Os ciclos fazem parte da vida. Quer ao nível humano (todos nascemos, vivemos e morremos), quer ao nível da restante Natureza.
Newton descreveu na sua Philosophie Naturalis Principia Mathematica de 1687 a Lei da Gravitação Universal que demonstra como o movimento dos corpos celestes e dos objectos na Terra se rege pelas mesmas leis naturais. É assim que hoje conhecemos muito melhor as leis da Física e os movimentos dos astros e a astronomia é uma ciência exacta e importante para o nosso dia-a-dia.
Hoje começa a Primavera. Ao Inverno frio, ventoso, chuvoso e difícil de suportar pelos nossos frágeis organismos, vai seguir-se um tempo ameno, florido e muito mais agradável para todos. Em termos astronómicos, o início da Primavera coincide com o ponto mais importante dos sistemas que servem para medir os movimentos dos astros. É o ponto vernal, ou equinócio da Primavera. É o ponto de intersecção entre o Equador celeste e a eclíptica que descreve o nosso movimento anual médio da Terra em volta do Sol. É o momento em que o Sol se situa no Equador Celeste, em que a duração do dia é igual à da noite e o início de três meses em que o Sol, cada vez mais elevado no horizonte no nosso Hemisfério Norte, brilha mais e seca e limpa as humidades acumuladas no Inverno.
Não certamente por acaso, a Primavera suscitou sempre belas obras de arte ao longo dos tempos. Quem não se lembra imediatamente da Primavera de Sandro Botticelli? Ou das maravilhosas Estações de Haydn? Ou mesmo da mais conhecida Primavera de Vivaldi?
Devido a Newton, Galileu, Copérnico, Kepler e tantos outros, as efemérides astronómicas são hoje completamente previsíveis, porque as leis da Física que as regem são bem conhecidas.
Tal como na astronomia, quando um determinado facto importante na vida ocorre, ele nunca nasce do nada, surgindo em consequência de movimentos anteriores, quer os conheçamos, quer não.
No entanto, se em astronomia o conhecimento do passado permite prever largamente o futuro, já nas chamadas ciências sociais como a economia, se é possível chegar a dar um razoável entendimento do que se passou, já é praticamente impossível prever o que sucederá num futuro, ainda que mais ou menos próximo. A necessidade de um país recorrer ao FMI, por exemplo, não surge de repente e sim como consequência de um movimento complexo de variáveis económicas e financeiras que, em conjunto, evoluem até se chegar a esse ponto. Conhece-se portanto, com razoável profundidade, como se chegou à actual situação. Já o futuro depende em absoluto das opções que se tomem agora.
Todos estamos bem conscientes do ponto crucial em que se encontra o país. A curva que nos trouxe até aqui é um Inverno bem rigoroso. Façamos tudo para que o momento actual seja, no fundo, o ponto vernal da nossa evolução e que o futuro venha a ser uma Primavera e não a continuação do Inverno do nosso descontentamento colectivo.
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