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segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Boa semana
EDUCAÇÃO, ESCOLAS E RANKINGS
Foram mais uma vez conhecidos os rankings nacionais das escolas. De novo, houve azo a que se fizessem imensas comparações entre os resultados obtidos.
Não nego o interesse de saber os resultados obtidos nos exames pelas diferentes escolas, antes pelo contrário. Há poucos dias, tive a oportunidade e o privilégio de assistir a um espectáculo de dança por alunos e alunas do Colégio Rainha Santa Isabel de Coimbra, um dos melhores classificados. Durante mais de duas horas, dezenas de jovens encantaram um Teatro Académico de Gil Vicente completamente cheio, num espectáculo significativamente chamado “EXISTO, LOGO DANÇO”. Este Colégio, refira-se, aparece bastante bem classificado nos rankings. É mesmo o quinto classificado na categoria Secundário do ranking SIC/Expresso, entre escolas públicas e privadas de todo o país, o que diz bem da excelência do seu ensino. Mas, ao ver aquelas dezenas de jovens a dançar, não pude deixar de me lembrar de diversos aspectos.
Em primeiro lugar, a formação educativa proporcionada àqueles e aquelas jovens vai muito para além do que dizem os rankings. O contacto com música de qualidade, a aprendizagem da dança, a capacidade de coordenar os movimentos com colegas, o esforço dispendido com tarefas que não contam para a sua classificação escolar pessoal, tudo isso não entra na classificação dos rankings. É um processo complexo que consiste em educar e não apenas instruir, que é aquilo que o nosso ensino obrigatório, particularmente o oficial, tende a privilegiar.
Por outro lado, há uma sensação de injustiça, dado que a esmagadora maioria dos jovens portugueses não tem qualquer acesso à formação cultural proporcionada por uma grande parte das instituições de ensino particulares.
O actual sistema de ensino, que em teoria está montado para democratizar a educação, está, na prática, a aprofundar o fosso entre as classes sociais. Ao impedir as famílias de escolher em liberdade e igualdade de acesso as escolas que preferem para os seus filhos e ao transformar as escolas oficiais em depósitos de jovens durante o dia, e simples fornecedoras de “competências” específicas, o Estado “puxa para baixo” a educação da maioria dos cidadãos de amanhã.
Muitos pais que desejam para os seus filhos um desenvolvimento educacional adequado, capaz de lhes fornecer “mundo” e cultura para além das tais competências para superarem os exames, vêem-se obrigados a pagar a educação dos seus filhos por três vezes: a primeira, pelos impostos que pagam o ensino oficial, a segunda pelas propinas do colégio, e a terceira pela poupança que proporcionam ao Estado ao retirarem-nos das escolas oficiais.
Estas e outras razões levam a que não surpreenda que nos rankings do ensino secundário a primeira escola pública surja apenas no 14.º lugar. Mas, como disse, isto até nem é o mais importante. O que verdadeiramente importa é tudo aquilo que está escondido por trás dos rankings e que os responsáveis políticos dos diversos partidos sistematicamente se recusam a ver. E isso não se resolve atirando dinheiro para cima do problema, como tem sido feito há muitos anos, antes avançando para reformas que coloquem a formação completa do aluno no centro das preocupações. A educação não deveria ser um luxo para apenas quem a pode pagar.
Publicado no Diário de Coimbra em 26 de Outubro de 2009
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Breguet Classique Twin Rotating Tourbillon
Devo dizer que já há algum tempo que não via uma novidade relojoeira que me impressionasse como este Breguet.
A caixa é magnífica, toda ela em platina. Mas o que o distingue é o facto de ter dois turbilhões. Entre eles está uma ponte na qual foi montado o ponteiro das horas. E sim, todo o mostrador roda com o ponteiro das horas. Qualquer coisa de espantoso em mecânica miniaturizada de extrema precisão. Tenho pena de não dispor de um filme que mostre esta maravilha a trabalhar.
Sonata "Moonlight" de Beethoven
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Ele não merece
Evangelho do Dia
(Lc 12, 35-38) Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tende os rins cingidos e as lâmpadas acesas. Sede como homens que esperam o seu senhor voltar do casamento, para lhe abrirem logo a porta, quando chegar e bater. Felizes esses servos, que o senhor, ao chegar, encontrar vigilantes. Em verdade vos digo: cingir-se-á e mandará que se sentem à mesa e, passando diante deles, os servirá. Se vier à meia-noite ou de madrugada felizes serão se assim os encontrar».
CHOVE
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
COIMBRA NO SEU MELHOR (de novo)
Ao contrário do que os últimos meses nos fizeram crer, há muita vida (e frequentemente melhor, diria mesmo) para além da política.
Apesar de ter sido notícia em vários jornais, passou relativamente despercebida entre nós a publicação do ranking anual de instituições universitárias do jornal britânico “The Times”.
À semelhança do que acontece desde há quatro anos, a Universidade de Coimbra surge nesse ranking como a única instituição universitária portuguesa classificada entre as 4oo melhores do mundo. Relativamente à classificação do ano passado, subiu mesmo 21 lugares, tendo passado do 387º para o 366º lugar. Em simultâneo, é a terceira melhor das universidades de língua portuguesa, depois das universidades de São Paulo e de Campinas no Brasil e a sexta melhor da Península Ibérica.
Os critérios deste ranking têm em consideração diversos aspectos que permitem obter uma visão abrangente da realidade das instituições universitárias de todo o mundo. Entre esses critérios contam-se “a qualidade da investigação, a empregabilidade dos graduados, a internacionalização e a qualidade pedagógica dos cursos”. Por área científica, a Universidade de Coimbra obtém as suas melhores classificações em Artes e Humanidades, Tecnologia, Ciências Sociais e Ciências Naturais.
Num tempo em que é notório o desinvestimento público nas Universidades que tem tido como consequência uma descida generalizada das instituições universitárias portuguesas nos rankings internacionais, é de realçar esta excepção da Universidade de Coimbra.
Entre nós é frequente utilizar os sucessos ou insucessos dos outros como arma de arremesso. Numa altura de dificuldades generalizadas, particularmente do ponto de vista económico, seria bom que todos nos regozijássemos com os bons resultados que a Universidade de Coimbra tem vindo a alcançar, a que o reconhecimento internacional só vem dar o devido realce.
Estes sucessos são fruto de um trabalho profundo e continuado, quer dos seus órgãos de gestão, quer fundamentalmente do labor dos seus investigadores e professores.
Já aqui referi em artigos anteriores o elevado nº de centros de investigação da Universidade de Coimbra considerados de excelência de um ponto de vista estritamente científico, que a colocam entre as melhores universidades portuguesas também sob esse ponto de vista. A Universidade de Coimbra está hoje muito longe de ser uma instituição universitária regional, sendo claramente nacional e ocupando cada vez mais um papel relevante na Península Ibérica.
Para além do esforço no sentido da melhoria constante da sua qualidade, a Universidade de Coimbra tem tido igualmente uma acção meritória na ligação ao tecido empresarial e à Cidade através dos seus órgãos representativos, como é o caso da Câmara Municipal.
Para além do reconhecimento de todos os conimbricenses, seria de inteira justiça que todo o país designadamente os responsáveis pelo Ensino Superior, passasse a olhar para a Universidade de Coimbra como uma escola universitária do futuro e não como uma escola do passado, como muitas vezes sucede.
Publicado no Diário de Coimbra em 19 de Outubro de 2009
domingo, 18 de outubro de 2009
Marcelo
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Acorda, Europa!
"Oito anos perdidos. Dois tratados que não servem para nada. Três votos Não. Ignorada pela China e pela América. Ainda assim a maior economia do mundo. Por favor, alguém que acorde a Europa!"
Nem mais
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
LEGISLATIVAS EM BALANÇO
Nas eleições legislativas, que verdadeiramente estabelecem o sucesso ou insucesso das lideranças partidárias, houve claros vencedores e perdedores.
Os vencedores são o PS e o CDS.
O CDS ganhou, porque subiu a sua votação e foi a terceira força política. Ocupa um lugar crucial, por servir de charneira e dispor da possibilidade de influenciar a evolução política do país.
O maior vencedor é, evidentemente, o Partido Socialista, porque ganhou as eleições. Objectivamente, a campanha que levou a cabo, goste-se ou não, foi de uma eficácia surpreendente. De uma posição algo frágil após as europeias, evoluiu para um resultado quase oito pontos acima do PSD. Claro que o resultado alcançado ficou longe da maioria absoluta; mas desenganem-se aqueles que pensam que, por essa razão, haverá novas eleições dentro de dois anos. No actual contexto, não deverá ser difícil ao Governo do PS obter apoios pontuais na Assembleia para as votações cruciais à sua sobrevivência.
Já o PSD perdeu as eleições, qualquer que seja a perspectiva por que se observem os seus resultados. Em primeiro lugar, apesar de ter conhecido quatro lideranças desde essa altura, o número de votos recolhidos pelo PSD não variou desde as eleições de 2005, o que diz muito da receptividade das suas mensagens.
Sabe-se que as campanhas eleitorais encerram em si vários aspectos que se devem conciliar da melhor maneira, para se obterem bons resultados. Em primeiro lugar, temos a mensagem. Depois, temos a transmissão da mensagem, isto é, os meios utilizados para a fazer chegar aos seus destinatários que são os eleitores. Por fim, temos a percepção da mensagem por parte desses mesmos eleitores, que os leva a definir o seu sentido de voto.
Se olharmos para a campanha do PSD, só podemos concluir que ela falhou em todos os aspectos.
A mensagem não demonstrou qualquer ousadia ambiciosa, propondo algumas mudanças na situação existente, mas sem o espírito reformista claro que muitos portugueses exigiam. Foi mesmo perceptível um receio de fugir à agenda política estabelecida pela esquerda.
Os meios utilizados foram de tal forma escassos e inconsequentes, que a certa altura muitas pessoas se interrogavam da vontade real do PSD em vencer as eleições. Pelo contrário, a campanha profissional do Partido Socialista parecia a certa altura uma orquestra em que os diversos intérpretes colocados em diversos palcos tocavam as pautas que lhes haviam sido distribuídas de forma aparentemente dissonante, mas que ao ouvinte distraído soava completamente afinada no seu conjunto.
E aqui chegamos ao ponto crucial, que é a percepção dos eleitores. Eu não sei se o eleitorado português decide sempre de forma inteligente, como afirmou a líder do PSD poucos dias antes das eleições. O que eu sei é que, em resultado das mensagens dos partidos, os eleitores deram a vitória ao PS, deixaram o PSD no mesmo nível de há cinco anos, colocaram o CDS em terceiro lugar e o PCP em último, depois do BE.
Observando com objectividade, verifica-se que a percepção que os portugueses tiveram das propostas do PSD foi muito negativa, o que se reflectiu no mau resultado alcançado. Que os dirigentes e demais militantes do PSD meditem bem sobre tudo isto, porque os portugueses merecem e essencialmente precisam de muito mais e melhor do PSD, que corre o risco real de se tornar um partido de Autarcas (excelentes, em muitos casos), sem ter no entanto respostas a nível de Governo do país.
Publicado no Diário de Coimbra em 12 de Outubro de 2009
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Atahualpa Yupanqui
Aqui fica o "duerme negrito"
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
MILLENNIUM
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Do Evangelho do Dia
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
MAIS UMA ELEIÇÃO IMPORTANTE
Termina no próximo domingo um dos períodos mais longos e desgastantes de campanhas eleitorais sucessivas a que temos assistido.
De facto, desde a pré-campanha das europeias de 7 de Junho passado que o país não mais teve descanso, com a política a tomar um lugar de relevo em todos os órgãos de comunicação social. Tudo o resto ficou esquecido, incluindo os graves problemas sociais e económicos que estamos a viver.
Para economia de gastos e - fundamentalmente - para benefício do nosso equilíbrio psicológico, mais valia que se tivesse optado por fazer coincidir as datas de pelo menos duas das eleições. Mas, enfim, foi assim que se decidiu, e temos todos que suportar esta pressão que está finalmente prestes a terminar.
As eleições autárquicas do próximo domingo, fruto da intensidade das últimas eleições e do tipo de escolhas a fazer poderão parecer a muitos de segunda categoria. Nada de mais falso: os seus resultados terão um impacto directo da nossa vida. Em primeiro lugar, somos cidadãos, e a cidade é central no nosso exercício político. É nela que vivemos, é ela o ambiente que nos circunscreve e de alguma forma condiciona. Em termos de escala, é igualmente o nosso contacto mais directo com aqueles em que delegamos o poder de tomar decisões por nós. É o nosso primeiro elo com a democracia representativa. Assim, é do nosso interesse directo o exercício do direito de voto na escolha dos nossos autarcas.
As eleições para as autarquias locais têm características próprias. São, normalmente, pouco politizadas do ponto de vista estritamente ideológico. Este facto compreende-se na medida em que a maior parte dos problemas locais tem uma abordagem mais técnica que ideologicamente orientada. Com a excepção dos partidos radicais, que insistem numa abordagem ideológica de toda a realidade e de todos os aspectos da vida e organização da comunidade humana, há um consenso entre os partidos de que as questões locais se resolvem pelo diálogo com as pessoas, implicando uma grande capacidade de negociação. Talvez por isso os executivos municipais incluam representantes das diversas forças concorrentes, em vez de incluírem apenas representantes do partido mais votado.
As escolhas locais prendem-se assim mais com a percepção de quais serão os concorrentes que melhor compreendem a necessidades de todos e cada um, e que melhor lhes darão resposta.
O Dr. Carlos Encarnação tem sabido, como Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, estabelecer uma relação íntima com grande parte dos munícipes, sejam urbanos ou das zonas mais rurais do concelho. Os munícipes sentem que não é pelo facto de se sentirem mais à esquerda ou mais à direita que o seu Presidente da Câmara trata os seus problemas de forma diferente.
Para além de a candidatura do Dr. Encarnação incluir oficialmente vários partidos, no caso o PSD, o CDS e o PPM, as suas listas incluem personalidades que não se revêem normalmente naqueles partidos. Significa isto que a sua candidatura é garantia de que as ambições dos cidadãos de Coimbra serão atendidas tendo em conta os interesses do concelho, isto é, sem o filtro da ideologia política.
No próximo domingo, caro leitor, lembre-se de que é do seu interesse ir votar. Afinal, trata-se da sua cidade, do seu bairro, da sua rua. E, aqui, todos os votos contam.
Publicado no Diário de Coimbra em 5 de Outubro de 2009