sábado, 10 de julho de 2010

Tour

Hoje entra-se nos Alpes: começa o Tour a sério.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Tour


À partida para a 6ª etapa (hoje) entre Montargis e Guegnon com 227,5 km, a classificação dos primeiros é a seguinte:
1º - Cancellara
2º - Thomas
3º - Evans
4º - Hesjedal
5º - Chavanel
6º - Schleck
7º - Hushovd
8º - Vinokourov
9º - Contador
10º - Van Den Broeck

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Claro!

Para não nos esquecermos nunca, Santana Lopes respondeu ao jornalista quando perguntado sobre se faria a mesma coisa quanto à chamada "golden share" da PT: Claro!
Não há mesmo volta a dar.

Tour

À partida para a 5º etapa (hoje) entre Épernay e Montargis com 187,5 km, a classificação dos primeiros é a seguinte:
1º - Cancellara
2º - Thomas
3º - Evans
4º - Hesjedal
5º - Chavanel
6º - Schleck
7º - Hushovd
8º - Vinokourov
9º - Contador
10º - Van Den Broeck


quarta-feira, 7 de julho de 2010

Tour

À partida para a 4º etapa (hoje) entre Cambrai e Reims com 153,5 km, a classificação dos primeiros é a seguinte:
1º - Cancellara
2º - Thomas
3º - Evans
4º - Hesjedal
5º - Chavanel
6º - Schleck

segunda-feira, 5 de julho de 2010

MORREU O SR. SWATCH


Uma das frases mais escritas nestes tempos de dificuldades que parecem nunca mais ter fim é que “as crises representam também oportunidades”.
Na realidade é mesmo verdade que as crises trazem oportunidades dentro de si. O que é preciso é génio para detectar essas oportunidades, agarrá-las como deve ser e transformar em ouro brilhante o que parecia chumbo. A grande questão é que os mesmos dirigentes políticos que cometeram tantos disparates por essa Europa fora nos últimos anos, dificilmente serão capazes de detectar as tais oportunidades por estarem demasiado dentro dos problemas, quando não são eles próprios o problema.
Na semana passada morreu um desses génios: Nicolas Hayek. A indústria relojoeira suíça foi sempre um dos símbolos de realização técnica e de organização daquele país. Recorda-se que, apesar de não dispor de recursos naturais, a Suíça esteve sempre na vanguarda da qualidade dos seus produtos. Todos os materiais componentes dos relógios são importados pela Suíça. O mesmo sucede aliás, com o cacau com que os suíços produzem algum do melhor chocolate do mundo.
A evolução tecnológica dos anos sessenta e setenta do século passado parecia ter ditado o fim anunciado de toda a indústria relojoeira suíça. De facto, os novos relógios movidos a quartzo, bem mais baratos que os mecânicos suíços e proporcionando uma maior precisão, constituíam uma ameaça mortal para toda uma indústria histórica que parecia ultrapassada pela evolução tecnológica e comercial.

A situação da indústria relojoeira tornou-se nessa altura verdadeiramente aflitiva, com dívidas gigantescas, o que em 1980 levou um grupo de bancos suíços a contratar um consultor financeiro com formação científica profunda nas áreas da física e da matemática, com o objectivo de tentar salvar o que fosse possível daquela indústria. Em boa hora o fizeram. Nicolas Hayek pegou nas armas da ameaça e usou-as para salvar a indústria tradicional. Inventou o SWATCH, cujo nome aponta logo para relógio suíço, um relógio de quartzo tecnologicamente evoluído, com uma construção optimizada com menos cinquenta peças que os outros o que permite um preço mais favorável e, acima de tudo, com uma caixa de plástico colorido que permite todas as variações de design. Com uma campanha de marketing extremamente bem montada, colocou o mundo inteiro a comprar colecções sucessivas desses relógios baratos e bonitos, que se transformaram em objectos de culto, ultrapassando a simples funcionalidade de dar as horas. Os relógios vindos do Japão transformaram-se de repente nuns objectos feios, nada apelativos e, ainda por cima, mais caros que os Swatch.
Até hoje venderam-se mais de 500 milhões de relógios Swatch. Este gigantesco sucesso comercial serviu de locomotiva a toda a indústria relojoeira suíça, que recuperou da agonia em que se encontrava. O grupo Swatch possui hoje marcas como a Omega, a Blancpain, a Breguet, a a Glashütte e a Jacket Droz, mas também a Longines, a Tissot e a Hamilton entre outras.
Todo o resto da indústria relojoeira suíça beneficiou, fabricando e vendendo peças de enorme valor acrescentado por todo o mundo. Como entretanto já muita gente percebeu que a precisão dos relógios de quartzo é absolutamente irrelevante para o nosso dia-a-dia e que quando a pilha acaba são objectos sem qualquer utilidade, abriu-se todo um mundo de novas oportunidades para a tradicional indústria relojoeira suiça.
Nestes tempos conturbados em que vivemos, este é um sucesso a ter em conta, porque mostra que com imaginação, trabalho e profundo conhecimento da área, se podem transformar as armas do “inimigo” em vantagens próprias, permitindo sair por cima de situações que antes pareciam becos sem saída.


Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 5 de Julho de 2010

segunda-feira, 28 de junho de 2010

CARAVAGGIO



Roma é uma cidade magnífica que no mesmo espaço geográfico alberga várias cidades de diferentes épocas, a merecer visita cuidada por cada uma delas: a antiga capital do Império Romano, com os seus monumentos, ruínas e memórias um pouco espalhadas por toda a cidade, mesmo nos locais mais improváveis, sem esquecer os vestígios anteriores, dos Etruscos; a cidade que alberga a capital da cristandade, com toda a História da Igreja Católica desde os primeiros cristãos, do Vaticano e Praça de S. Pedro, às magníficas Igrejas e conventos; a cidade do Renascimento, com as obras de Miguel Ângelo, Rafael e Cellini entre outros, com os palácios, pinturas e esculturas espantosos, da Capela Sistina à própria Basílica de S. Pedro; a cidade do Barroco de Bernini, Borromini, Nicola Salvi e a Fontana de Trevi e ainda Caravaggio; finalmente, a cidade da actualidade, com toda a vida artística, da moda ao cinema, e o somatório de todas as outras.
Muitos dos artistas ligados a Roma ficaram conhecidos desde que fizeram as suas obras. Tal não aconteceu com Caravaggio que só se tornou conhecido há pouco mais de cem anos, apesar de se comemorarem este ano 400 anos sobre a sua morte. Encerrou há poucos dias, precisamente em Roma, junto ao palácio do Quirinal, a maior exposição de sempre de obras deste pintor, que teve uma afluência de público gigantesca. Apesar de ter morrido com apenas 39 anos, Caravaggio teve uma uma influência extraordinária na pintura, tendo ainda hoje as suas telas uma contemporaneidade invulgar. A sua técnica de utilização de luz, aliada a um realismo da forma humana invulgar para a época, bem como a utilização de modelos da vida real e vulgar que ele bem conhecia para representar as figuras clássicas do cristianismo, trazem para as suas pinturas uma crueza mas também humanidade que até então eram desconhecidas.
A sua obra encontra-se distribuída por vários locais, mas em Roma basta entrar numa série de Igrejas para descobrir o mundo da sua pintura que ainda hoje nos deixa impressionados e esmagados pela sua intensidade. Na Igreja de S. Luís dos Franceses pode-se apreciar o tríptico dedicado a S. Mateus: Vocação, Martírioe e S. Mateus e o Anjo. Na Basílica de S. Agostinho, a Madona do Loreto. Em S. Maria del Popolo, a Conversão de S. Paulo e a Crucifixão de S.Pedro. Também na Galeria Borguese está David com a cabeça de Golias e na Galeria Doria Pamphili o lindíssimo Descanso da Fuga para o Egipto.
Nesta comemoração dos 400 anos da morte de Caravaggio, lembra-se um homem que viveu muito e depressa, sempre em conflito com tudo e com todos. Mas lembra-se sobretudo um artista que usou de forma sublime a sua capacidade artística para representar as cenas clássicas do cristianismo a que pertencia, de uma forma verdadeiramente humana e não artificial, alterando para sempre a forma de arte que assumiu como sua.

Publicado no Diário de Coimbra em 28 de Junho de 2010

segunda-feira, 21 de junho de 2010

SOLSTÍCIO DE VERÃO

Como se sabe, ocorre hoje o solstício de Verão, que corresponde ao ponto de viragem astronómico em que a eclíptica se afasta mais do equador celeste ou, de forma mais comum, o Sol atinge o ponto mais alto sobre o horizonte. A partir de hoje a duração dos dias começa a diminuir até ao próximo solstício, o do Inverno. Mais uma lei da Natureza que qualquer radicalismo humano nunca conseguirá mudar, por mais fracturante que se queira ser. Felizmente podemos contar com leis da Natureza que já existiam antes do Homem e continuarão muito depois de a Humanidade terminar a sua História.

Já o mesmo não se pode dizer infelizmente, das chamadas ciências sociais, como as que têm a ver com a economia e a nossa organização social e política que, na realidade têm muito pouco de científico.

A actual crise económica que hoje é uma crise do euro foi prevista por muita gente durante anos, gente essa considerada iconoclasta e ignorante pelos grandes especialistas e mesmo cientistas da economia. Hoje em dia é fácil perceber que meter no mesmo saco diferentes economias como a alemã, a francesa, a grega, a espanhola e a portuguesa só podia mesmo dar mau resultado, principalmente por não terem sido construídos mecanismos de compensação, deixando à solta a possibilidade de financiamento externo a cada país e possibilitando os endividamentos que hoje se conhecem.

O leitor lembra-se de no início do Euro, nas eleições de 1995, o então candidato a primeiro-ministro António Guterres se ter atrapalhado cá em Coimbra com uns números relativos a despesa pública e crescimento do PIB? Na altura gozou-se muito com a atrapalhação de Guterres com os números, mas a questão principal não era essa, até porque Guterres sempre foi muito bom em matemáticas e atrapalhações com contas em público acontecem a qualquer um. A questão principal era o raciocínio que lhe estava subjacente. Guterres explicava que a despesa orçamental poderia subir bastante porque a economia estava a crescer e esse facto dava margem para o Estado gastar mais. E a verdade é que nos anos seguintes o Estado gastou cada vez mais, mesmo com recurso a crédito que parecia ilimitado e barato para sempre. O Estado gastou, endividou-se e levou toda a sociedade a endividar-se porque nunca mais haveria problemas com falta de dinheiro. Foi também nessa altura que se inventaram as SCUTs, o leitor está recordado? O ministro João Cravinho contra toda a evidência comum, provava com estudos económicos feitos pelos maiores especialistas que as SCUTs se pagariam a sim mesmas pelo acréscimo de produção económica do país que iriam gerar só por serem construídas. Viu-se; claro que esses especialistas virão agora explicar calmamente que os pressupostos dos estudos não se verificaram e que portanto não têm qualquer responsabilidade na tragédia que foram esses investimentos (menos para os construtores, claro está). Dava jeito é que esses pressupostos tivessem na altura sido divulgados e explicados ao povo eleitor e pagante de impostos.

Como na Astronomia, o solstício de Verão da nossa economia passou e agora aproxima-se inexoravelmente o solstício de Inverno, sem que ninguém assuma o papel de explicar devidamente aos portugueses o que se está verdadeiramente a passar. Não basta que venha o Presidente da República agora dizer apocalipticamente, mas também de forma algo encriptada, que Portugal chegou a uma “situação insustentável”. É preciso saber o problema que temos, para podermos discutir como o resolver.

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 21 de Junho de 2010