segunda-feira, 5 de maio de 2014

EQUAÇÃO DO TEMPO



A História da Humanidade mostra-nos que sempre houve civilizações contemporâneas diferentes e quase tão imiscíveis como a água e o azeite. Nas últimas dezenas de anos, contudo, tem-se assistido a uma alteração radical dessa situação. A globalização económica tem provocado uma “normalização” do mundo, aproximando civilizações antes afastadas, sendo a evolução do Japão e, ultimamente da China, talvez os exemplos mais marcantes dessa evolução.

  Uma das consequências destas transformações é uma artificialização crescente das nossas vidas, com o desaparecimento de muitas ligações ao mundo real. Sinais disso mesmo são, por exemplo, a possibilidade de comprar durante todo o ano alimentos que dantes só se encontravam nas estações do ano em que naturalmente se desenvolviam. Ou podermos facilmente encontrar no supermercado da nossa rua alimentos característicos de determinadas partes do mundo situadas nos nossos antípodas.
As tecnologias de informação e, em particular a internet, vieram dar todo um novo e mais perturbante significado às teorias da cibernética. De repente, o mundo tornou-se mesmo uma aldeia global e qualquer acidente no ponto mais remoto do planeta é instantaneamente conhecido em todo o mundo; as transações financeiras passaram a dar a volta ao planeta várias vezes por dia, colocando as ordens nas mãos de máquinas e já não de cérebros humanos.
Com tantos instrumentos electrónicos à nossa volta perdemos a noção do tempo que passou a ser apenas o conhecimento da hora local, eventualmente com uma precisão de muitos milésimos de segundo que não nos serve para nada.

Quem de entre nós mantém a ligação à Natureza, percebendo a razão por que o dia tem legalmente 24 horas? E qual a razão do ano ter 365,242199 dias e não 365 dias inteiros e como se resolve esse problema? E em que consiste o calendário gregoriano e qual o motivoo para que tenha sido adoptado em 1582 em substituição do calendário juliano, assim alterando as datas de todas as efemérides importantes até então?
Se o leitor julga que a hora que o seu relógio preciso até mais não pelo vibrar do cristal de quartzo está sempre certa, engana-se; de facto só está certa quatro dias por ano, porque a Terra na sua rotação à volta do Sol segue uma elipse imperfeita, o que leva a que a duração real dos dias varie entre 23 horas 44 e minutos em 3 de Novembro e 24 horas e 14 minutos em 11 de Fevereiro, havendo quatro dias por ano com uma duração igual à duração média.
Esta diferença é a “Equação do Tempo”, cujo conhecimento exacto é crucial para muito mais aparelhos e situações importantes para o seu conforto do que lhe passa pela cabeça.
Damos também por garantidas situações que são apenas transitórias. E esquecemos o nosso lugar na Terra e no Universo. Estranhamos e bem, claro, as posições extremistas e arrogantes e homocêntricas da Igreja na Idade Média que não aceitava o lugar excêntrico da Terra no sistema Solar e no fundo vivemos hoje em dia como se a existência do Universo se justificasse por e para nós.
A “equação do tempo” é apenas o símbolo de como toda a nossa vida contemporânea esquece o funcionamento do Universo em que apenas habitamos um minúsculo planeta num sistema solar irrelevante e periférico numa galáxia que é apenas uma das mais pequenas entre milhões delas que a cada segundo se afastam a uma velocidade vertiginosa. Mais importante para a nossa vida e dos que se nos seguirão é compreender como o planeta em que habitamos é verdadeiramente importante, não deixando que todas as facilidades da técnica nos façam esquecer de que temos que cuidar dele e, já agora, dos homens e mulheres em concreto que nele vivem.

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 5 de Maio de 2014

segunda-feira, 28 de abril de 2014

IV.Handel Organ Concerto HWV 295 "The Cuckoo and the Nightingale" - IV.A...

MUSICA PARA ESCOLHIDOS (ou o corporativismo no seu pior)



Não foi por acaso que, na transição de um regime não democrático que se intitulava a si mesmo de “corporativista” para um regime democrático, muitos interesses instalados e outros que entretanto se instalaram encontraram grandes facilidades em continuar a garantir facilidades para si próprios. De facto, é difícil perder velhos hábitos compensadores e, pela própria natureza das coisas o Estado Democrático é muito mais permeável à actuação de corporações que se movimentam no seu interior como peixe na água. Deve assim, em Democracia, o Estado ser suficientemente forte para se defender da apropriação por alguns daquilo que é de todos.
Os casos das rendas excessivas na energia e muitas parcerias público privadas, nomeadamente na rede rodoviária, estão aí para o provar e só um cego pode afirmar não o ver.
Mas há muitas outras áreas em que o Estado foi tomado por dentro por interesses corporativos. A Cultura é, evidentemente, uma delas e desde há muito tempo. Verifica-se isso, por exemplo, no que respeita à Música, com injustiças relativas criadas e mantidas e, certamente, muito dinheiro deitado à rua com ineficiências patrocinadas e pagas pelos próprios ministérios da Cultura ao longo de muito tempo.

Os concursos do ministério da Cultura para escolher quais as “orquestras” a apoiar a nível regional cessaram subitamente em 2003: as orquestras escolhidas no último concurso antes dessa data continuam a ser apoiadas pelo Estado, sem qualquer alteração. E assim se mantém a situação, agora por razões de constrangimento orçamental, como se lê no Despacho nº 1793 de 2012, recebendo essas orquestras entre seiscentos e setecentos e sessenta mil euros por ano (esta última a Orquestra do Norte sediada em Amarante).
Orquestras como por exemplo a do Algarve, foram acumulando dívidas gigantescas e o estado o que faz? Tapou o buraco e continua a pagar. Em Guimarães houve uma Capital Europeia da Cultura e muito bem. O que já não esteve bem foi que se tivesse criado uma orquestra exclusivamente para esse ano, no que se gastaram mais de seis milhões de euros. Muito mais barato e sustentável, como hoje se diz, teria sido contratar as várias orquestras já existentes para fazer os concertos previstos, até porque só nas proximidades há duas orquestras profissionais apoiadas pelo Estado (e bem).
E em Coimbra? Na nossa cidade existe a Orquestra Clássica do Centro que recebe da Câmara Municipal um apoio anual de cento e setenta e cinco mil euros. Basta comparar com os números acima referidos para se perceber a diferença de tratamentos por parte dos Governos embora e, felizmente, a actual Câmara Municipal já tenha aprovado o apoio para este ano, garantindo o funcionamento da OCC. A qualidade do trabalho é reconhecida e a adesão do público é uma realidade, como aliás se viu no último concerto de Pascoa, com o Pavilhão Centro de Portugal completamente esgotado.
Para o conseguir, a OCC tem conseguido mobilizar o apoio de diversos mecenas e instituições com quem tem celebrado protocolos de colaboração ao longo dos anos, ultrapassando assim muitas das dificuldades.
Sabendo-se isto tudo, nos últimos anos as principais instituições da Cidade, como sejam a própria Câmara e a Universidade parecia que tinham juntado as mãos para acabar com a OCC. Só assim se compreende a enorme quantidade de concertos realizados em Coimbra pela Orquestra do Norte, pagos por essas entidades. Claro que havia responsáveis que achavam não poder Coimbra suportar uma orquestra clássica ou mesmo sinfónica, bastando uma orquestra de câmara. A política do para quem é, bacalhau basta! ou Coimbra no seu pior. Claro que também na cultura as eleições servem muitas vezes para mandar as ervas daninhas pelo Mondego abaixo.
Mas a questão dos apoios do Estado mantém-se. É insuportável que o ministério da Cultura continue a dormir na forma, garantindo os apoios sempre aos mesmos de forma corporativa, sem dar oportunidade a outros de mostrarem o que valem.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 28 de Abril de 2014

segunda-feira, 21 de abril de 2014

CIDADES E FUTURO



O termo “smart city” entrou já no nosso léxico, embora não seja ainda evidente o seu significado para um cidadão comum. De facto, numa primeira abordagem, para a definição de “smart city” elegiam-se basicamente os factores clássicos de desenvolvimento das cidades com a preocupação de definir a competitividade e o desenvolvimento urbano sustentável, como sejam a economia, a mobilidade, o ambiente, a população, a qualidade de vida e a governança da cidade. Foi nesta perspectiva que, há poucos anos, um grupo de universidades europeias (Viena, Delft e Ljubljana) desenvolveram um estudo em 70 cidades médias europeias, a que chamaram “european smart cities” classificando-as de acordo com aquelas áreas. É de referir que Coimbra ficou colocada em 46º lugar, classificação não muito honrosa, mas também não humilhante, perspectivando a possibilidade de melhoria futura no ranking.
Àquela abordagem, digamos mais clássica, passou a definir-se as “TICE” (Tecnologias de Informação, Comunicações e Electrónica) como base de suporte de uma “Cidade Inteligente” (Smart City), e a abordagem desta questão tornou-se mais ampla e evoluiu para patamares de integração das várias áreas que interessam às cidades. A globalização e a rápida urbanização do mundo, em que a população urbana deverá atingir 70% dentro de poucos anos, criam a necessidade de uma nova perspectiva da evolução das cidades. A procura das cidades para viver indo procurar novas oportunidades, transforma as cidades que irradiam actividades económicas, culturais e sociais.
Recentemente, uma nova abordagem das “smart cities” foi apresentada, integrando aspectos que me parecem essenciais e que não haviam sido devidamente considerados anteriormente. O Centro de Globalização e Estratégia de Barcelona criou o Índice IESE Cities in Motion que inclui dez factores a ter em consideração quando se procura classificar uma cidade como “Smart City” e que são os seguintes: Governança, Gestão pública, Planificação Urbana, Tecnologia, Meio Ambiente, Projecção Internacional, Coesão Social, Mobilidade e Transporte, Capital Humano e Economia.
De acordo com esta análise, uma conclusão que de tão simples que é pareceria óbvia, é que “não há um modelo único de sucesso: o primeiro passo para qualquer cidade será definir o modelo de cidade a seguir e as áreas a melhorar para esse objectivo”.
A União Europeia tem também dado atenção a esta questão nos últimos anos, promovendo trabalhos conjuntos entre diferentes cidades de vários países que consideram ter problemas comuns. É o URB ACT em que Coimbra também participa com cidades como Gdynia na Polónia, Gualdo Tadino e Siracusa em Itália, Mizil na Roménia, Santurtzi em Espanha, Seinajoki na Finlândia e a Triangle Region na Dinamarca, que se juntaram para estudar e propor acções concretas no que respeita a “melhorar serviços públicos através de um processo de inovação aberta”.
A integração dos factores de desenvolvimento urbano que bem podem ser aqueles dez acima apresentados, numa base tecnológica fornecida pelas TICE, será a chave para o sucesso futuro de qualquer cidade. A recuperação dos anos de atraso endémico e ainda o induzido pela estagnação económica dos últimos anos só se poderá conseguir num trabalho que tenha esta abordagem como base. Não nos podemos esquecer que, hoje em dia, e com a integração europeia isso é cada vez mais evidente entre nós, a competição faz-se cada vez mais entre regiões e mesmo cidades e não entre países.

Publicado no Diário de Coimbra em 21 de Abril de 2014

segunda-feira, 14 de abril de 2014

BRUSSELS, WE HAVE A PROBLEM

No final da segunda guerra mundial, a URSS não largou um cm2 que fosse do território que tinha conquistado aos alemães, tendo posteriormente integrado ainda a Jugoslávia e a Albânia à sua área de influência, por detrás do que Churchill chamou a cortina de ferro.

 Como os americanos tornaram bem claro que a República Federal da Alemanha, incluindo Berlim, era a fronteira em que os comunistas de Moscovo não poderiam tocar sob pena de uma resposta nuclear imediata, assim se viveu em guerra fria até Gorbatchov tirar a tampa ao regime e a liberdade irromper, fazendo implodir o império soviético.
A fragilidade de Moscovo no fim do século XX permitiu às nações do Leste da Europa reorganizarem-se como países com base nas fronteiras que tinham sido definidas pelo poder soviético. Boa parte desses países veio mesmo a integrar, quer a União Europeia, quer a própria NATO, virando-se a Ocidente, com desagrado da Rússia, na altura impotente para impor a sua vontade.
A expansão da União Europeia para Leste entroncou numa clara estratégia alemã de dominar a Europa pela via económica facilitada pelo reposicionamento da Alemanha no centro da nova Europa e já não na fronteira a Leste. Cabe aqui dizer que mal andaram países periféricos a Sul e a Ocidente como Portugal que, aquando dessa ampliação da UE, não garantiram o seu próprio futuro na União com consequências hoje claramente visíveis.
Mas a estratégia alemã está finalmente a encontrar um obstáculo eventualmente intransponível. De facto, a Federação Russa foi-se entretanto reorganizando e cedo readquiriu algum poder económico que junta ao militar que nunca perdeu. Em particular, a Rússia exerce hoje um domínio avassalador em todo o Leste europeu no que diz respeito ao fornecimento de gás. As três grandes condutas de gás que, vindas do interior da Rússia chegam ao meridiano de Moscovo vão confluir na Ucrânia e na Bielorrússia, daí irradiando para toda a Europa central. O gás russo significa hoje em dia 24% de todo o gás consumido na Europa 28. Há países que, pela sua localização geográfica ficaram de fora do fornecimento de gás russo como Portugal, a Espanha ou a Grã-Bretanha e encontraram outros fornecedores. Mas há países como a Estónia, a Letónia, a Lituânia ou a Finlândia que dependem do gás russo a 100%. E a generalidade dos países do centro da Europa como a Hungria, a Áustria, a Polónia, a República Checa dependem do gás russo em grande percentagem. A própria Alemanha dele depende em quase 40%.
Grande parte desse gás passa pela Ucrânia. O apoio russo ao anterior presidente da Ucrânia Viktor Yanukovych passava por um grande desconto ao gás consumido pela Ucrânia em troca de este país não se aproximar da União Europeia. Depois do teste da Crimeia, Putin concluiu com facilidade que a União Europeia não tem, nem a vontade, nem os meios para impedir a Federação Russa de mais uma vez agir naquela que considera a sua zona natural de influência. Foi assim que na semana passada enviou uma carta aos 18 países da EU clientes do gás russo com as suas exigências. Putin, que já anulou o desconto ao gás para a Ucrânia, exige que este país pague de imediato a factura referente a Março e cortará mesmo o fornecimento se as dívidas em atraso não forem pagas, informando ainda que daqui para a frente vai exigir o pagamento adiantado do gás fornecido à Ucrânia.
Se a União Europeia tem alguma estratégia para responder a Putin, não parece. A dependência energética do gás russo é avassaladora e a gigantesca Gazprom “entra” com a maior facilidade nos meandros políticos europeus, como se viu pela contratação do ex-Chanceler alemão social-democrata Gerhard Schroeder que aceitou ser administrador da empresa russa assim que perdeu as eleições contra Angela Merkel.
A carta de Putin afirma com toda a clareza que os dados estão lançados. A União Europeia vai numa trajectória que pode levar a mais um grande desastre europeu, caso não seja capaz de definir uma estratégia de regresso a uma coexistência construtiva entre todas as potências europeias.

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 14 Abril 2014

segunda-feira, 7 de abril de 2014

ABRIL



Chegou o mês de Abril em que se cumprem 40 anos sobre a Revolução dos Cravos que nos devolveu a Democracia e a Liberdade. Em República, é a primeira vez que Portugal consegue manter-se de forma duradoura com o único regime político que na História da Humanidade até hoje garantiu os direitos mínimos aos homens e mulheres, transformando-os de simples pessoas em cidadãos: a Democracia. Essa simples circunstância é suficiente para que o 25 de Abril seja justamente comemorado e que aos seus autores seja prestado o preito do nosso reconhecimento.

 
Claro que a Democracia não faz quarenta anos. À queda do anterior Regime, que praticamente ninguém defendeu, seguiu-se uma fase de instabilidade perfeitamente compreensível porque tudo se aprende na vida, até a utilização consciente e responsável da Liberdade. Menos aceitável foi a tentativa de apropriação dessa fase turbulenta para instalação de um novo regime totalitário, através da manipulação de algumas facções extremistas de militares.
Mas o povo português aproveitou bem a oportunidade que lhe foi dada para manifestar a sua vontade em eleições, logo em 25 de Abril de 1975, criando condições para que em Novembro do mesmo ano o passo fosse corrigido, orientando definitivamente Portugal para uma Democracia representativa que o levasse ao seio da Europa ocidental.
Passados quarenta anos, podemos dizer que Portugal está irreconhecível, para muito melhor. Eu frequentei a escola primária numa pequena escola localizada á beira de um pinhal na Beira Alta onde só se chegava por um caminho de terra e que tinha uma única sala para as quatro classes. Penso que basta esta pequena descrição para se perceber o quanto diferente é o Portugal de hoje. 

Naquele tempo ainda se falava em “instrução primária”, depois passou-se para “ensino” e hoje estamos no tempo da “educação”. As diferenças não são apenas semânticas, têm verdadeiro significado. Claro que o aumento exponencial de alunos que acompanhou a extensão da escolaridade obrigatória não podia deixar de trazer uma descida da qualidade, algo que se está a tentar corrigir. O acesso a cuidados de saúde era precário e caro, colocando muita gente fora dos cuidados médicos mínimos. Algo que o Serviço Nacional de Saúde corrigiu, colocando Portugal entre os países do mundo com melhores indicadores nessa área.
Nem tudo correu pelo melhor, ou como deveria ter corrido. A nossa velha pecha das más contas públicas obrigou-nos a chamar o FMI para nos tirar da bancarrota por três vezes desde 74, obrigando a grandes sacrifícios precisamente a quem menos responsabilidade terá por isso, como sucede nos dias de hoje. O crescimento económico tem sido anémico, sempre abaixo das taxas anteriores a 74, mesmo com os fundos europeus. A ocupação do território foi um desastre, muito por causa da necessária recuperação do atraso na oferta de habitação, mas também por uma inexistente política eficaz de ordenamento e de uma especulação imobiliária patrocinada por autarcas e entidades bancárias.
Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão, diz o povo na sua sabedoria. Ouvimos muitos hoje falar contra os partidos e frequentemente com carradas de razão, mas não podemos esquecer que, sem partidos, não há democracia. É nossa obrigação de cidadania sermos exigentes e castigarmos os dirigentes que se esquecem do verdadeiro motivo pelo qual são chamados pelo povo a exercer o poder: cuidar do bem comum, preparar sustentadamente o futuro e proteger os que, por um ou outro motivo, são desfavorecidos.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em  7 de Abril de 2014