Citando Joaquim Aguiar, no Jornal de Negócios:
«Uma sociedade dividida é estruturada por polarizações (antagonismos baseados em conflitualidades de tipo étnico, de tipo religioso ou justificados pelas interpretações da origem das desigualdades sociais, que produzem visões do futuro radicalmente distintas) que geram democracias instáveis e poderes políticos débeis. (...)
Uma
sociedade dividida por polarizações políticas configura um específico
campo de possibilidades, que fica mais orientado para o distributivismo
interno (para reduzir a conflitualidade) do que para a comparação
competitiva com as outras sociedades e, menos ainda, para a preparação
da defesa contra possíveis intenções externas de dominação. Uma
sociedade dividida é uma sociedade virada para dentro de si própria. E a
sua preferência pelo distributivismo implica que tenha uma grande
tolerância ao endividamento, que pode mesmo evoluir para uma propensão
natural, e à estagnação do seu crescimento económico, que aparece como o
efeito natural dessa divisão polarizada da sociedade.
O
campo de possibilidades de uma sociedade dividida, que é também um
sistema político de poder débil, encontra o seu obstáculo intransponível
quando chega ao fim a possibilidade de recurso ao endividamento de que
depende para sustentar o distributivismo que usa para reduzir a
conflitualidade - mas que não serve de nada se não conseguir escapar à
estagnação do seu crescimento económico e dos seus indicadores de
competitividade.»
Nos últimos anos temos assistido a uma polarização que traz à tona extremismos artificiais mas que marcam fortemente o ambiente político e social, com consequências evidentes no desenvolvimento económico.
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