Na quarta feira da semana
passada, a Casa da Música foi palco de um concerto notável integrado no II
Congresso Europeu de Saxofone. Com a plateia repleta de jovens músicos dos mais
diversos países, foi possível ouvir obras interpretadas por uma orquestra e
solistas de saxofone que demonstraram um virtuosismo contagiante que levou a
assistência conhecedora ao rubro.
O EURSAX é o maior evento de
saxofone da Europa e a cidade do Porto conseguiu atrair a realização da sua
segunda edição, tendo a primeira decorrido em 2014 na Ciudad Real - Espanha. A
organização apontou as diversas vantagens comparativas que Portugal apresenta
nos dias de hoje para acolher este importante evento, designadamente a sua
importância como destino turístico, a nossa diversidade cultural que atrai
visitantes de todo o mundo. Em particular, é referido que, “na sequência de ser
Capital Europeia da Cultura, a cidade do Porto mostra-se liderante na produção
de música contemporânea, através da Casa da Música, influenciando não apenas o
norte de Portugal, mas na realidade o sul da Europa”.
O programa do Congresso, com a
duração de quatro dias, incluiu concertos de gala, masterclasses, conferências
e recitais em vários locais do Porto, como o Conservatório de Música do Porto,
a Igreja de Cedofeita, a Igreja dos Clérigos e a Casa da Música, proporcionando
às centenas de congressistas a participação em diversos eventos culturais
ligados ao instrumento musical da sua eleição, mas também um conhecimento da
Cidade e das sua ofertas turísticas. O Porto teve mais umas centenas de
visitantes que, com toda a certeza, depois de quatro dias de estada, irão
divulgar a cidade por toda a Europa como destino turístico, mas também cultural
ao mais alto nível.
O concerto de gala do dia 12 na
magnífica sala Suggia da Casa da Música contou com seis afamados solistas de
saxofone, de que me permito destacar talvez Mario Marzi que tocou há pouco
tempo no Teatro alla Scala de Milão sob a direcção de Riccardo Muti e que aqui
interpretou a peça “Entente” de Gerry
Mulligan de uma forma arrepiante e Jérôme Laran, impressionante ao extrair
sonoridades inimagináveis do seu saxofone em “ Paganini Remix” de Shoichi Asai.
Estarei a ser injusto com os outros intérpretes, evidenciando apenas o
virtuosismo destes dois intérpretes. Em particular, a interpretação de Mário
Marques, em estreia mundial, da peça “Concertino” de António Vitorino de
Almeida impressionou a plateia pela beleza da música e capacidade
interpretativa. No seu final foi tocante ver o compositor subir ao palco para
abraçar comovido o solista e o maestro, cumprimentando toda a orquestra pela
interpretação. O saxofonista Joaquim Franco encerrou o concerto interpretando
“Hungarian Dance” de Pedro Iturralde com a secção de cordas da orquestra de
forma superior, impressionando o som límpido e claro do seu saxofone.
Falta referir a orquestra, que
foi mais uma vez absolutamente impecável, o que nestas obras com solos de um
instrumento tão especial como é o saxofone, já não seria dizer pouco. As
entradas e saídas, bem como a interpenetração com as partes do instrumento
solista e os jogos de intensidade e tempo foram de uma precisão e capacidade
interpretativa notáveis, sendo uma peça essencial do êxito do concerto. A satisfação
é tanto maior quanto se tratava da Orquestra Clássica do Centro dirigida pelo
seu Maestro titular José Eduardo Gomes que demonstrou, para além da direcção, uma
capacidade de interligação com solistas de um virtuosismo assinalável que não
se vê todos os dias. Um orgulho cultural para Coimbra, que possui hoje uma
orquestra profissional capaz de executar os programas mais exigentes que todos
os espectadores tiveram a oportunidade de apreciar a aplaudir com entusiasmo.
Se este concerto aconteceu no
Porto, logo menos acessível ao público conimbricense, não posso deixar de aqui
referir que, integrado no 9º Festival das Artes, a Orquestra Clássica do Centro
vai realizar um concerto no próximo dia 22 de Julho no anfiteatro Colina de
Camões na Quinta das Lágrimas. O concerto designado “ De Portugal a Viena via
Paris” apresenta um programa excelente, com duas sinfonias de Mozart, uma
abertura de Marcos Portugal e o “Entr’acte de Rosamunde de Schubert e é
absolutamente a não perder. O maestro convidado será Andrew Swinnerton que já
todos conhecemos das anteriores edições do Festival das Artes, como integrando
a respectiva direcção artística. Aliás, todo o programa deste Festival das
Artes é mais uma vez atractivo e de grande qualidade, merecendo a atenção e a
visita de todos os que vêem na Cultura o alimento necessário do espírito e o
principal instrumento contra a barbárie. No concerto de encerramento do
Festival no dia 23 de Julho actuará a Orquestra Gulbenkian, que nessa noite será
dirigida pelo maestro titular da Orquestra Clássica do Centro José Eduardo
Gomes, outro concerto a não perder.
Fotos retiradas de https://www.facebook.com/OrquestraClassicaCentro/
Fotos retiradas de https://www.facebook.com/OrquestraClassicaCentro/
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