segunda-feira, 18 de junho de 2012

ASPECTOS DE GUERRA


Se a internet, as comunicações e a localização geográfica por satélites entraram na vida do cidadão comum para a alterar por completo, a influência que têm hoje noutros aspectos da comunidade internacional é cada dia mais avassaladora e aumenta a cada dia que passa.
Para além dos nossos desejos, a guerra é uma das constantes da História do Homem. Ainda que em determinado momento não seja possível apontar um local da Terra em que esteja a decorrer um conflito armado declarado, mesmo assim a organização de Forças Armadas é uma constante, tal como o é o desenvolvimento contínuo de novas armas e novas formas de combater um inimigo.
As novas tecnologias trouxeram duas novas armas que estão já a mudar a maneira de fazer a guerra: os drones e a ciberguerra.
Os drones não são mais do que veículos aéreos tele-comandados, isto é, sem tripulantes a bordo. Claro que são apenas detidos pelos países mais desenvolvidos tecnologicamente, mas a sua utilização tem sido cada vez mais intensa em determinados teatros de operações, como sejam o Afeganistão, o Paquistão e o Yemen, além de outros mais próximos de nós mas com maior grau de secretismo. Possuem sensores ultrassofisticados que varrem o terreno de forma contínua e silenciosa, permitindo aos respectivos controladores verificar o que se passa, detectar alvos inimigos e eliminá-los, enquanto estão sentadosem total segurança a mover um joystick em frente de monitores a milhares de quilómetros de distância. Tudo isto sem colocar em risco a vida de pilotos e restantes tripulantes de aviões clássicos e usando equipamento muitíssimo mais barato.
Já a ciberguerra faz-se sem a utilização de qualquer arma clássica, mas o seu papel e importância têm sido crescentes. Nas últimas semanas os jornais deram nota da descoberta de um novo vírus informático chamado Flame, tendo sido notória a falta de informação credível sobre o assunto. As últimas notícias davam conta de que alguém tinha dado ordem ao vírus para se autodestruir não deixando qualquer rasto nos sistemas informáticos infectados. Entretanto, os especialistas russos que o detectaram lá foram dizendo que se tratava de um vírus muito mais poderoso e complexo do que qualquer outro anteriormente conhecido e que estaria instalado em países do Médio Oriente, prestando informações sobre todo o conteúdo dos computadores atacados. Logo a comunidade informática se lembrou de outro vírus aparecido há dois anos chamado Stuxnet, que invadiu as fábricas de purificação de urânio do Irão, tendo destruído milhares de centrifugadoras. Pelos vistos os códigos de programação dos dois vírus têm aspectos comuns que provam que houve, pelo menos, contacto entre os respectivos programadores. O Flame é extremamente complexo e sofisticado, podendo ser considerado uma arma cibernética concebida especificamente para ciber-espionagem e só pode ter sido desenvolvido por uma equipa de programadores a trabalhar durante meses e nunca por uma única pessoa. Isto é, trata-se de uma arma desenvolvida por algum país ou mesmo através de colaboração de países, com alvos hostis comuns.
Já neste mês de Maio, o Secretário da Defesa americano Leon Panetta aprovou uma nova rede organizacional que deverá ser o primeiro passo para a estandartização de ciber-operações militares. A nova organização define Ciber Centros Conjuntos e um Ciber Comando (CYBERCOM). Os objectivos desta nova super estrutura militar americana são simultaneamente defensivos e ofensivos, pelo que no futuro terá uma importância capital nas forças armadas americanas.
Chegados a este ponto, o leitor não pense que pode ficar descansado por esta guerra cibernética se passar longe, estando portanto livre de ser afectado por ela. Na realidade, todo e qualquer computador ligado à internet é um possível alvo de utilização indevida por desconhecidos. Para além dos hackers que permanentemente vasculham a net à procura dos dados bancários dos incautos e dos motores de busca e redes sociais que fornecem os dados dos utentes com intuitos comerciais, certamente não por acaso, a Google anunciou a semana passada que avisará os utentes do seu Gmail que sejam alvos de ataques de vigilância por parte de Estados. Pelos vistos, jornalistas, trabalhadores de ONG’s, estudantes, académicos e outros em vários países, já receberam avisos desses.
Como se costuma dizer, pode-se não acreditar em bruxas, mas que as há, há, pelo que todo o cuidado com a internet é pouco.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 18 de Junho de 2012

segunda-feira, 11 de junho de 2012

EUROPA: PARA ONDE?



Com os sacrifícios generalizados que agora começam a ser mais evidentes em alturas de pagamentos de IRS, de férias sem subsídios e de níveis de desemprego nunca vistos, Portugal lá vai prosseguindo na tarefa difícil de tentar recuperar a credibilidade internacional para se poder financiar por si próprio.
Entretanto, a nossa comunicação social parece ter entrado em pura esquizofrenia, abandonando a realidade e saltando alvoroçadamente da Ongoing para a Impresa, do Freeport para o FaceOculta, das agências de rating para o bispo incendiário das Forças Armadas, do vaticanleaks para o Euro 2012, das Secretas que temos para o Público e por aí fora.
Bem pode o Tribunal de Contas vir agora dizer que o SNS aumentou a dívida em 117% entre 2008 e 2010 com a simpática ministra Ana Jorge, que isso não interessa para nada, nem sequer que esse aumento fosse apenas devido a contratos e parcerias e não a melhoria dos serviços prestados. Bem pode o Tribunal de Contas aprovar relatórios, por unanimidade, sobre as parcerias publico privadas rodoviárias denunciando que lhe foram escondidas despesas de 700 milhões de euros, que isso não interessa para nada, face à “notícia” do “aparecimento” de relatórios inexistentes de um juiz desconhecido em cacifos de deputados da Assembleia da República, imagine-se. Bem pode “descobrir-se” que Portugal comprou créditos de CO2 por dezenas de milhões de euros, que não fazem falta nenhuma, que isso não é notícia.
Que todos os sacrifícios que os portugueses fazem tenham já como resultado que, segundo o INE, a Procura Interna esteja pela primeira vez há dezenas de anos a praticamente coincidir com o PIBpm, numa evolução drástica desde meados de 2011 com tudo o que isso significa em termos de base para a nossa recuperação económica, também não é notícia.
Mas, pior que tudo, também não é notícia o que se passa na União Europeia a que pertencemos. Quem ler a nossa imprensa pensará que tudo se resumirá a uma questão: os que querem o bem do povo defendem o crescimento e os que querem o seu mal, defendem a austeridade. A esta simplicidade se resume, entre nós, a discussão sobre o futuro da Europa.
Isto quando, de facto, o tempo se esgota para a Europa tomar decisões cruciais. O mapa da cise europeia parece o dos fogos de verão que alastram por todo o sul, desde a Grécia à Península Ibérica. Ou a Europa do Euro se afunda, o que sucederá se não se fizer nada, isto é, se se continuar a tentar resolver os problemas dos países um a um, ou muda de caminho com decisão. Não nos venham convencer com mais “compromissos para crescimento e emprego” e mentiras semelhantes ao célebre “compromisso de Lisboa”. Não chega fornecer dinheiro aos bancos a boas condições como o BCE fez de forma maciça em Dezembro e Fevereiro, apenas aliviando os sintomas do mal de forma temporária. Não basta pedir eurobonds, é preciso avançar com determinação pela integração orçamental e fiscal mínimas que sustentem uma resposta europeia, que incluirá naturalmente as obrigações de dívida comuns. O atraso nessa resposta está a fazer subir os custos da solução a níveis que um dia destes serão absolutamente incomportáveis. A Directora do FMI Christine Lagarde já propõe que se fechem os políticos numa sala até que concordem num plano, recordando o que J.P. Morgan fez com os colegas banqueiros em 1907, até acertarem todos numa solução.
O medo generalizado e justificado de um “super-estado” tem tolhido os responsáveis políticos europeus, impedindo-os de avançar um pouco que seja no caminho da federalização mínima necessária, continuando-se a meio do caminho da criação do euro, erro original que está na base de tudo o que se passa.
Mas chegou-se a um ponto em que ou se avança na federalização, com perda voluntária de mais soberania, inclusive por parte da Alemanha, ou se assistirá em breve ao desmantelamento do euro, que ninguém imagine que possa ocorrer de forma coordenada e pacífica. Residirá, porventura, no medo de partilha de soberania por parte da Alemanha, a razão de ser da falta de apoio de Merkel ao caminho da federalização, ainda que mitigada, como deverá ser. Sucede que os povos do sul começam a sentir esse medo doutra maneira, isto é, como vontade imperialista de impor regras, o que, atendendo à História dos últimos cem anos até compreende facilmente. E isso poderá impedir definitivamente uma solução justa e duradoura.
A Europa está na encruzilhada e tem de optar. Urgentemente.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 11 de Junho de 2012

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Lá tenho de falar da "Selecção "de todos nós"

Um diário espanhol quis perceber quanto é que as várias selecções em competição vão gastar com o alojamento, e o resultado foi este, sem mais comentários.



Selecção e custo de hotel, por dia:

1. Portugal – Opalenica 33.174 euros
2. Rússia – Varsovia 30.400 euros
3. Polónia – Varsovia 24.000 euros
4. Irlanda – Sopot 23.000 euros
5. Alemanha – Gdansk 22.500 euros
6. Rep. Checa – Wroclaw 22.200 euros
7. Inglaterra – Cracóvia 19.000 euros
8. Holanda – Cracovia 16.200 euros
9. Italia – Wieliczka 10.500 euros
10. Croácia – Warka 8.300 euros
11. Dinamarca – Kolobrzeg 7.700 euros
12. Espanha – Gniewino 4.700 euros

Em homenagem aos homens comuns que tombaram nas areias da Normandia no dia D.

Miles Davis "Summertime" (1958)

D-Day

Finalmente, após dias de espera, a meteorologia autorizou o desembarque na Normandia no dia 6 de Junho de 1944.
Com muito sacrifício, sangue e heroísmo, começava finalmente a derrota da barbárie negra.



250 GTO

Este é o Ferrari 250 GTO feito para o Stirling Moss e que foi agora vendido por 30 milhões de dolares, o carro mais caro de sempre.
Há quem ache este o carro mais bonito jamais fabricado e eu concordo, embora nunca esqueça o Jaguar E Type.