quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

As nossas ajudas

Os jornais de hoje anunciam medidas económicas do Governo que visam incentivar a troca de automóveis, para ajudar o sector automóvel.
Porquê o sector automóvel?
As outras áreas económicas não estão em crise?
No fim de semana passado soube-se que, pela primeira vez em vinte anos, os casinos estão a perder dinheiro. Não se arranjam por aí uns euros para ajudar os amigos dos casinos?
Agora a sério. Todo o país está ou vai estar em recessão. Esta obsessão de ir a correr atrás de sector em crise está a criar injustiças profundas e a cavar um buraco no défice que todos vamos pagar com línguas de palmo, muito em breve.
Lembram-se das consequências das nacionalizações do Vasco Gonçalves que andámos a pagar durante dezenas de anos?
Pois a continuar assim, num dia destes acordamos e o Estado é outra vez dono de mais de 50% do PIB.



terça-feira, 2 de dezembro de 2008

DON'T STOP THE DANCE

Às vezes apetece revisitar os tempos da vida sem preocupações.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

BIOMBOS

Quem tenha acompanhado a comunicação social nos últimos dias não poderá deixar de se ter admirado com o número de “notícias” e de comentários sobre dois protagonistas improváveis da nossa vida colectiva, atendendo ao momento crítico que se vive: a presidente do PSD, Dra. Manuela Ferreira Leite e o Presidente da República, Prof. Cavaco Silva.

A Dra. Ferreira Leite sofreu ataques de todos os lados, quer tenha falado, quer tenha ficado calada, quer tenha falado sério, quer tenha ironizado.

A líder do PSD não pode propor descida de impostos para enfrentar a actual crise, no que está bem acompanhada pela Comissão Europeia e pelo ex-ministro das Finanças Campos e Cunha, porque o controle do défice é que é necessário.

Não pode colocar em causa as decisões sobre os grandes projectos sem garantir a sua sustentabilidade e papel efectivo na competitividade, no que é igualmente acompanhada pelo Prof. Campos e Cunha, porque esses projectos serão necessários para a recuperação da economia, o que está ainda por provar.

Não se pode queixar do tratamento da comunicação social às suas intervenções, porque é queixinhas e não pode pretender condicionar a comunicação social.

Se fossem precisos exemplos para demonstrar que tem razão nessa queixa, os últimos dias deram-lhe inteiramente razão. A Dra. Ferreira Leite propôs há quase dois meses uma alteração no pagamento do IVA para ajudar as pequenas e médias empresas, passando essa entrega ao Estado a efectuar-se aquando do pagamento e não no momento da emissão da factura. Aqui d’el rei, que a Dra. Ferreira Leite é incompetente e não percebe nada disso, porque as normas da União Europeia proibiriam essa alteração. Pois bem, a semana passada a Comissão Europeia veio informar que não tem nada contra essa alteração. O leitor encontrou alguma referência na comunicação social a essa posição e ao facto de ir de encontro ao proposto pela Dra. Ferreira Leite?

Quanto ao Presidente da República, assiste-se igualmente a uma barragem de ataques enviesados com base em financiamentos que a sua candidatura recebeu de forma totalmente legal e na situação de um Conselheiro de Estado que ele deveria demitir, o que até lhe está vedado pela lei.

Isto é, a gravíssima crise financeira que também já é económica e a aproximação de uma série de actos eleitorais, parecem levar à criação de criar biombos artificiais que escondam a realidade.

Mas a realidade surge de todo o lado.

Só nos últimos dias, para além da revisão sistemática e quase semanal das previsões económicas em baixa, foram conhecidos relatórios que reflectem a gravidade do que se passa.

Assim, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística, o indicador de clima económico caiu em Novembro pelo sexto mês consecutivo, para o nível mais baixo desde 1989, com especial intensidade na indústria transformadora; por outro lado, o indicador de confiança dos consumidores baixou para o nível mais baixo desde 1986.

Por mais biombos que se coloquem, a verdade é que a realidade da crise se está a impor com tal força que já não pode ser escondida, sendo crucial juntar esforços para a enfrentar e não escamoteá-la.


Publicado no Diário de Coimbra em 1 de Dezembro de 2008


domingo, 30 de novembro de 2008

Sermão do Bom Ladrão

Neste "ano vieirino" não há como recordar alguns dos melhores sermões do P. António Vieira.
Peço desculpa por não começar pelo "sermão aos peixes", mas este é particularmente adequado ao presente e os "reis" de hoje fariam bem em conhecê-lo:

"Levarem os reis consigo ao Paraíso ladrões não só não é companhia indecente, mas ação tão gloriosa e verdadeiramente real, que com ela coroou e provou o mesmo Cristo a verdade do seu reinado, tanto que admitiu na cruz o título de rei. Mas o que vemos praticar em todos os reinos do mundo é tanto pelo contrário que, em vez de os reis levarem consigo os ladrões ao Paraíso, os ladrões são os que levam consigo os reis ao inferno."

FURACÃO

Ouvi hoje a Dra. Cândida Almeida, directora do DCIAP, dizer que a Polícia Judiciária foi afastada da investigação da Operação Furacão, sem indicar as razões.
Esta afirmação, embora tenha adiantado grandes elogios à PJ, permite todas as dúvidas sobre a actuação da PJ, o que só pode provocar a maior perplexidade e desconfiança.
Ficou criada mais uma situação insustentável na sociedade portuguesa, precisamente numa área que necessita de calma, sobriedade e confiança de todos: a Justiça.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Recessão

Vem aí a recessão. Da estagnação (essa palavra proibida) vamos passar à recessão.
Pior ainda: pode vir o ar gelado da estagflação.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

MONEY

A canção do momento


Botas feitas para caminhar

Para caminhar é preciso botas (ou sapatos).
Ou de como a Nancy Sinatra até tinha mais mensagem do que parecia.


FUGA PARA A FRENTE

O Conselheiro de Estado.

Numa situação com a delicadeza da que se atravessa com o BPN, a fotografia tem que ficar composta, de modo que a confiança pessoal é agora reiterada e daqui a uma semana ou coisa parecida perante novos desenvolvimentos que certamente não deixarão de surgir, o próprio pede a renúncia ou suspensão, para não colocar minimamente em causa o Presidente.
No meio de tudo isto há outra entidade que parece ter descoberto um estranho gosto por sofrer em silêncio, que é o PSD. As solidariedades são para se ter perante quem as merece e, nesse caso, afirmam-se claramente.
Um partido, ainda por cima a menos de um ano de eleições, não pode ter a sua actual postura. Das duas uma: se desconfia que o seu antigo dirigente tem algo a apontar, distancia-se e afirma-se claramente quanto à questão; caso contrário, corre o risco e atravessa-se em sua defesa. Em qualquer caso, tem é que levantar rapidamente a cabeça, porque os seus militantes não têm culpa nenhuma do que está a acontecer. Diria mesmo: e muito menos culpa têm os restantes portugueses que necessitam de sentir uma alternativa política como de pão para a boca.
Para facilitar a análise da situação, aqui ficam duas citações:

1:

Do Estatuto do Conselho de Estado:



Artigo 5.º
(Termo de funções)

1. Os membros do Conselho de Estado a que se referem as alíneas a) a e) do artigo 2.º mantêm-se em funções enquanto exercerem os respectivos cargos.

2. O exercício do cargo dos membros do Conselho de Estado a que se referem as alíneas g) e h) do artigo 2.º cessa com o mandato do Presidente da República que os tiver designado ou com o termo da legislatura da Assembleia da República que os houver eleito, mas mantêm-se em funções os membros cessantes até à posse dos que os substituírem nos respectivos cargos.

3. As funções de membro do Conselho de Estado cessam ainda por renúncia, morte ou impossibilidade física permanente, nos termos e condições previstos nos artigos seguintes.


Artigo 14.º
(Inviolabilidade)

1. Nenhum membro do Conselho de Estado pode ser detido ou preso sem autorização do Conselho, salvo por crime punível com pena maior e em flagrante delito.


2:

Da TSF em 25 de Nov. de 2008:

"O Presidente da República afirmou, esta terça-feira, que mantém a confiança em Dias Loureiro, antigo administrador da Sociedade Lusa de Negócios, que detinha o BPN. Cavaco Silva disse que o conselheiro de Estado lhe garantiu não ter cometido qualquer ilegalidade no BPN."