas de segurança de circulação rodoviária.

Publicado no Diário de Coimbra em 3 de Maio de 2010

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Behaviour of the sexes: The hormone of laddishness


Oestrogen, not testosterone, is what makes a male act like a male

IN ALL species that practise sexual reproduction, males and females show gender-specific behaviours. These range from the way they mate to the way they defend—or fail to defend—their territory. Both males and females start out with the same template at birth, but then something acts on the male to masculinise him for life. But nobody knows just how that happens.

It is well known that sex hormones like oestrogen, which is typically seen as a female hormone, and testosterone, similarly seen as a male one, play a role in shaping the neural circuits in the developing brain, and that much of that moulding takes place before birth. It has also been established that testosterone, as well as being a fully functional hormone in its own right, can be (and often is) converted into oestrogen in the body. ..

terça-feira, 27 de abril de 2010

Bolsa perde 5,36% após descida do rating


via Expresso em 27/04/10
A agência de rating Standard & Poor's desceu a notação de risco de Portugal, com receios de que o país não consiga pagar a sua dívida. O risco de incumprimento aumentou para o nível mais elevado de sempre.


DE MAL A PIOR

Do Diário Económico:

Tal como Económico antecipou em primeira mão, a S&P acaba de reduzir a notação da dívida portuguesa em dois níveis, de 'A+' para 'A-'.

Trata-se da pior classificação desde a primeira classificação da S&P para Portugal, em 1992, ainda no tempo do escudo, segundo dados da Bloomberg.

Tão negativo quanto isso é o aviso da agência de notação financeira de quer poderá voltar a cortar a classificação da dívida portuguesa se o défice e a dívida nacional derem sinais de descontrolo.

"O 'downgrade' de dois níveis reflecte o nosso entendimento de que Portugal enfrenta riscos orçamentais acrescidos", justifica Kai Stukenbrock, da S&P, uma das mais poderosas agências de notação financeira.

A nova classificação da dívida portuguesa, de 'A-' significa que Portugal é tido como segundo país mais arriscado pela zona euro, deixando de estar ao mesmo nível de Chipre, Itália e Eslováquia. Pior que Portugal só a Grécia, que tem um 'rating' de 'BBB+'.

O 'rating' funciona como uma espécie de cartão de visita quando um Estado ou uma empresa procura financiamento nos mercados internacionais. Quando mais baixo for a classificação atribuída pelas agências, mais caro sairá a emissão de dívida.