Faz este mês cinquenta anos que um presidente americano entrou de forma trágica na mitologia do século XX. Foi a 22 de Novembro de 1963 que John Fitzgerald Kennedy foi brutalmente assassinado a tiro numa avenida de Dallas. Nasceu numa das famílias mais ricas e influentes do Massachusetts e combateu na Marinha americana na II Guerra Mundial, tendo sido condecorado pela sua prestação.
Depois de uma breve carreira na Câmara de Representantes e no Senado, John Kennedy concorreu à Casa Branca em 1960 pelo Partido Democrático e venceu as eleições por uma margem reduzida contra o republicano Richard Nixon. Estava-se ainda no início da influência da televisão, mas já nessa altura se disse que, se o debate crucial entre os dois candidatos tivesse passado apenas na rádio, Nixon poderia ter ganho, porque não se veria o seu rosto cheio de suor e, acima de tudo, não se veria um Kennedy jovem, bem-parecido e com uma segurança sorridente que atraia imediatamente a simpatia. No entanto, Kennedy era possuidor de de uma formação teórica sólida e uma rara capacidade oratória que lhe possibilitava construir frases que ainda hoje são utilizadas por imensos políticos que citam em vez de inovar. Data dessa altura a sua célebre frase: “não perguntem o que o país pode fazer por vocês, mas sim o que vocês podem fazer pelos EUA”.
Enquanto presidente, teve fracassos e sucessos. Entre aqueles, o maior será certamente o fiasco da invasão da Baía dos Porcos em Cuba. Mas os sucessos ultrapassam certamente os fracassos. Era o tempo do apogeu da Guerra Fria, que acompanhava os grandes sucessos políticos da União Soviética e do pico do seu poderio militar. Apesar de Kennedy e Nikita Krustchov terem chegado a acordo sobre o Tratado para a Proibição da Armas Nucleares em 1961, a União Soviética decidiu instalar bases de mísseis em Cuba, colocando os EUA à mercê directa das suas armas. Kennedy foi de uma firmeza total, tendo Krustchov acabado por ceder, retirando os mísseis e levando-os de volta para a URSS.
Kennedy foi um defensor dos direitos humanos, apoiando decisivamente o combate ao racismo, chaga vergonhosa da sociedade americana de então. Se não esteve presente na manifestação em que Martin Luther King soltou o seu famoso “I have a dream”, recebeu na Casa Branca os seus principais responsáveis logo após a sua realização, prestando-lhes assim a sua homenagem ao mais alto nível.
É inesquecível a deslocação de Kennedy a Berlim, aquando da construção do infame Muro pelo regime comunista da RDA e a sua célebre frase “Eu sou um berlinense”, que acompanhou com uma gigantesca ponte aérea de apoio aos cidadãos aprisionados na parte sitiada da cidade.
Muitos de nós já o esqueceram ou os mais novos até não o saberão, mas no fim dos anos 60 do século passado, houve homens que foram á Lua. Também isso se deve a Kennedy, tendo sido o mote de mais uma das suas frases famosas que ficaram para a História: “escolhemos ir à Lua nesta década, e fazer mais coisas, não por serem fáceis, mas por serem difíceis”.
Mas tudo acabou para John Kennedy naquele cortejo de má memória em 22 de Novembro de 1963, na capital do Texas. E com ele morreu também grande parte do mundo como era, porque é impossível que tudo o resto fique como era quando um grande Homem com os seus defeitos e virtudes desaparece daquela forma trágica, sem que até hoje haja uma explicação credível para o que aconteceu.
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