Se a internet, as comunicações e a localização geográfica por satélites
entraram na vida do cidadão comum para a alterar por completo, a influência que
têm hoje noutros aspectos da comunidade internacional é cada dia mais
avassaladora e aumenta a cada dia que passa.
Para além dos nossos desejos, a guerra é uma das constantes da História do
Homem. Ainda que em determinado momento não seja possível apontar um local da
Terra em que esteja a decorrer um conflito armado declarado, mesmo assim a
organização de Forças Armadas é uma constante, tal como o é o desenvolvimento
contínuo de novas armas e novas formas de combater um inimigo.
As novas tecnologias trouxeram duas novas armas que estão já a mudar a
maneira de fazer a guerra: os drones e a ciberguerra.
Os drones não são mais do que veículos aéreos tele-comandados, isto é, sem tripulantes
a bordo. Claro que são apenas detidos pelos países mais desenvolvidos
tecnologicamente, mas a sua utilização tem sido cada vez mais intensa em
determinados teatros de operações, como sejam o Afeganistão, o Paquistão e o
Yemen, além de outros mais próximos de nós mas com maior grau de secretismo.
Possuem sensores ultrassofisticados que varrem o terreno de forma contínua e
silenciosa, permitindo aos respectivos controladores verificar o que se passa,
detectar alvos inimigos e eliminá-los, enquanto estão sentadosem total
segurança a mover um joystick em frente de monitores a milhares de quilómetros
de distância. Tudo isto sem colocar em risco a vida de pilotos e restantes
tripulantes de aviões clássicos e usando equipamento muitíssimo mais barato.

Já neste mês de Maio, o Secretário da Defesa americano Leon Panetta aprovou
uma nova rede organizacional que deverá ser o primeiro passo para a
estandartização de ciber-operações militares. A nova organização define Ciber
Centros Conjuntos e um Ciber Comando (CYBERCOM). Os objectivos desta nova super
estrutura militar americana são simultaneamente defensivos e ofensivos, pelo
que no futuro terá uma importância capital nas forças armadas americanas.
Chegados a este ponto, o leitor não pense que pode ficar descansado por esta
guerra cibernética se passar longe, estando portanto livre de ser afectado por
ela. Na realidade, todo e qualquer computador ligado à internet é um possível
alvo de utilização indevida por desconhecidos. Para além dos hackers que
permanentemente vasculham a net à procura dos dados bancários dos incautos e
dos motores de busca e redes sociais que fornecem os dados dos utentes com
intuitos comerciais, certamente não por acaso, a Google anunciou a semana
passada que avisará os utentes do seu Gmail que sejam alvos de ataques de
vigilância por parte de Estados. Pelos vistos, jornalistas, trabalhadores de
ONG’s, estudantes, académicos e outros em vários países, já receberam avisos
desses.
Como se costuma dizer, pode-se não acreditar em bruxas, mas que as há, há,
pelo que todo o cuidado com a internet é pouco.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 18 de Junho de 2012
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