quarta-feira, 14 de julho de 2010

TOUR


A etapa de hoje foi ganha por Sérgio Paulinho! Desde 1989 (Acácio da Silva) que nenhum português ganhava uma etapa do Tour.

Haja festa.
(imagem retirada de sapo.pt)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

SEGURANÇA RODOVIÁRIA

Já por diversas vezes abordei nestas crónicas a questão da segurança rodoviária, nas suas diferentes vertentes.

A ocorrência recente de um trágico acidente na nossa cidade, num local em que as condições de segurança de circulação não são de facto as melhores leva-me, de novo, a abordar este tema.

Sabe-se que para além do comportamento dos utentes das vias, sejam eles automobilistas, motociclistas ou peões e das condições externas que se verificam em cada momento, as próprias vias são cruciais para a segurança da circulação rodoviária. Essa segurança depende de muitos factores, quase todos de ordem técnica, incluindo a manutenção dos pisos e da sinalização.

Como é evidente, a maior parte dos utentes das vias não tem formação técnica que lhes permita ter uma percepção clara das inconsistências de projecto ou de construção das vias, nem é suposto que a tenha. Por isso mesmo, as vias devem proporcionar um ambiente rodoviário que facilite a rápida percepção da envolvência, não devendo esse ambiente ser alterado radicalmente em determinados pontos. No entanto, é fácil verificar a existência de muitos locais com elevada perigosidade para os utentes, apenas por causa das condições da via.

O próprio Plano Nacional de Prevenção Rodoviária de 2003 referia já a existência de "infra-estruturas rodoviárias com deficiências de vária ordem nas diferentes fases do respectivo ciclo de vida, nomeadamente no que respeita a inconsistências a nível de projecto, a falta de qualidade na construção…". Aquele Plano apontava também para a necessidade da criação de uma entidade reguladora para a qualidade das infra-estruturas rodoviárias e da elaboração de um manual de regras obrigatórias a seguir em projecto, necessidades essas que eu próprio já referi nestas linhas, por mais que uma vez. Essas regras são necessárias e urgentes para todas as vias rodoviárias, desde as auto-estradas às ruas urbanas, a fim de proibir aquela "imaginação" e capacidade de desenrascanço tão portugueses, através da invenção de "novas soluções" que amiúde dão maus resultados e garantir uma qualidade mínima dos projectos. Dever-se-ão ainda evitar aquelas situações que todos conhecemos em que o Estado, aos seus diversos níveis, se desresponsabiliza dos erros através da simples colocação de sinalização a limitar drasticamente a velocidade: isso poderá ser uma solução provisória mas nunca definitiva, substituindo as obras de correcção dos defeitos.

Em Coimbra é fácil verificar a existência de vários locais em que as infra-estruturas viárias são por si mesmas perigosas, quer em vias de responsabilidade municipal, quer em vias cuja competência é do Instituto de Estradas, apontando-se desde logo, por exemplo, os acessos da Ponte Rainha Santa em ambas as margens (a rotunda ao pé do Hotel D. Luís é todo um programa), a nova rotunda do Almegue, a Av. Gouveia Monteiro em boa parte da sua extensão e a Avenida da Guarda Inglesa.

Em termos locais, não ficará nada mal aos municípios que elaborem uma carta de pontos negros rodoviários permitindo projectar e programar as acções de correcção necessárias. Sabe-se que algumas delas acarretarão despesas consideráveis que serão no entanto perfeitamente justificadas e mesmo necessárias face a outras bem menos prioritárias, tendo em conta a gravidade e consequências dos acidentes que aí se verificam.

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 12 de Julho de 2010

sábado, 10 de julho de 2010

Tour

Hoje entra-se nos Alpes: começa o Tour a sério.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Tour


À partida para a 6ª etapa (hoje) entre Montargis e Guegnon com 227,5 km, a classificação dos primeiros é a seguinte:
1º - Cancellara
2º - Thomas
3º - Evans
4º - Hesjedal
5º - Chavanel
6º - Schleck
7º - Hushovd
8º - Vinokourov
9º - Contador
10º - Van Den Broeck

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Claro!

Para não nos esquecermos nunca, Santana Lopes respondeu ao jornalista quando perguntado sobre se faria a mesma coisa quanto à chamada "golden share" da PT: Claro!
Não há mesmo volta a dar.

Tour

À partida para a 5º etapa (hoje) entre Épernay e Montargis com 187,5 km, a classificação dos primeiros é a seguinte:
1º - Cancellara
2º - Thomas
3º - Evans
4º - Hesjedal
5º - Chavanel
6º - Schleck
7º - Hushovd
8º - Vinokourov
9º - Contador
10º - Van Den Broeck


quarta-feira, 7 de julho de 2010

Tour

À partida para a 4º etapa (hoje) entre Cambrai e Reims com 153,5 km, a classificação dos primeiros é a seguinte:
1º - Cancellara
2º - Thomas
3º - Evans
4º - Hesjedal
5º - Chavanel
6º - Schleck

segunda-feira, 5 de julho de 2010

MORREU O SR. SWATCH


Uma das frases mais escritas nestes tempos de dificuldades que parecem nunca mais ter fim é que “as crises representam também oportunidades”.
Na realidade é mesmo verdade que as crises trazem oportunidades dentro de si. O que é preciso é génio para detectar essas oportunidades, agarrá-las como deve ser e transformar em ouro brilhante o que parecia chumbo. A grande questão é que os mesmos dirigentes políticos que cometeram tantos disparates por essa Europa fora nos últimos anos, dificilmente serão capazes de detectar as tais oportunidades por estarem demasiado dentro dos problemas, quando não são eles próprios o problema.
Na semana passada morreu um desses génios: Nicolas Hayek. A indústria relojoeira suíça foi sempre um dos símbolos de realização técnica e de organização daquele país. Recorda-se que, apesar de não dispor de recursos naturais, a Suíça esteve sempre na vanguarda da qualidade dos seus produtos. Todos os materiais componentes dos relógios são importados pela Suíça. O mesmo sucede aliás, com o cacau com que os suíços produzem algum do melhor chocolate do mundo.
A evolução tecnológica dos anos sessenta e setenta do século passado parecia ter ditado o fim anunciado de toda a indústria relojoeira suíça. De facto, os novos relógios movidos a quartzo, bem mais baratos que os mecânicos suíços e proporcionando uma maior precisão, constituíam uma ameaça mortal para toda uma indústria histórica que parecia ultrapassada pela evolução tecnológica e comercial.

A situação da indústria relojoeira tornou-se nessa altura verdadeiramente aflitiva, com dívidas gigantescas, o que em 1980 levou um grupo de bancos suíços a contratar um consultor financeiro com formação científica profunda nas áreas da física e da matemática, com o objectivo de tentar salvar o que fosse possível daquela indústria. Em boa hora o fizeram. Nicolas Hayek pegou nas armas da ameaça e usou-as para salvar a indústria tradicional. Inventou o SWATCH, cujo nome aponta logo para relógio suíço, um relógio de quartzo tecnologicamente evoluído, com uma construção optimizada com menos cinquenta peças que os outros o que permite um preço mais favorável e, acima de tudo, com uma caixa de plástico colorido que permite todas as variações de design. Com uma campanha de marketing extremamente bem montada, colocou o mundo inteiro a comprar colecções sucessivas desses relógios baratos e bonitos, que se transformaram em objectos de culto, ultrapassando a simples funcionalidade de dar as horas. Os relógios vindos do Japão transformaram-se de repente nuns objectos feios, nada apelativos e, ainda por cima, mais caros que os Swatch.
Até hoje venderam-se mais de 500 milhões de relógios Swatch. Este gigantesco sucesso comercial serviu de locomotiva a toda a indústria relojoeira suíça, que recuperou da agonia em que se encontrava. O grupo Swatch possui hoje marcas como a Omega, a Blancpain, a Breguet, a a Glashütte e a Jacket Droz, mas também a Longines, a Tissot e a Hamilton entre outras.
Todo o resto da indústria relojoeira suíça beneficiou, fabricando e vendendo peças de enorme valor acrescentado por todo o mundo. Como entretanto já muita gente percebeu que a precisão dos relógios de quartzo é absolutamente irrelevante para o nosso dia-a-dia e que quando a pilha acaba são objectos sem qualquer utilidade, abriu-se todo um mundo de novas oportunidades para a tradicional indústria relojoeira suiça.
Nestes tempos conturbados em que vivemos, este é um sucesso a ter em conta, porque mostra que com imaginação, trabalho e profundo conhecimento da área, se podem transformar as armas do “inimigo” em vantagens próprias, permitindo sair por cima de situações que antes pareciam becos sem saída.


Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 5 de Julho de 2010

segunda-feira, 28 de junho de 2010

CARAVAGGIO



Roma é uma cidade magnífica que no mesmo espaço geográfico alberga várias cidades de diferentes épocas, a merecer visita cuidada por cada uma delas: a antiga capital do Império Romano, com os seus monumentos, ruínas e memórias um pouco espalhadas por toda a cidade, mesmo nos locais mais improváveis, sem esquecer os vestígios anteriores, dos Etruscos; a cidade que alberga a capital da cristandade, com toda a História da Igreja Católica desde os primeiros cristãos, do Vaticano e Praça de S. Pedro, às magníficas Igrejas e conventos; a cidade do Renascimento, com as obras de Miguel Ângelo, Rafael e Cellini entre outros, com os palácios, pinturas e esculturas espantosos, da Capela Sistina à própria Basílica de S. Pedro; a cidade do Barroco de Bernini, Borromini, Nicola Salvi e a Fontana de Trevi e ainda Caravaggio; finalmente, a cidade da actualidade, com toda a vida artística, da moda ao cinema, e o somatório de todas as outras.
Muitos dos artistas ligados a Roma ficaram conhecidos desde que fizeram as suas obras. Tal não aconteceu com Caravaggio que só se tornou conhecido há pouco mais de cem anos, apesar de se comemorarem este ano 400 anos sobre a sua morte. Encerrou há poucos dias, precisamente em Roma, junto ao palácio do Quirinal, a maior exposição de sempre de obras deste pintor, que teve uma afluência de público gigantesca. Apesar de ter morrido com apenas 39 anos, Caravaggio teve uma uma influência extraordinária na pintura, tendo ainda hoje as suas telas uma contemporaneidade invulgar. A sua técnica de utilização de luz, aliada a um realismo da forma humana invulgar para a época, bem como a utilização de modelos da vida real e vulgar que ele bem conhecia para representar as figuras clássicas do cristianismo, trazem para as suas pinturas uma crueza mas também humanidade que até então eram desconhecidas.
A sua obra encontra-se distribuída por vários locais, mas em Roma basta entrar numa série de Igrejas para descobrir o mundo da sua pintura que ainda hoje nos deixa impressionados e esmagados pela sua intensidade. Na Igreja de S. Luís dos Franceses pode-se apreciar o tríptico dedicado a S. Mateus: Vocação, Martírioe e S. Mateus e o Anjo. Na Basílica de S. Agostinho, a Madona do Loreto. Em S. Maria del Popolo, a Conversão de S. Paulo e a Crucifixão de S.Pedro. Também na Galeria Borguese está David com a cabeça de Golias e na Galeria Doria Pamphili o lindíssimo Descanso da Fuga para o Egipto.
Nesta comemoração dos 400 anos da morte de Caravaggio, lembra-se um homem que viveu muito e depressa, sempre em conflito com tudo e com todos. Mas lembra-se sobretudo um artista que usou de forma sublime a sua capacidade artística para representar as cenas clássicas do cristianismo a que pertencia, de uma forma verdadeiramente humana e não artificial, alterando para sempre a forma de arte que assumiu como sua.

Publicado no Diário de Coimbra em 28 de Junho de 2010