Os meus amigos querem mesmo saber quem é o grande responsável pela
enorme dívida pública e pelo que aconteceu ao sistema financeiro
português?
Tem um nome: Vitor Constâncio e era responsável pelo
Banco de Portugal quando escreveu esta pérola sobre a entrada no euro,
que anda muito esquecida:
"Sem moeda própria não voltaremos a
ter problemas de balança de pagamentos iguais aos do passado. Não existe
um problema monetário macroeconómico e não há que tomar medidas
restritivas por causa da balança de
pagamentos. Ninguém analisa a dimensão macro da balança externa do
Mississipi ou de qualquer outra região de uma grande união monetária.
Isto não significa que não exista uma restrição externa à economia.
Simplesmente esta é o resultado da mera agregação da capacidade de
endividamento dos vários agentes económicos. O limite depende
essencialmente da capacidade de endividamento dos agentes internos
(incluindo os bancos) perante o sistema financeiro da Zona Euro. Se e
quando o endividamento for considerado excessivo, as despesas terão que
ser contidas porque o sistema financeiro limitará o crédito. O
equilíbrio restabelece-se espontaneamente, por um mecanismo de deflação
das despesas, e não têm que se aplicar políticas de ajustamento."
jpaulocraveiro@ gmail.com "Por decisão do autor, o presente blogue não segue o novo Acordo Ortográfico"
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019
quinta-feira, 31 de janeiro de 2019
SOCIALISMO: nunca deu certo
Se quer saber como e porquê, aconselho a leitura:
https://eco.sapo.pt/opiniao/desta-vez-tambem-nao-deu-certo/
https://eco.sapo.pt/opiniao/desta-vez-tambem-nao-deu-certo/
quarta-feira, 30 de janeiro de 2019
Igreja de Sta Cruz
Coimbra tem monumentos maravilhosos. Este recanto da Igreja de Sta. Cruz que contém pedaços da primitiva Igreja e da remodelação do sec. XVI é um deles. E, ao fundo, as imagens dos "Mártires de Marrocos".
DESCENTRALIZAÇÃO
Esta discussão sobre a "maior reforma estrutural desde o 25 de Abril" como diz António Costa está a ser feita de uma forma muito estranha por parte das autarquias.
À partida é, genericamente, uma coisa boa, embora não tenha um carácter tão importante como querem fazer crer.
Do ponto de vista das autarquias e tratando-se de competências transferidas, há 3 coisas a ponderar, sem o que não pode haver decisões sérias:
- São competências que faz sentido serem das autarquias?
- Qual o custo e benefício de cada uma? em termos de custos directos e de estrutura (equipamento e pessoal)?
- A transferência financeira cobre os custos?
Sem resposta a cada um destes itens, é decidir no escuro (na minha humilde opinião). O que muitas autarquias estão a fazer.
À partida é, genericamente, uma coisa boa, embora não tenha um carácter tão importante como querem fazer crer.
Do ponto de vista das autarquias e tratando-se de competências transferidas, há 3 coisas a ponderar, sem o que não pode haver decisões sérias:
- São competências que faz sentido serem das autarquias?
- Qual o custo e benefício de cada uma? em termos de custos directos e de estrutura (equipamento e pessoal)?
- A transferência financeira cobre os custos?
Sem resposta a cada um destes itens, é decidir no escuro (na minha humilde opinião). O que muitas autarquias estão a fazer.
terça-feira, 29 de janeiro de 2019
segunda-feira, 28 de janeiro de 2019
A CAIXA DO REGIME
MISSÃO:
A missão da CGD consiste em
contribuir de forma decisiva para o desenvolvimento económico nacional, num
quadro de evolução equilibrada entre rentabilidade, crescimento e solidez
financeira, acompanhado por uma prudente gestão dos riscos, que reforce a
estabilidade do sistema financeiro nacional. Enquanto agente dinamizador do
desenvolvimento económico do país, a missão da CGD é concretizada através de
(entre outros): Reforço da competitividade, capacidade de inovação e
internacionalização das empresas portuguesas, sobretudo as PMEs, assegurando as
respetivas necessidades de financiamento; Oferta de soluções para as
necessidades financeiras das famílias portuguesas ao longo dos vários momentos
do seu ciclo de vida, fomentando a poupança e o investimento nacional.
VALORES: A atividade da CGD e a
conduta dos seus colaboradores pautam-se pelos seguintes valores fundamentais
(entre outros): Rigor, que inclui a objetividade, profissionalismo, competência
técnica e diligência, tendo sempre em vista alcançar maiores níveis de
qualidade e eficiência económica, financeira, social e ambiental pela adoção
das melhores práticas bancárias e financeiras; Transparência na informação,
nomeadamente no que respeita às condições de prestação de serviços e ao
desempenho da organização, atuando com verdade e clareza.
Há poucos dias foi tornado pública a versão
preliminar de uma auditoria à gestão da Caixa Geral de Depósitos entre 2000 e
2015, pedida pelo Governo em 2016. Com tudo o que se tem dito a propósito,
pareceu-me salutar e até pedagógico começar esta crónica pela compilação de
parte dos documentos fundamentais de orientação da actividade da CGD. Acresce
ainda que, de acordo com os seus estatutos, as
ações representativas do capital social só poderão pertencer ao Estado que
é, portanto, o seu accionista único.
A auditoria da Ernest & Young veio colocar a
nu aquilo que já todos intuíamos, embora de forma desordenada ou esparsa. Em
primeiro lugar mostra que houve um período crítico entre 2007 e 2012. Em
segundo lugar, que várias administrações autorizaram por si próprias operações
de crédito de elevada dimensão, sem levar em conta pareceres contrários ou
condicionados da Direcção Global de Risco, ou prescindindo mesmo de qualquer
parecer da DGR; outros casos houve em que não foram exigidas garantias
suficientes para cobertura dos empréstimos, de acordo com as normas da CGD.
Este relatório tem mais de um ano e tem estado
convenientemente escondido dos olhares dos portugueses com argumentos como o
sigilo bancário. Ora a CGD, em virtude da sua missão estatutária, bem como os
governos como representantes do accionista único, têm responsabilidades
especiais para com o destino dado aos dinheiros da Caixa, porque têm como
origem exclusiva os impostos pagos pelos portugueses. Nem a CGD pode ser gerida
apenas como um banco privado, nem os governos se podem furtar às suas
responsabilidades para com os destinos da Caixa, quer pelas instruções gerais
que transmitem às administrações, quer pela análise e aprovação anual das
contas da sociedade.
De acordo com a auditoria, houve 3.000 milhões de
créditos que se saldaram em perdas de 1.200 milhões de euros. A pior operação
foi a da Artlant, para construção da fábrica da antiga La Seda em Sines
classificada como PIN pelo Governo Sócrates/Pinho na qual, de 350,8 milhões
investidos pela CGD, se perderam 211 milhões de euros; tratou-se um
investimento todo pago pela CGD em que a Administração ultrapassou os processos
normais de análise de risco. De todos os negócios, o pior foi o do BCP, em que
a CGD perdeu 559 milhões de euros.
A tudo isto acresce que os administradores da CGD
não prescindiram de se atribuir prémios por desempenho, mesmo quando se
traduzia por prejuízos anuais de centenas de milhões de euros. O accionista
único representado pelos diversos governos em plena Assembleia Geral anual da
Sociedade, foi aprovando sempre as respectivas contas.
O leitor não encontrará nesta crónica juízos de
valor ou comentários éticos. Penso que, face ao descrito, são desnecessários,
fazendo apenas votos de que o conluio evidente entre classes política e de
negócios não consiga ficar impune, através de manipulação que leve à
ultrapassagem dos prazos penais e correspondente desresponsabilização criminal obtida
pela prescrição dos prazos.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra de 28 de Janeiro de 2019
sábado, 26 de janeiro de 2019
Serra
Manhã
de Inverno no alto da Serra Amarela, depois da Barragem de Sta. Luzia.
Ali em baixo, a Aldeia de S. Francisco de Assis. À esquerda a Barroca
Grande com os gigantescos montes de detritos da mina. Do lado direito,
mais longe, a antiga "lavaria do rio" que marca o Rio Zêzere.
terça-feira, 22 de janeiro de 2019
segunda-feira, 21 de janeiro de 2019
O eterno recomeço da História
Quem viveu durante a paz da “guerra fria” que se seguiu à Segunda Guerra Mundial logo no fim dos anos 40 do século passado e que só terminou com o fim da União Soviética em 1991 terá, certamente, sentimentos algo contraditórios relativamente ao presente. Durante aquele período de tempo histórico, havia uma clivagem política, económica e social evidente: de um lado estava o capitalismo simbolizado pelos EUA que tinha criado uma aliança defensiva militar, a NATO, e do outro estava o campo socialista dirigido pela URSS, que tinha igualmente uma aliança militar com os outros países governados por partidos comunistas.
O império soviético acabou por cair por
exaustão, incapaz de acompanhar o tremendo desenvolvimento económico do mundo
capitalista. Esse fim acabou com um mundo bipolar, criando expectativas sobre
uma unificação mundial sob um mesmo sistema, havendo mesmo quem sugerisse que
se assistia então ao “fim da História”. Nada de mais errado. Depois de um
período de alguma acalmia, o mundo pareceu ter acelerado no sentido de uma
globalização que tem vários aspectos contraditórios.
A pobreza no mundo sofreu uma diminuição
acentuada, tendo sido puxadas milhões de pessoas para dentro do limiar da
sobrevivência. Por outro lado, essa mesma globalização veio retirar trabalho
dos países economicamente mais desenvolvidos, diminuindo aí o crescimento de
bem-estar que se verificava continuamente desde os anos 50.
A globalização só se tornou possível pelo
grande desenvolvimento das tecnologias de informação, que estabeleceram redes
interligadas por todo o mundo. Se as redes sociais são um sinal dessa ligação
que todas as pessoas podem verificar diária e pessoalmente, algo muito mais
relevante para o mundo se passa através das ligações informáticas. Os fluxos
financeiros que antes demoravam dias a concretizar-se, passaram a ser
instantâneos, com muitos milhões de euros a dar literalmente a volta ao mundo
em cada segundo.
Esta rapidez de transferência de verbas
astronómicas tornou o seu controlo muito difícil, se não mesmo impossível na
sua totalidade. O mundo financeiro transformou-se rapidamente, tendo a banca de
investimento, tornada altamente sofisticada e especulativa, invadido a banca
clássica de retalho, com consequências devastadoras como vimos na crise
financeira de 2008.
Mas, paralelamente à diminuição mundial
de pobreza, todas estas transformações têm sido acompanhadas por uma gigantesca
operação de transferência de dinheiro das classes médias para um reduzido grupo
de empresas e personalidades hiper-milionárias, precisamente à conta do
desenvolvimento das tecnologias de informação. Aparecem assim a Microsoft, a
Amazon, a Google, o Facebook e mais meia-dúzia de empresas que actuam a nível
global e sugam quantidades impressionantes de dinheiro do resto da economia de
uma forma praticamente automática, através de programas informáticos a que
ninguém hoje em dia pode fugir.
Os nascidos na última vintena do século
XX ou já no século actual têm referenciais políticos que nada têm a ver com os
do período da “guerra fria” que, no entanto, ainda são os de muitos dos que a
viveram. Estão neste caso muitos dos políticos actuais e ainda alguns que,
sendo mais novos, militam em partidos espartilhados nos limites antigos
capitalismo/socialismo ou mesmo direita/esquerda que não fornecem respostas
adequadas aos novos tempos.
E a verdade é que se estão novamente a
criar as condições para uma sensação generalizada de injustiça que pode
conduzir a revoltas muito sérias pelo mundo, principalmente no chamado mundo
desenvolvido. Essas revoltas não serão já conduzidas por elites politizadas
como sucedeu há cem anos, mas caracterizar-se-ão por uma organização inorgânica
e violência anárquica nas ruas. Aliás, quer as manifestações dos coletes
amarelos em França, quer o ressurgimento de movimentos ditos neo-nacionalistas
ou populistas um pouco por todo o lado são um sinal claro de que nos
subterrâneos das nossas sociedades algo poderá estar a germinar e que não será
bonito de se ver quando surgir à luz do dia.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 21 de Janeiro de2019
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