Recordando Sá Carneiro, principalmente àqueles que andam sempre com o nome dele na língua, mas não praticam:
“A política sem risco é uma chatice, mas sem ética é uma vergonha”
jpaulocraveiro@ gmail.com "Por decisão do autor, o presente blogue não segue o novo Acordo Ortográfico"
quinta-feira, 8 de novembro de 2018
Estaline não diria melhor
Lindo, Estaline, ou mesmo Hitler, não diriam melhor:
“A política não é uma questão de vontade, mas de força”
Catarina Martins em entrevista ao Expresso,
Quem parte e reparte e não tira a melhor parte, ou é tolo ou não tem arte
Salários dos políticos e gestores são os que mais sobem em Portugal
https://www.dn.pt/edicao-do-dia/08-nov-2018/interior/salarios-dos-politicos-e-gestores-sao-os-que-mais-sobem-em-portugal-10145574.html?fbclid=IwAR1wHENif8DyY_xmIHHN5a4KDxuxGXm_sthTZOTE7AXL4deJQNwZrbNemqY
terça-feira, 6 de novembro de 2018
Feminismo em 1975
Em 1975, algumas mulheres anunciaram que iam queimar soutiens publicamente no Parque Eduardo VII, em Lisboa, em nome da sua liberdade, com a Alexa aqui em primeiro plano. Foi um descalabro. Atraíram uma multidão de homens que, rapidamente, passaram da simples curiosidade voyerista a uma violência inacreditável contra as mulheres. Uma mostra do atraso social da altura no nosso país. Relembro esta manifestação, com solidariedade para com elas,
https://youtu.be/HZgaDPl_2NY
https://youtu.be/HZgaDPl_2NY
segunda-feira, 5 de novembro de 2018
Armistício: mitos e celebrações
Desde muito novo que me lembro de ouvir falar na heróica participação portuguesa na 1ª Guerra Mundial, onde os soldados portugueses teriam demonstrado mais uma vez a sua bravura, nomeadamente na batalha de La Lys ocorrida em 9 de Abril de 1918 que, assim, tinha passado a fazer parte do conjunto das glórias militares portuguesas. Era tido como certo que os soldados do Corpo Expedicionário Português (PEP) tinham lutado com toda a valentia contra o poderoso inimigo alemão, sacrificando-se gloriosamente pelo seu país que, de forma una, lhes tinha confiado essa missão.
Sabemos hoje que a realidade do sucedido
não teve nada a ver com aquele mito propagado quer na 1ª República, quer no
Estado Novo, embora por razões diferentes. Em primeiro lugar, não houve nada
que se parecesse com unanimidade no país, no que toca à participação naquele
conflito. Nesta guerra defrontaram-se os representantes de um mundo que estava
a acabar, em que os respectivos chefes de Estado até eram quase todos primos
que nem se aperceberam bem por que começou o conflito, mas sem capacidade para
se sentarem à mesa e evitarem a hecatombe que acabou com 4 impérios.
A decisão da participação portuguesa na
guerra ocorreu poucos meses depois do 14 de Maio de 1915, em que morreram
centenas de pessoas nas ruas de Lisboa. Afonso Costa e o seu PRP ficaram donos
e senhores absolutos do poder, embora não do país, pelo que pressionaram a
Inglaterra a pedir a Portugal o apresamento dos navios alemães no porto de
Lisboa, o que foi feito em 23 de Fevereiro de 1916. O objectivo assumido era o
de conseguir uma “unidade nacional” que lhes permitisse a manutenção no poder,
sem limitações, além de Portugal vir a poder sentar-se à mesa com os
vencedores. A Alemanha declarou guerra a Portugal e o General Norton de Matos
preparou os pouco mais de 50.000 homens do Corpo Expedicionário Português para
seguirem para o teatro de guerra, na Flandres.
Soldados mal preparados, mal
alimentados e pior vestidos e calçados para o que os esperava. E o que os
esperava era uma desgraça imensa, numa guerra de trincheiras horrível, com a
qual Portugal nada tinha a ver, e na qual os soldados portugueses não eram mais
do que carne para canhão. Literalmente. Os diversos ministérios da guerra, quer
da “União Sagrada”, quer de Sidónio Pais, deixaram os soldados na frente sem
procederem à sua necessária rotatividade, a comerem alimentos ingleses que
detestavam e com roupas que se desfaziam na humidade das trincheiras. A partir
de Março de 1918 os alemães lançaram uma última ofensiva no Somme e, na noite
de 8 para 9 de Abril, atacaram o sector português em La Lys numa ofensiva
fortíssima de artilharia e posterior ataque de infantaria numa frente de 20
quilómetros que desbaratou as defesas portuguesas, provocando mais de 400
mortos e 6.000 prisioneiros.
Tudo correu mal nesta nossa participação
na Primeira Grande Guerra. Tal não impediu que, depois da guerra, Portugal
ainda tentasse receber a espantosa indemnização de guerra de centenas de
milhões de libras correspondentes a 1.050 libras por cada um dos muitos
milhares de civis africanos supostamente mortos na guerra e antes vítimas de
bárbaro colonialismo, numa falta de vergonha a vários títulos lamentável.
Por tudo isto mal se percebe o entusiasmo
das comemorações portuguesas do centenário do Armistício, que ocorre no próximo
dia 11 de Novembro e a que se decidiu dar “grande relevo”. Nem as razões da
entrada na guerra, nem a desgraça que foi essa participação são de molde a
suscitar orgulhos e festividades militares. Deveriam ser antes motivo de reflexão
sobre o nosso papel no mundo e de como os nossos atrasos atávicos servem de
base para os maiores disparates dos governantes com sacrifícios acrescidos para
os portugueses que não têm culpa nenhuma disso, a não ser pela sua passividade
crónica.
A construção de mitos históricos
corresponde à necessidade de sublimar colectivamente desgraças e frustrações,
dizendo mais de quem a promove do que dos acontecimentos que lhes estão na
origem. E os mitos são frequentemente nocivos para as sociedades: lembremo-nos
do sebastianismo que se seguiu à derrota de 4 de Agosto de 1578 e do mal que
fez e faz à maneira de ser portuguesa.
domingo, 4 de novembro de 2018
sexta-feira, 2 de novembro de 2018
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