Estão a decorrer
nos estados americanos as votações nos pré-candidatos dos partidos Democrático
e Republicano, para encontrar os candidatos que, no final, se enfrentarão na
eleição do Presidente dos EUA. Para não serem muito diferentes da tendência que
nos últimos anos se tem acentuado um pouco por todo o mundo, é notória a faceta
populista de boa parte dos candidatos em presença. A base comum é o ataque a
algo que chamam “sistema”.
Quer os eleitores
democratas, quer os republicanos, mostraram até agora que as suas preferências
vão exactamente para os candidatos campeões do populismo. Do lado dos
republicanos brilha a estrela de Donald Trump, o multimilionário que decidiu
tentar a sua sorte também na política o que, para o seu gigantesco ego, só poderia
significar a presidência do mais poderoso país do mundo. As suas posições, umas
vezes delirantes, outras mesmo obscenas, sobre os emigrantes, sobre a
organização económica e sobre a sociedade, são obviamente um perigo para os EUA
e para o mundo, mas encontram eco entusiástico entre muita gente que não se
sente bem num mundo em mudança rápida e que tem basicamente medo de tudo o que
é novo.
Mas Trump não está sozinho, do lado dos republicanos. O outro candidato do mesmo partido que mais sombra lhe faz é o senador Ted Cruz cujo discurso se assemelha ao populismo dos tele-evangelistas e que corporiza muita da rejeição ao actual presidente Obama, tendo ficado famoso pelo seu discurso de horas e horas no Senado, com o objectivo de evitar a aprovação do programa conhecido como “obamacare”.
Mas Trump não está sozinho, do lado dos republicanos. O outro candidato do mesmo partido que mais sombra lhe faz é o senador Ted Cruz cujo discurso se assemelha ao populismo dos tele-evangelistas e que corporiza muita da rejeição ao actual presidente Obama, tendo ficado famoso pelo seu discurso de horas e horas no Senado, com o objectivo de evitar a aprovação do programa conhecido como “obamacare”.
Do lado dos
democratas, emerge um candidato que também faz da guerra ao “sistema” o motivo
principal do seu discurso. Classificando-se a si mesmo de socialista, o que nos
EUA é uma novidade, Bernie Sanders capitaliza a escolha das camadas mais
jovens, ao atirar-se sistematicamente aos ricos, a Wall Street e a toda a
organização financeira, a começar pelos bancos.
Até agora, e de forma algo surpreendente, o populismo de Sanders tem levado a melhor sobre Hillary Clinton, por ele apelidada de representante do sistema e do capital. Claro que faltam ainda as escolhas da esmagadora maioria dos estados, até às eleições de Novembro. Mas os sinais da influência do populismo estão aí todos, com o perigo inerente.
Até agora, e de forma algo surpreendente, o populismo de Sanders tem levado a melhor sobre Hillary Clinton, por ele apelidada de representante do sistema e do capital. Claro que faltam ainda as escolhas da esmagadora maioria dos estados, até às eleições de Novembro. Mas os sinais da influência do populismo estão aí todos, com o perigo inerente.
Na Europa, a
situação não é muito diferente. O mau estar latente deve-se a múltiplas causas,
como os desempregados que sabem que nunca voltarão a encontrar trabalho, a
insegurança do terrorismo, a avalanche de refugiados de África e do Médio
Oriente, a desorientação ideológica pela falência dos principais modelos
políticos, a crise económica persistente, o relativo afastamento das instâncias
comunitárias, a sistemática actuação dos responsáveis financeiros com
banqueiros à cabeça, a própria desconfiança das novas gerações que percebem que
o mundo dos seus pais passou de realidade a utopia.
Todos estes
problemas reflectem uma crise no sistema democrático, mas desengane-se quem
pense que o discurso facilitista dos populistas de esquerda e de direita é
solução. Estes problemas só existem, porque se vive precisamente em democracia,
em que se devem igualmente encontrar as soluções, veja-se o que se passa na
Venezuela, onde um populismo grotesco campeia há anos com os resultados
desastrosos que se veem.
E o medo não é bom
conselheiro. Em França, foi agora feita uma alteração constitucional que é um
verdadeiro desastre, ao permitir que as autoridades administrativas possam
fazer buscas a qualquer hora da noite, possam proibir locais de culto e fazer
detenções domiciliárias, tudo sem qualquer controlo judicial.
Actualmente o presidente francês é socialista e o governo também, mas estas decisões não andarão muito longe do pretendido pela Frente Nacional de Le Pen que nem precisará de fazer estas alterações legislativas por “razões de segurança nacional” se vier a ganhar eleições, bastando-lhe aplicar a lei, gizada pelos socialistas.
Actualmente o presidente francês é socialista e o governo também, mas estas decisões não andarão muito longe do pretendido pela Frente Nacional de Le Pen que nem precisará de fazer estas alterações legislativas por “razões de segurança nacional” se vier a ganhar eleições, bastando-lhe aplicar a lei, gizada pelos socialistas.
Vejo muitas pessoas
dos mais diversos quadrantes ceder ao populismo, mesmo entre nós. Não posso
deixar de assim classificar muitas das posições políticas que hoje são
apreciadas, por serem contra o “sistema”, contra os “políticos, todos iguais”,
contra os burocratas da União Europeia, etc. Normalmente falam com voz alta e
forte, disfarçando com convicção teatral o vazio destrutivo do que dizem. A
defesa da Democracia passa hoje pela rejeição deste tipo de posições, pela
defesa intransigente da Lei e pela reforma do que necessita de ser mudado, ao
contrário da destruição de todo um sistema.
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