segunda-feira, 10 de novembro de 2008

HUMANIDADE EM CAUSA




Nestes tempos em que, por motivos variados, (diria mesmo, desvairados) se tem visto usar entre nós a cruz gamada, símbolo do regime nazi, não deve deixar de se dar a conhecer a publicação de uma impressionante biografia de Heinrich Himmler, da autoria do professor e historiador alemão Peter Longerich.

A figura sinistra de Himmler foi um dos principais responsáveis do regime hitleriano, com um poder e desumanidade que muitos consideram não terem sido inferiores a Hitler. Foi da sua responsabilidade a montagem das SS, que dirigiu, bem como a definição da política de exterminação dos grupos que considerava como inimigos da Alemanha e que ficou conhecida como Holocausto: judeus, comunistas, homossexuais, deficientes e ciganos. Foi ele o responsável pela construção do primeiro campo de concentração em Dachau e o planificador e executor da chamada “solução final”.

Pretendia a purificação da raça ariana, composta apenas por homens altos, louros e atléticos, destinados a governar o mundo; tudo o que colocasse em risco este objectivo deveria ser varrido da face da Terra, assim se assassinando milhões de pessoas. Curiosamente, esta obra agora publicada levanta com seriedade a hipótese da existência de homossexualidade reprimida em alguns dos dirigentes nazis, designadamente Himmler, o que até poderá explicar a sua sanha persecutória contra os homossexuais.

Para Himmler, o cristianismo era igualmente considerado "a maior peste alguma vez criada na história", pelo que toda a tradição e cultura cristãs – que colocam a mulher no centro da sociedade – eram aberrações a destruir.

É triste que os símbolos desse regime vermelho e negro voltem a ser usados nos nossos tempos, seja em tatuagens exibidas em público, seja em bandeiras como arma de arremesso político.

O simples respeito pela humanidade em geral e pelas vítimas indefesas e abandonadas do Holocausto deveria levar à reflexão e repúdio por aqueles símbolos.

Não esqueço a resposta que um juiz deu um dia a quem lhe perguntou se achava que a humanidade ainda valia a pena, perante os horrores a que tantas vezes assistimos: “sei que vale, porque li o Diário de Anne Frank”.



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