domingo, 16 de novembro de 2008

JOGO DE ESPELHOS

Do Diário de Notícias de hoje (incluindo os pormenores poéticos que, pelos vistos, vêm muito ao caso):

BPN: PS recusa ouvir Dias Loureiro no Parlamento


ANA SÁ LOPES
Parlamento. O pedido de Dias Loureiro para ser ouvido na Assembleia da República no âmbito do escândalo BPN não terá o voto favorável dos socialistas. A direcção do PS considera que, sendo o assunto do domínio da investigação criminal, o Parlamento não deve ouvir o conselheiro de Estado

O pedido do conselheiro de Estado para ser ouvido vai ser chumbado

O PS não vai aceitar que Manuel Dias Loureiro preste esclarecimentos no Parlamento sobre a sua ligação com o BPN, como é vontade do conselheiro de Estado, soube o DN junto de fonte da direcção. Para os socialistas, o caso do Banco Português de Negócios está a ser objecto de investigação criminal e nada justifica que a Assembleia da República (uma vez que não tem nenhuma comissão de inquérito parlamentar sobre esta matéria) venha a ser palco de qualquer intervenção nesta matéria.

Na semana passada, Dias Loureiro escreveu ao presidente da Assembleia da República a pedir para ser recebido pelos deputados, para prestar depoimento sobre a sua passagem pela administração da Sociedade Lusa de Negócios, na sequência do rebentar do escândalo BPN e consequente nacionalização. Jaime Gama enviou o pedido para a Comissão de Orçamento e Finanças, que agora o irá votar.

Mas os socialistas não entendem que o Parlamento seja a sede indicada para a defesa de Dias Loureiro, uma vez que há um processo judicial a decorrer. O destino do pedido do conselheiro de Estado será idêntico ao do requerimento do Bloco de Esquerda, que também pediu para ouvir Miguel Cadilhe e os antigos responsáveis do Banco Português de Negócios: o chumbo.

A única declaração pública de Dias Loureiro - um dos ministros mais influentes durantes os governos de Cavaco Silva - desde que foi conhecido o escândalo foi a de que desconhecia os problemas do BPN. "Não sei de nada sobre a nacionalização do Banco Português de Negócios, nem nunca tive conhecimento de problemas relacionados com o BPN", disse no dia 3 deste mês à Lusa. "Não me posso pronunciar sobre a nacionalização, porque tudo o que sei é o que leio nos jornais", acrescentou.

Dias Loureiro foi até Setembro de 2002 administrador executivo da Sociedade Lusa de Negócios, a holding que controlava o BPN. Posteriormente, até Dezembro de 2005, passou a administrador não executivo.

Na sexta-feira passada, o Presidente da República foi interrogado por jornalistas sobre o caso BPN. "Não posso fazer qualquer afirmação sobre um assunto que não conheço suficientemente. Não vejo sequer razão até para me ser feita essa pergunta", afirmou Cavaco, questionado sobre se mantinha a confiança em Dias Loureiro como conselheiro de Estado.

O ex-administrador do BPN foi um dos pilares políticos do actual PR, tanto no partido como no Governo. Cavaco começou por entregar a Dias Loureiro a gestão do PSD (nomeou-o secretário-geral) mas depois chamou-o para o Governo, onde foi ministro dos Assuntos Parlamentares entre 1989 e 1991. Depois de 1991, ocupou a pasta da Administração Interna. Foi, igualmente, um dos principais estrategas das duas campanhas de Cavaco Silva à Presidência da República. Na última, que elegeu Cavaco Silva Presidente, Dias Loureiro foi também o autor do hino de campanha."Fazer Portugal Maior é romper a bruma, abrir o dia, é rasgar o medo... é fazer melhor", rezava o refrão.

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