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sexta-feira, 27 de março de 2009
quinta-feira, 26 de março de 2009
Magellan desease
Pelos vistos o ministério da Educação desconfia que alguém anda a dar ao "computador" Magalhães um fim diferente do previsto, isto é, andarão a ser vendidos na candonga, imagina-se que ao desbarato. Nada que não se tivesse previsto em devido tempo. Quando começou a distribuição dos Magalhães à borla ou a baixo preço (subsidiado sabe-se lá por quem), logo disse que gostava de saber quantas máquinas continuariam com o mesmo dono daí a quatro meses. Meu dito, meu feito. Vem agora o ministério descobrir a nova figura do "bufo magalhães" , desafiando quem souber de casos destes às autoridades, sejam elas quem forem...Já não há pachorra para as histórias relacionadas com esta história( escolha do fabricante, Chavez, Cabo Verde, etc.)
Mais nada
«O anúncio da RTP à principal rádio do Estado, a Antena 1, tinha uma mensagem claramente política, sendo absolutamente evidente o seu ponto de partida contra manifestações antigoverno. Está tudo tão errado neste caso que é difícil resumir todos os erros. O horror começa na agência publicitária BBDO. Para criar um anúncio de promoção da rádio de “proximidade”, inventou um diálogo entre um imaginário ouvinte, o “Rui”, com uma nada imaginária Eduarda (Maio), subdirectora de Informação da Antena 1 e uma das principais vozes desta estação do Estado na qualidade de “jornalista”. O anúncio é político. O “Rui” está no carro, no meio do trânsito; Maio diz que a emissão passará dentro em pouco para o debate da tarde no parlamento. A cena passa-se às 11h23, o que torna o anúncio errado em termos da sua própria realidade (não tem havido manifestações de manhã). Maio dirige-se ao “Rui” dizendo-lhe para não seguir por certa rua, cortada por causa duma manifestação. O “Rui” não sabia. Subentenda-se: ele é o cidadão que não liga a “politiquices”, só quer ir trabalhar (enfim, às 11 e meia da manhã), é para quem o governo trabalha, enquanto a manifestação está “contra” o Rui, contra quem trabalha. O “Rui” pergunta: “E desta vez é contra quê?” Nota-se no texto um a priori contrário a manifestações de oposição ao poder instalado, pois não sendo obrigatório que as manifestações sejam “contra”, o texto posto na boca do “Rui” e de Maio aponta para aí. Isto é, autores e intérpretes assumem uma posição contra as manifestações e, por arrasto, a favor do governo, o alvo das manifestações “contra”. Mais grave é a resposta de Maio: “pelos vistos é contra si”. Acrescentando depois: “contra quem quer chegar a horas”. Isto é, a jornalista Eduarda Maio, subdirectora de Informação da Antena 1, declara que manifestações contra o governo são contra os cidadãos. O texto em off também é incrível, dado que, depois deste diálogo opinativo, fala dele como indicador de que a Antena 1 dá a “actualidade” informativa. A gravidade deste anúncio é enorme, residindo em especial no facto de o anunciante ser uma estação pública, paga pelos contribuintes e dependendo do governo. O anúncio é não só anticonstitucional no seu teor contra as manifestações, como disseram os provedores da rádio e TV da RTP, como, pior ainda, é a favor do governo. O anúncio é protagonizado por uma jornalista que é, para cúmulo, uma das responsáveis da estação. É gravíssimo que Eduarda Maio tenha dado voz a este anúncio, aceitando o seu teor. A sua desculpa posterior (limitou-se “à leitura em estúdio de alguns textos”!) é vergonhosa. O anúncio é eticamente inaceitável para qualquer jornalista e, em especial, duma estação pública. O reclame foi visto e aprovado pelos responsáveis da rádio e da TV, ninguém levantou qualquer problema ao conteúdo do anúncio, pelo contrário, todos aprovaram um anúncio claramente político, contra manifestações e de tom favorável ao governo. É inacreditável e inaceitável o comportamento da BBDO, de Eduarda Maio, da direcção de Informação, da direcção de Programas da RDP, da RTP no conjunto. Marina Ramos, ex-jornalista e agora porta-voz da RTP, limitou-se a dizer que o anúncio promovia um género de programas e que foi aprovado. Parece que estamos numa ditadura, em que as pessoas fingem que não pensam, engolem, e apresentam-se como não responsáveis pelos seus actos. Só depois de os provedores, Paquete de Oliveira e Adelino Gomes, proferirem um comentário devastador para o anúncio, a Administração da RTP o mandou retirar de antena. Segundo li, Eduarda Maio ainda veio acusar o Público de “manipulação” (!) por ter ilustrado uma notícia sobre o caso com uma foto do lançamento do seu livro panegírico de inesquecível título, “O Menino de Ouro do PS”. Como se fosse possível dissociar a Eduarda Maio que é responsável numa estação do Estado (e do Governo) da Eduarda Maio que faz um anúncio contra os adversários do governo e da Eduarda Maio que fez um livro de pura propaganda do chefe do governo. O mais grave de tudo? Isto ter sido possível num regime democrático e ter como protagonistas jornalistas, ex-jornalistas, publicitários que deveriam ser cuidadosos e dirigentes empresariais que costumam ter cuidado com as matérias políticas. E foi possível devido ao ambiente de sufoco das liberdades, de acção continuada e extensíssima de uma central de propaganda do governo, e à cumplicidade, anestesia, medo ou complacência da classe jornalística nos media dos Estado. Só após quatro anos de um governo inimigo da imprensa livre e fautor da mais massiva propaganda do pós 25 de Abril, um anúncio destes pôde chegar à TV do Estado. Uma coisa assim não acontecia desde 1975. É uma lição sobre o ponto a que pode chegar, numa democracia, a propaganda e a “engenharia das almas” do tipo fascista.»
O melhor do mundo
quarta-feira, 25 de março de 2009
terça-feira, 24 de março de 2009
segunda-feira, 23 de março de 2009
PÚBLICO E PRIVADO
Na apresentação das contas da GALP, o CEO da empresa voltou a afirmar que nunca esquece que o principal dever de um gestor é “criar valor ao accionista”.
Uma determinada interpretação desta afirmação foi uma das razões que levou ao desastre financeiro e económico a que assistimos hoje no mundo inteiro.
Penso ser inquestionável que as empresas são a base do actual desenvolvimento do nosso mundo. Ao seu funcionamento se deve a qualidade de vida e conforto a que um número cada vez maior de pessoas se foi habituando nas últimas décadas.
Mas a criação de valor pelas empresas vai muito mais longe do que a distribuição anual de dividendos pelos respectivos accionistas e prémios aos gestores. As empresas não existem só por si, como entidades abstractas e autónomas. Para além dos detentores do capital, existem os seus trabalhadores com as respectivas famílias, os seus fornecedores a montante e os seus clientes a jusante.
Para outras, existe ainda o bem público que lhes é autorizado utilizar, como sucede com as concessionárias de serviço público.
Numerosas empresas utilizam o subsolo das nossas ruas para lá instalarem as suas infra-estruturas. É isso que lhes permite funcionar e levar os seus produtos ou serviços aos lares de todos nós, e pelos quais todos pagamos.
Estão nesta situação as distribuidoras de gás natural (caso da GALP), de electricidade, de comunicações, de água, etc.
Sucede que, como qualquer pessoa pode observar directamente, muitas concessionárias procedem às suas obras na via pública sem qualquer consideração por esse bem que todos pagamos com os nossos impostos. Provavelmente aquele princípio de “criar valor ao accionista” acima de tudo leva a poupar o mais possível, inclusivamente onde a sua responsabilidade devia ser maior. Nem se compreende que na execução dessas empreitadas sejam abertas valas que não são tapadas de imediato, ficando com dezenas ou centenas de metros por pavimentar durante os fins-de-semana, libertando pó e sujidade até para dentro das casas. Não se imagina, aliás, que isto possa acontecer nalgumas cidades como Madrid, Londres ou Nova Iorque, por exemplo.
Algum processo tem de haver que impeça estas situações e obrigue na prática as empresas concessionárias a garantir a devida e imediata reposição dos pavimentos das ruas que foram pagos por todos nós. Não deverão ser as Autarquias a arcar com despesas que afinal significam melhores resultados das concessionárias obtidos artificialmente por apropriação indevida do que é de todos.
Publicado no Diário de Coimbra em 23 de Março de 2009