jpaulocraveiro@ gmail.com "Por decisão do autor, o presente blogue não segue o novo Acordo Ortográfico"
domingo, 31 de maio de 2020
sexta-feira, 29 de maio de 2020
Branding Territorial
Video de promoção da pós-graduação em "Brending Territorial" da Business School de Coimbra. alusivo ao Dia Nacional da Energia.
https://cbse.iscac.pt/
https://cbse.iscac.pt/
quinta-feira, 28 de maio de 2020
quarta-feira, 27 de maio de 2020
À ABORDAGEM
Em 1975 a comunicação social estava a ser dominada pela extrema esquerda, com o PCP à cabeça. A certa altura apareceu o Jornal Novo, para lutar contra esse domínio ideológico em que nem o jornal tradicional do PS escapava. O MFA, juntamente com os comunistas, tentava fazer aprovar uma nova "lei de imprensa" para acorrentar de novo a liberdade de imprensa recentemente conquistada, sendo responsável governamental pelo sector um militar da Marinha, se não estou enganado o Cte. Correia Jesuíno. E o Jornal Novo dedicou-lhe um célebre artigo de Artur Portela Filho com o título «À ABORDAGEM» que nunca mais esqueci. Felizmente, a seguir veio o 25 de Novembro e tudo isto ficou para a História para frustração de Álvaro Cunhal e seguidores que não tiveram a sua "Revolução de Outubro".
O que é que me fez lembrar este momento da nossa História? Os ataques esquerdistas ao OBSERVADOR por ter realizado uma campanha de novas assinaturas e doações para compensar o dinheiro do Estado para publicidade recusado pelo jornal online. E rapidamente levantaram dinheiro que compensa o que prescindiram do Estado, marcando a sua independência. Os críticos chegam ao ponto de exigir as listas dos apoiantes do Observador. A Liberdade passa mesmo por aqui e estes ataques demonstram quem é que de facto acabaria com ela se quisesse.
O que é que me fez lembrar este momento da nossa História? Os ataques esquerdistas ao OBSERVADOR por ter realizado uma campanha de novas assinaturas e doações para compensar o dinheiro do Estado para publicidade recusado pelo jornal online. E rapidamente levantaram dinheiro que compensa o que prescindiram do Estado, marcando a sua independência. Os críticos chegam ao ponto de exigir as listas dos apoiantes do Observador. A Liberdade passa mesmo por aqui e estes ataques demonstram quem é que de facto acabaria com ela se quisesse.
terça-feira, 26 de maio de 2020
segunda-feira, 25 de maio de 2020
PRESIDENCIAIS à portuguesa
Uma visita a uma fábrica de automóveis constitui o cenário mais
improvável para se fazer um anúncio de apoio a uma recandidatura presidencial.
Mas foi o que aconteceu em Portugal, neste ano da (pouca) graça de 2020.
Não é que a recandidatura do actual presidente da República não
fosse algo de que praticamente todo o país tivesse a certeza a começar pelo
próprio, correndo-lhe o actual mandato como correu. Recordo que, no Verão de
2015, numa conferência de Marcelo em Coimbra, lhe perguntei se confirmava a
intenção de se candidatar às presidenciais de Janeiro de 2016, ao que me
respondeu com a sua ironia que era algo em que ainda não tinha pensado até
então, mas que ia pensar nisso, provocando uma gargalhada geral na sala.
Eventualmente, o momento e o local para a indicação da decisão
não terão sido propriamente do agrado do Presidente Marcelo, mas também não
foram da sua escolha e, às vezes, não se pode fugir às circunstâncias. O
«affaire» Centeno foi uma situação muito desagradável para o primeiro-ministro
que, perante uma situação penosa que o colocava em cheque perante o país, viu
Marcelo dar-lhe a mão, enquanto abandonava politicamente o ministro das
Finanças. Foi assim possível ver um Costa todo prazenteiro dizer a Marcelo que
contava voltar a encontrar-se de novo com ele como Presidente no mesmo local,
numa altura que será depois das presidenciais. Como lhe costuma acontecer jogou
bem e, no que lhe diz respeito quanto às presidenciais e como se diz no casino,
«les jeux sont faits».
Claro que esta nova situação tem consequências. À esquerda do
PS deverão aparecer candidaturas às presidenciais, como é tradição. Quanto ao
PCP, apresentou sempre os seus próprios candidatos presidenciais, pelo que
decerto fará o mesmo desta vez. O Bloco de Esquerda desejará fazer o mesmo,
havendo mesmo quem adiante a recandidatura da conimbricense Marisa Matias que
nas anteriores presidenciais obteve um honroso 3º lugar com 10,12% dos votos,
deixando muito para trás o candidato do PCP Edgar Silva que se ficou por uns
míseros 3,95%.
O anúncio do apoio de Costa a Marcelo deixou sem respiração uma
boa parte do PS que muito dificilmente apoiará o actual presidente. Contudo, e
muito convenientemente, o Congresso socialista foi postergado para depois das
eleições presidenciais, pelo que as discussões internas se ficarão a um nível
mais privado e, eventualmente, mais controlado pela direcção do partido.
Espera-se, no entanto, que Ana Gomes ou outra personalidade semelhante capaz de
surfar a onda do populismo «anti sistema» à esquerda se veja alvo de pressões
no sentido de uma candidatura independente da área socialista, podendo mesmo
avançar como Manuel Alegre já fez no passado.
Recorda-se que em 2006 Manuel
Alegre obteve quase 21% contra o vencedor Cavaco Silva (50,54%), tendo Mário
Soares, que era o candidato oficial do PS, obtido apenas 14%. Ana Gomes poderá
fazer melhor, caso o BE não apresente candidatura própria.
À direita, de forma algo surpreendente estabeleceu-se a
confusão, como que a querer provar ser mesmo «a direita mais estúpida do mundo»,
lançando nomes cada um mais implausível que o anterior. É certo que o
Presidente Marcelo não corporizou oposição aos governos Costa, desde 2016,
havendo mesmo muitos momentos em que se pode legitimamente considerar que foi a
mão mais ou menos visível que os segurou. Mas alguém minimamente atento à coisa
pública pode afirmar que os partidos tradicionais à direita do PS têm exercido
oposição forte e susceptível de afirmar uma clara alternativa política, desde a
saída de Passos Coelho da liderança do PSD? Será que estariam à espera que o
presidente da República fizesse esse trabalho por eles? Mais uma vez o PSD vai chegar
atrasado a uma tomada de posição importante, quando já poderia e deveria ter publicamente
afirmado que o seu antigo líder Marcelo é o candidato que, sem quaisquer
dúvidas, irá apoiar de novo. André Ventura tentará levar o voto de uma direita
também «fora do sistema» para o seu nacionalismo populista, mas o resultado
deverá surpreender pela sua irrelevância política.
Claro que Marcelo Rebelo de Sousa pode ter sido irritante para a direita
pela forma como se relacionou com o Governo neste mandato, mas é evidente que
veio dessa área política. Direita que, em vez de saudar grande parte da
esquerda por reconhecer que o seu antigo candidato Marcelo teve um bom mandato
como Presidente a ponto de lhe dar agora o seu apoio, mais parece andar perdida
e ciumenta por causa desse apoio.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 25 de Maio de 2020
Fundo de recuperação
Estudo sobre o Fundo de Recuperação pelo COVID 19. Portugal não receberia,l antes pagaria para os países que mais sofreram directamente com a pandemia . Só quem como é evidente, pandemia é uma coisa, consequências económicas são outra. E, quanto a estas últimas, Portugal é uma desgraça.
Ão olhar para isto percebe-se melhor o silêncio sufocante do governo: não te dinheiro para acções fortes como os países do norte e espera pelo apoio deles. Se não vem, estamos lixados.
Ão olhar para isto percebe-se melhor o silêncio sufocante do governo: não te dinheiro para acções fortes como os países do norte e espera pelo apoio deles. Se não vem, estamos lixados.
domingo, 24 de maio de 2020
José Cutileiro
A última vez que escreveu no seu blogue «Retrovisor» foi no dia 28 de Agosto de 2019. Na altura em que morreu Vera Futscher Pereira. Desde então que ia lá espreitar à procura daqueles textos deliciosos, mas não nunca mais lá escreveu. Agora foi-se também e ficam os textos para ir descobrindo com calma. Até sempre.
Secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media
“Não adianta estar a promover a leitura de jornais se não fizermos
simultaneamente a promoção da literacia mediática, isto é, da capacidade
de qualquer cidadão, seja de que idade for, poder descodificar,
compreender e ler de maneira clara os sinais do seu tempo”
Não foi Goebbels que disse isto exactamente, mas todo o discurso anda lá perto. Ou o jeito que dá ter um Sec. Estado do Cinema do Cinema, Audiovisual e Media. Meus caros srs., dispenso esta vossa vontade de me educar.
Não foi Goebbels que disse isto exactamente, mas todo o discurso anda lá perto. Ou o jeito que dá ter um Sec. Estado do Cinema do Cinema, Audiovisual e Media. Meus caros srs., dispenso esta vossa vontade de me educar.
quinta-feira, 21 de maio de 2020
quarta-feira, 20 de maio de 2020
segunda-feira, 18 de maio de 2020
DANTE: O NONO CÍRCULO DO INFERNO
“Do aflito reino o imperador eu via:
Do gelo acima o seio levantava.
A um gigante igualar eu poderia”
Publicado originalmente no Diário de Coimbra de 18 de Maio de 2020
Do gelo acima o seio levantava.
A um gigante igualar eu poderia”
O Portão do Inferno não tem porta, nem fechaduras, nem nada de
especial. Apenas um letreiro que diz: “Deixai toda a esperança, ó vós que
entrais”. A partir daquela porta as almas deixam de ter o livre-arbítrio de que
gozavam na sua vida anterior, passando a assumir apenas o castigo das opções
tomadas. E foi por essa porta que Dante entrou para conhecer o Inferno,
tendo-se-lhe juntado logo à entrada o espírito de Virgílio que o encaminhou pelos
diversos círculos do Inferno.
Como sabemos, no Inferno de Dante, à medida que se vai descendo
nos círculos a gravidade dos pecados vai aumentando e o nono é o último,
portanto o local dos piores pecados: a Traição.
Ao saírem do oitavo círculo, Virgílio e Dante encontram os seis
gigantes que, acorrentados em poços congelados por terem atraiçoado Júpiter,
impedem a passagem ao nono círculo. Um deles, Anteu, ajuda-os a passar ao lago congelado
Cócite,
o nono círculo do Inferno, o fundo do funil dos círculos do Inferno, já perto
do centro da Terra. É lá que estão imersos os que cometeram o pior dos crimes,
a traição, sendo a morada do próprio Lúcifer, o traidor de Deus que nas bocas
das suas três cabeças exibe três grandes traidores: Judas que atraiçoou Cristo,
Brutus e Cássio que traíram imperadores romanos.
Correspondendo à gravidade da traição cometida, os traidores
estão distribuídos por quatro esferas: Caína, Antenora, Ptolomeia e Judeca cujas
designações remetem cada uma para um
traidor famoso.
Das quatro esferas que constituem o nono círculo do inferno, as
duas últimas castigam precisamente os maiores pecadores de todos. O nome da
esfera Ptolomeia remete para Ptolomeu, que convidou Simão e os seus dois filhos
para o seu castelo em Jericó, para os matar traiçoeiramente, depois de lhes dar
de beber em quantidade. As almas dos que penam nesta esfera estão dentro do
gelo, tendo apenas as caras de fora onde as lágrimas se congelam
instantaneamente. São assim eternamente castigadas por traírem os que convidaram
para as suas próprias casas, os seus estabelecimentos, as suas instituições.
Já a última esfera remete para Judas Iscariotes que
historicamente se converteu no próprio nome da traição, Na esfera da Judeca,
são castigados os que atraiçoaram os seus líderes e estão totalmente imersos no
gelo, com a única excepção do próprio Lúcifer metido no gelo até metade do
peito.
Dante Alighieri nasceu em Florença em Maio de 1265 e é a prova
de que, ao contrário do que muitos iluministas séculos mais tarde tentaram
fazer crer, a Idade Média não foi a idade das trevas. Das suas muitas obras
sobressai a “Divina Commedia” considerada uma das obras mais importantes da
literatura universal, pela sua composição mas também pelo seu carácter
eminentemente enigmático e pelo número e carga das alegorias que contém. A
obra, dividida em trinta e quatro cantos, é composta por três partes, sendo o
Inferno precisamente a primeira, e o Purgatório e o Paraíso as outras duas,
sendo que nesta última viagem é guiado pela jovem Beatriz Portinari. A sua
influência na Cultura universal é enorme, tendo suscitado obras dos mais
diversos artistas, desde músicos como Liszt a pintores como Botticelli, De
Chirico, Delacoix e muitos outros.
A leitura desta obra-prima com setecentos anos deveria ser
aconselhada a todos os que, de alguma forma, ascendem a lugares de proeminência
social, económica ou mesmo, quase que diria principalmente por se tratar do
bem-comum, política. Aí aprenderiam como os principais pecados, diremos hoje más-acções
ou crimes, são aqueles que se relacionam com faltas cometidas perante quem
convida para esses lugares, mas também precisamente por quem convida. Algo
muito mais importante do que agir apenas de acordo com as leis do momento. Os
leitores portugueses que queiram conhecer a “Divina Commedia” até têm hoje a
vida facilitada, por disporem de uma recente tradução portuguesa, da autoria de
Vasco Graça Moura.
As alegorias de Dante aplicam-se às sociedades de todos os tempos. Nos
dias de hoje podemos estar a falar de simples empregos em empresas, mas também
dos cargos máximos de administração. Ou de governos em que chefes e
subordinados não se devem atraiçoar reciprocamente, ainda que por omissão,
esquecendo-se que estão num palco cuja plateia é toda a população de um país.
Fariam bem em lembrar-se do gelo do esquecimento das duas últimas esferas do
nono círculo do Inferno de DantePublicado originalmente no Diário de Coimbra de 18 de Maio de 2020
Que impertinência
O INE confirmou que o valor da carga fiscal aumentou 4% em 2919 para 74 mil milhões de euros, situando-se em 34,8% do PIB,
o mesmo rácio de 2018. Recordemos que em 1995, no primeiro ano do
governo socialista de Guterres, a carga fiscal era de 29,2% e quando ele
fugiu do "pântano" deixou uma carga fiscal de 31.1%. O seu sucessor
Sócrates recebeu uma carga fiscal de 30,9% e quando foi estudar para
Paris deixou uma de 33,3%.
Daqui: https://impertinencias.blogspot.com/2020/05/cronica-da-asfixia-da-sociedade-civil_18.html#more
Daqui: https://impertinencias.blogspot.com/2020/05/cronica-da-asfixia-da-sociedade-civil_18.html#more
quarta-feira, 13 de maio de 2020
terça-feira, 12 de maio de 2020
Obama em 2014
«There may and likely will come a time in which we have…an airborne
disease that is deadly. And in order for us to deal with that
effectively, we have to put in place an infrastructure—not just here at
home, but globally—that allows us to see it quickly, isolate it quickly,
respond to it quickly…So that if and when a new strain of flu, like the
Spanish flu, crops up five years from now or a decade from now, we’ve
made the investment and we’re further along to be able to catch it.»
Recolhido em https://impertinencias.blogspot.com/
Recolhido em https://impertinencias.blogspot.com/
segunda-feira, 11 de maio de 2020
E AGORA, EUROPA?
A decisão tomada
a semana passada pelo Tribunal Constitucional Alemão (TCA) foi um duche de água
fria nos voluntarismos europeus para encontrar rapidamente meios de apoio
comunitários às consequências económicas da pandemia COVID-19. Embora a decisão
não tenha sido contrária às medidas previstas pelo Banco Central Europeu (BCE),
contudo o TCA solicitou ao BCE explicações sobre o programa de compra de
activos (quantitative easing) aplicado desde 2015. Cabe aqui referir que, sem
este programa, Portugal nunca teria tido as facilidades de financiamento de que
dispôs nos últimos seis anos, já que a nossa dívida externa nunca o permitiria.
Pela sentença tomada por sete votos contra um, o TCA vem requerer ao BCE que
demonstre, nos próximos três meses, que o programa «quantitative easing» não
viola o princípio da proporcionalidade previsto nos tratados europeus o qual,
no entanto, foi considerado conforme às regras comunitárias pelo Tribunal de
Justiça da União Europeia (TJUE) em 2018.
Surgem, aqui,
duas questões. A primeira é verificar se, de facto, as acções de apoio da
Comissão Europeia e do BCE aos diversos países em causa, incluindo Portugal, ao
longo dos últimos 6 anos, encontram o devido respaldo nos tratados europeus. Depois,
é a própria estrutura organizativa da União Europeia que está em causa, já que
a entrega voluntária de soberania dos países para a EU significa que as
instituições nacionais se devem submeter às comunitárias, de acordo com os
tratados incluindo, claro, as alemãs; acresce que o BCE foi constituído com uma
independência própria, precisamente à imagem e semelhança do próprio Banco
Central Alemão, o Bundesbank.
A questão é
grave, dado que no Bundesbank está parqueado um quarto das dívidas compradas
pelo BCE e, caso não obtenha resposta satisfatória, o TCA ameaça ordenar ao
Bundesbank que abandone o «quantitative easing» e que recoloque no mercado os
534 mil milhões de euros de activos adquiridos no âmbito do programa.
Há uma noção
generalizada de que, efectivamente, as instituições europeias, perante as
crises dos diversos países desde 2010 até hoje, terá andado a adiar reformas
necessárias e urgentes na sua organização, tarefa política difícil e muito
complicada de levar a cabo pela dimensão que hoje tem a União Europeia e os
diversos interesses nacionais e regionais, preferindo fechar os olhos ao
estrito cumprimento dos tratados relembrem-se, por exemplo, as regras
referentes ao défices e dívidas públicas.
As respostas a
estas questões ditarão o futuro da União Europeia da qual, convém lembrar, já
saiu o Reino Unido abrindo o caminho a outras saídas.
Há um conjunto
de países que nem podem ouvir falar em sair da União e/ou do Euro, que são
aqueles cuja saída, em função da falta de competitividade e elevadas dívidas,
os atiraria para uma tragédia sem descrição possível. Entre eles está
precisamente Portugal, acompanhado pela Espanha, Itália e Grécia. Do lado oposto
estão a Alemanha e a Holanda que, ao contrário daqueles, criaram excedentes
comerciais consideráveis o que lhes permite agora dedicar uma percentagem
apreciável do PIB aos apoios às suas economias pela crise económica
consequência da pandemia. Enquanto Portugal prevê destinar 4,4% do PIB em
políticas de crédito e orçamentais e a Espanha 8%, a Alemanha prevê para o
mesmo fim 29,8% do seu PIB, o que irá agravar ainda mais o fosso entre os
países ricos do Norte e os endividados do Sul, se não houver uma política comunitária
de redistribuição justa.
No passado dia 8
de Maio passaram 75 anos sobre a capitulação alemã marcando o fim da Segunda
Grande Guerra na Europa. Não deve haver na História europeia um período de
tempo tão alargado sem guerra, o que é um activo humano de valor incalculável.
A União Europeia surgida no caminho, alargamento e aprofundamento da Comunidade
Económica Europeia-CEE encontra-se numa encruzilhada provocada agora, não pelo
Homem, mas pela Natureza que desde sempre foi enviando uns vírus para nos pôr à
prova e o fez agora de novo.
Claro que, ao
contrário do que aconteceu com as palhaçadas dos ministros da Holanda, agora,
entre nós, impera um silêncio gritante mostrando que o respeitinho é muito
bonito e é fácil ter voz grossa com os pequenos e fininha com os fortes. Sinal
de que, desta vez, a questão é mesmo séria e todos devemos ter consciência
disso.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra, em 11 de Maio de 2020
sexta-feira, 8 de maio de 2020
quinta-feira, 7 de maio de 2020
Anti-parlamentarismo
É cada vez mais frequente assistir a tomadas de posição anti-parlamentares. Em vez de se criticar politicamente opções políticas com que se discorda, atira-se directamente à Assembleia da República como instituição.
Mal. Isso é atirar à Democracia. Claro que, como todas as instituições, os parlamentos têm defeitos de funcionamento. Mas as vantagens superam esses problemas.
O resumo do anti-parlamentarismo está aqui:
«Eu sou de facto, profundamente anti-parlamentar, porque detesto os discursos ocos, palavrosos, as interpelações vistosas e vazias, a exploração das paixões não à volta de uma grande ideia, mas de futilidades, de vaidades, de nadas sob o ponto de vista nacional…»
Esta é a transcrição de parte de uma entrevista de Salazar a António Ferro em 1932. Impressiona ver tanta gente hoje em dia, a repetir estas palavras, sem fazer a mínima ideia do seu significado profundo e das consequências de serem levadas à prática.
Mal. Isso é atirar à Democracia. Claro que, como todas as instituições, os parlamentos têm defeitos de funcionamento. Mas as vantagens superam esses problemas.
O resumo do anti-parlamentarismo está aqui:
«Eu sou de facto, profundamente anti-parlamentar, porque detesto os discursos ocos, palavrosos, as interpelações vistosas e vazias, a exploração das paixões não à volta de uma grande ideia, mas de futilidades, de vaidades, de nadas sob o ponto de vista nacional…»
Esta é a transcrição de parte de uma entrevista de Salazar a António Ferro em 1932. Impressiona ver tanta gente hoje em dia, a repetir estas palavras, sem fazer a mínima ideia do seu significado profundo e das consequências de serem levadas à prática.
terça-feira, 5 de maio de 2020
segunda-feira, 4 de maio de 2020
JORNAIS
Não ligamos
muito a cada um deles. De tal forma que, depois de lido, vai para a reciclagem.
Muitas vezes, irritamo-nos com o que lá vem escrito. Mas é como se passa com os
velhos amigos: discute-se, anima-se a conversa e, no fim, venha de lá aquele
abraço. Na realidade, a vida seria diferente, para pior, se não existissem.
A existência dos
jornais tem passado pelas mais diversas dificuldades, desde que surgiu o
primeiro jornal em papel, na China, há mais de mil anos, desde censuras a
concorrência de outros meios como sucede hoje com a internet.
Jornal é
sinónimo de Liberdade. Liberdade de opinião, desde logo. Mas também liberdade
de associação e económica. Em conjunto, é a Liberdade de Imprensa, cujo dia
mundial se celebrou precisamente no dia de ontem.
A presente crise
constitui também uma ameaça aos jornais. Desde logo, pela queda abrupta da
actividade económica que dita uma diminuição equivalente de receitas de
publicidade, essenciais para a sua sobrevivência económica. Depois, porque a
prevalência de um assunto de notícias durante um prolongado período de tempo,
cansa os leitores, diminuindo o interesse pela leitura dos jornais. Acresce
algo que se está a passar de forma avassaladora, que é a partilha de jornais e
revistas pela internet, essencialmente pelo WhatsApp. Já não é a partilha de
artigos, que todos fazemos de uma ou de outra maneira, que até poderá será
vantajosa para as respectivas publicações ao indicar-se a origem, mas de
publicações inteiras. Sei que grandes publicações estão a ser gravemente
afectadas por este fenómeno que se reflecte de imediato, imagine-se em quê? Em
reduções no que pagam aos seus colaboradores, para além da dispensa de outros.
Estimado leitor, pense nisto antes de partilhar publicações: há alguém que
sofre por causa disso.
Uma das medidas
governamentais de apoio à actividade económica consiste na compra de
publicidade nos jornais no montante de uns 15 milhões de euros. Trata-se,
evidentemente, da maneira mais fácil de fazer chegar o necessário dinheiro às
publicações periódicas, mas será a pior possível. Por duas razões imediatas:
por um lado a publicidade institucional cria dependência política; por outro
lado, é de imediato favorecido o partido governamental do momento que, como é
bem sabido, e seja ele qual for, só por o ser ocupa de imediato uma imensidão
de organismos e dependências do Estado por todo o país, instituições essas
objecto da publicidade paga pelo Governo.
Dentro do
universo dos jornais, há alguns que têm um interesse suplementar por uma
característica muito própria: são os jornais locais ou regionais. Há quase 15
anos que tenho a honra de poder colaborar semanalmente num dos mais notáveis
jornais locais de Portugal, o Diário de Coimbra. O DC está a celebrar o seu 90º
aniversário, já que o seu primeiro número foi para as bancas em 24 de Maio de
1930, tendo o seu número zero saído no anterior mês de Abril. Nesse número se
dava a justificação para o seu surgimento, em defesa da Região das Beiras e da
cidade de Coimbra, «dotando-a de um jornal destinado a pugnar pelos interesses
da “malfadada região”, em cuja extraordinária importância os poderes políticos
nunca atentaram como deviam».
Como todos sabemos, mas não é demais recordar,
foi fundado por Adriano Lucas tendo, a partir de 1950, a sua Direcção sido
assumida pelo filho Eng. Adriano Lucas, até ao seu falecimento em 2011. Durante
o regime autoritário e não-democrático auto-nomeado Estado Novo a sua
publicação esteve suspensa durante um ano por se opor à censura e depois,
restituída a Liberdade em 74, o Eng. Adriano Lucas foi voz activa e
determinante para que a Lei de Imprensa significasse de facto aquilo por que
lutara toda a vida. Caso único entre os jornais diários portugueses, o DC
mantém-se na propriedade da família do seu fundador, garantia de que as suas
preocupações editoriais de sempre se mantêm como farol indicador do seu rumo,
ao contrário de tantos jornais nacionais que foram referência e se
transformaram em algo incaracterístico ao serem comprados por quem nada tinha a
ver com a sua História.
Também o Diário de Coimbra está a sofrer com as consequências económicas
da pandemia que atingiu o mundo. A importância da sua subsistência não está na
sua História, certamente importante mas passado, antes no que nos poderá ainda
dar no futuro. É por isso que, hoje, é crucial lermos o Diário de Coimbra e assiná-lo
ou comprá-lo para o efeito.Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 4 de Maio de 2020
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