Com a cadência de um metrónomo, o tema da corrupção tanto enche as páginas dos jornais como sai delas rapidamente, substituído por questões magnas como a idade dos jogadores de futebol.
É um tema que dá sempre grandes parangonas e protagonismo a quem desata a fazer grandes denúncias, infelizmente quase sempre genéricas.
Não é certamente por acaso que se vê personalidades que publicamente tentam lutar contra este fenómeno serem convidadas para exílios dourados no estrangeiro.
O que é um facto é que todos temos a noção de que ela existe e tem uma grande importância no contexto da nossa economia.
De acordo com a “transparency international” Portugal é o terceiro país mais corrupto da união europeia a 15. Pior mesmo só a Grécia e a Itália. A nível mundial estamos na média, o que não é nada satisfatório.
Não há muito tempo um estudo do Banco Mundial concluiu que, se a corrupção fosse completamente eliminada no nosso país, o rendimento “per capita” triplicaria, colocando-nos ao nível da Finlândia. É fácil concluir que ao lado do Estado que nos cobra impostos, existe uma outra entidade que, de uma forma oculta, nos impõe genericamente um outro imposto que não serve para pagar educação, saúde nem outras funções do Estado e sim para engordar contas situadas sabe-se lá onde. E ainda por cima é uma canga sobre a economia que a puxa para baixo, baixando de forma gravosa o nível de vida médio dos portugueses.
Ouvimos constantemente personalidades ao mais alto nível afirmarem que a sua Ética é a lei da República. Isto é, pode-se fazer tudo, desde que não seja expressamente proibido.
Claro que os valores éticos têm que ser assumidos individualmente e que, quando não existem, não se pode esperar que sejam seguidos.
Nos dias de hoje em que a organização social e económica valoriza o sucesso a qualquer preço, para além da perseguição aos casos concretos que deve ser permanente, há duas saídas para evitar o crescimento da corrupção. Uma delas é regulamentar tudo para evitar aberturas por onde se possa corromper e ser corrompido. Como é evidente, isto é impossível, sob pena de se asfixiar toda uma sociedade. A outra passa pela Educação, o que notoriamente não está a ser feito. O actual caminho laicista para a Educação tende a eliminar uma das principais fontes de ética pessoal, que é a Moral. A política educativa existente torna-se assim um dos principais factores de sustentação da corrupção em Portugal e há que tomar consciência disso.
Publicado no DC em 4 Fevereiro 2008