Descalça vai para a fonte
Descalça vai para a fonte
Lianor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.
Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.
Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não segura.
jpaulocraveiro@ gmail.com "Por decisão do autor, o presente blogue não segue o novo Acordo Ortográfico"
quarta-feira, 10 de junho de 2009
CAMÕES
SOPHIA
Pudesse Eu |
Pudesse eu não ter laços nem limites |
O rio da minha aldeia
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
FERNANDO PESOA
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
segunda-feira, 8 de junho de 2009
IMPRESSIONANTE
Guardas do Khmer Rouge matavam bebês de prisioneiros para evitar que, no futuro, eles buscassem vingança pela morte de seus pais, confirmou nesta segunda-feira o carcereiro-chefe do Tuol Sleng, o centro de tortura mais conhecido do regime. Kaing Guek Eav, conhecido como o "camarada Duch", é o primeiro de cinco proeminentes membros do partido a falar diante de um tribunal pelos crimes cometidos entre 1975 e 1979 a mando de Pol Pot no Camboja .
Duch, acusado por crimes contra a humanidade, crimes de guerra, assassinato e tortura, admitiu a responsabilidade pela morte dos bebês. "Quando crianças chegavam ao centro, eu mandava matá-las porque nós tínhamos medo que essas crianças se vingassem", disse o ex-carcereiro, hoje com 66 anos, segundo a agência de notícias Reuters. "Eu tinha que implementar a política do Partido Comunista", acrescentou.
Durante o testemunho, Dutch afirmou que a execução era feita por seus subordinados. Segundo ele, os guardas batiam os bebês contra árvores para matá-los. Ele negou a acusação da promotoria de que crianças eram jogadas de janelas do terceiro andar, o que, de acordo com Duch, provocaria pânico entre os prisioneiros. Estima-se que mais de 14.000 pessoas, entre elas mulheres e crianças, tenham morrido no local, situado em Phnom Penh.
SONDAGENS
O Sol da passada sexta-feira referia, na sequência das indicações dessa "ciência exacta" que são as sondagens, que "Partidos no Governo serão penalizados... mas o PS português foge à regra".
Fiem-se nestes sociólogos tipo ISCTE, fiem-se...
NADAR EM COIMBRA, HOJE
No cumprimento da sua vocação informativa os jornais dão-nos conhecimento da realidade que frequentemente passa ao lado dos grandes títulos que chamam a atenção. Basta que sejam lidos para além da primeira página. É assim que, há poucos dias, o Diário de Coimbra nos deu conhecimento dos resultados de mais um torneio de natação que decorreu no Complexo Olímpico de Piscinas em Coimbra. Ficámos a saber que o balanço do II Meeting Cidade de Coimbra/XXI Torneio Internacional da Queima das Fitas - que contou com a participação de numerosa comitiva de atletas estrangeiros - se saldou por 24 recordes nacionais, 5 tempos de acesso para o Campeonato do Mundo em Roma, 17 tempos mínimos para o Campeonato da Europa de Juniores em Praga, dois mínimos para os Jogos Olímpicos da Juventude em Singapura, para além de muitos outros resultados relevantes ao nível regional e de categorias.
Aproveito para fazer alguns comentários.
Primeiro, este encontro desfaz o mito da “Queima das bebedeiras”. Se algumas acontecem entre os largos milhares que celebram esta grande festa de juventude originária da nossa Universidade, e que muitas outras agora imitam, as bebedeiras não constituem, de forma nenhuma, o centro da Queima das Fitas.
Segundo, os atletas não se cansaram de elogiar as condições das instalações que serviram de palco ao torneio. É conveniente recordar que até há poucos anos o concelho de Coimbra era, de entre os concelhos do distrito, aquele que dispunha de menor área de piscina por habitante. Essa situação foi completamente ultrapassada. Coimbra dispõe hoje, de um número de piscinas públicas que a colocam na linha da frente do país nessa área desportiva. Para além da quantidade, existe ainda a qualidade. Todos nos recordamos que Coimbra não possuía uma piscina olímpica, e que as antigas piscinas não possuíam condições de comodidade ou segurança mínima para a prática da modalidade. Não é à toa que atletas de nível mundial que agora nos visitaram consideraram o Complexo Olímpico de Piscinas de Coimbra como estando à altura do melhor que há na Europa.
Coimbra já foi, em tempos, um alfobre de nadadores, tendo dado origem a grandes campeões; a degradação das instalações desportivas alterou esta realidade. Hoje, assistimos a um novo boom. O elevado número de recordes regionais a que se assistiu neste meeting, com os nossos nadadores a serem “puxados” pelos campeões internacionais, é indicativo de que Coimbra poderá reocupar um lugar cimeiro na natação nacional.
Como os mais modernaços de entre nós gostam de dizer, para correr software avançado, é necessário que o hardware tenha capacidade para tal.
Esta é a situação actual da natação entre nós, que indiscutivelmente significa COIMBRA NO SEU MELHOR.
Publicado no Diário de Coimbra em 8 de Junho de 2009