Coimbra
é o centro geográfico de uma pequena região dotada de numerosos locais
apelativos, dotados de características próprias e que, no seu conjunto,
constituem uma zona com um valor extraordinário, do ponto de vista turístico.
Tudo isto a pouco mais de meia hora de viagem de automóvel, o que facilita as
deslocações de ida e regresso, com tempo para usufruir daquilo que nos é
oferecido. Locais que mereceriam ser tratados em conjunto do ponto de vista
turístico, em conjunto com a própria cidade de Coimbra, dada a sua
complementaridade evidente.
A
Lousã, com a sua serra e as aldeias dantes abandonadas e que hoje constituem um
conjunto cosmopolita. A paisagem impressionante de Penacova com o rio Mondego a
correr no fundo da serrania. Montemor-o-Velho e o seu castelo magnífico sobre
os belíssimos campos do Mondego. A Figueira da Foz, quer como praia, quer como
cidade, sem esquecer as outras praias de Quiaios, Mira e Tocha. A Curia com o
parque das termas, o Grande Hotel e o seu parque, para além do único campo de
golf verdadeiramente perto de Coimbra. Entre tantos outros de que espero falar
em breve, são tudo locais com belezas diferentes e encantos próprios tantas
vezes esquecidos dos guias turísticos elaborados em função de regiões
turísticas agigantadas que tendem a esquecer o pormenor.
A
norte de Coimbra, e bem perto, está ainda a Serra do Buçaco, com a sua mata valiosíssima
do ponto de vista ambiental e o magnífico Hotel que, para além dos seus serviços
de qualidade excepcional, nos proporciona a sua extraordinária beleza
arquitectónica e paisagística. Dos seus jardins que se podem usufruir
livremente, é possível partir para passeios pedestres pelas matas, quer para a
Cruz Alta no cimo da serra, quer para a vila do Luso, no fundo da serra.
A
vila do Luso, que mais parece uma Sintra em miniatura pelas suas belezas
naturais e edificações, tem vindo a ser objecto de uma reabilitação urbana
cuidada por parte da Câmara da Mealhada, que lhe melhorou substancialmente os
espaços públicos, incluindo as fontes de água onde desde sempre qualquer pessoa
se pode abastecer livremente da água do Luso que a mala do seu carro conseguir
conter em garrafões.
Bem
nas proximidades da fonte, está o “Casino do Luso”, edificado no século XIX
sobre os balneários das termas. Também este edifício foi restaurado,
mostrando-se hoje em toda a magnificência do seu salão com o tecto pintado em
1910 pelo pintor Gabriel Constante.
A história deste edifício e do seu
sugestivo nome vem de, no início do século XX, ter sido arrendado ao Casino
Peninsular da Figueira da Foz, depois de ter sido “Club” e “Grémio”; Alguns
anos depois, a Sociedade de Águas do Luso passou a explorar directamente o
espaço, mantendo-se, no entanto, a designação até aos dias de hoje.
Se
o “Casino” do Luso só por si já merece uma visita, a exposição que neste
momento acolhe é um motivo acrescido para a deslocação ao Luso. Estão a passar
205 anos sobre a Batalha do Buçaco e no Casino do Luso está montada uma
interessante exposição sobre o conhecimento geográfico daquela região nessa
altura da História, bem como de partes do país com particular enfoque nos
locais que tiveram algo a ver com a passagem dos exércitos franceses durante as
invasões. Nesse tempo, eram os Engenheiros militares que tinham a função de
fazer os levantamentos e de os passar para as cartas, não havendo ainda
Engenheiros civis, tendo as cartas uma importância crucial para as operações
militares, como se sabe. Grande parte das cartas existentes na altura foi
levada para o Brasil com D. João VI e o seu séquito, outra parte foi depois
levada de Portugal pelos franceses e também pelos ingleses. Do espólio de
cartas desse tempo actualmente existente em Portugal, foram impressas cartas
com explicações técnicas e históricas, que estão em exposição no Casino do Luso
até ao fim deste mês.
Para quem não se interessar tanto por este assunto, há algo
mais a justificar a visita. De facto, estão expostas dezenas de caricaturas com
figuras a três dimensões, que reproduzem com bastante rigor os uniformes
militares portugueses desde o início da nacionalidade até aos dias de hoje.
Como
frequentador usual do Luso, sempre achei estranho que seja raro encontrar por
lá conimbricenses que, provavelmente, vão procurar muito mais longe tudo o que
aquela vila oferece, incluindo hotelaria para as mais diversas bolsas, termas e
SPA. E o Luso está aqui tão perto, caro leitor, que vale mesmo a pena a pequena
viagem para lá ir.
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