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jpaulocraveiro@ gmail.com "Por decisão do autor, o presente blogue não segue o novo Acordo Ortográfico"
sexta-feira, 16 de agosto de 2019
Resiliência da economia portuguesa
Título da primeira página do Público:
"Agrava-se o alerta global de recessão. Portugal, para já, resiste"
E lembro-me de Ernâni Lopes e da falta que homens conhecedores e honestos como ele nos fazem.
Várias vezes lhe ouvi dizer que, dos engenheiros, tinha aprendido um conceito: resiliência.
Que relativamente à economia portuguesa consiste no facto de entrar em crise mais tarde do que as outras economias, ser depois mais profunda e ainda por recuperar mais tarde e menos do que as outras.
Tal dever-se-à ao grande peso do Estado na economia, à legislação laboral e à sua dificuldade em responder aos novos desafios e dificuldades.
"Agrava-se o alerta global de recessão. Portugal, para já, resiste"
E lembro-me de Ernâni Lopes e da falta que homens conhecedores e honestos como ele nos fazem.
Várias vezes lhe ouvi dizer que, dos engenheiros, tinha aprendido um conceito: resiliência.
Que relativamente à economia portuguesa consiste no facto de entrar em crise mais tarde do que as outras economias, ser depois mais profunda e ainda por recuperar mais tarde e menos do que as outras.
Tal dever-se-à ao grande peso do Estado na economia, à legislação laboral e à sua dificuldade em responder aos novos desafios e dificuldades.
segunda-feira, 12 de agosto de 2019
A ideologia de um genocídio
Entre 1975 e 1979
o Camboja foi palco da sua própria experiência socialista extrema, visando
construir uma sociedade comunista perfeita. Inspirado na “Revolução Cultural”
levada a cabo alguns anos antes pelos comunistas chineses, que por sua vez
tinha provocado dezenas de milhões de mortos, o partido Comunista do Camboja
dirigido por Pol Pot levou a cabo uma desconstrução social total, erigindo o
trabalhador rural em peça central da Revolução e tudo submetendo a esse
princípio.
Foi assim que
milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar as cidades e irem para o campo
trabalhar em unidades agrícolas colectivas transformadas em campos de trabalhos
forçados, os famosos campos da morte ou “killing fields”. Toda e qualquer
manifestação religiosa foi, além de proibida, perseguida até à morte. A
actividade comercial foi declarada criminosa e quem tentasse vender fosse o que
fosse era preso, imediatamente julgado e sumariamente executado. Aqueles que
eram considerados intelectuais (e para isso bastava por vezes usar óculos) eram
perseguidos como inimigos do povo. Milhares de crianças foram usadas pelos
revolucionários, quer contra os seus próprios pais e irmãos, quer contra os
“reaccionários” e inimigos do povo, sendo-lhes dadas metralhadoras para as mãos
para os liquidarem.
As cidades ficaram
desertas e os campos e florestas foram ocupados por multidões famintas, doentes
e desesperadas pelas condições desumanas por um lado, e pela violência dos
guardas do Khmer Vermelho, pelo outro. Milhares de pessoas tentavam fugir pelo
mato para os países vizinhos como o Vietnam ou a Tailândia.
Esta ditadura
comunista, que foi uma autêntica loucura colectiva, traduziu-se num número
estimado em mais de 2,5 milhões de mortos, num país que teria uns 8 milhões de
habitantes. Isto é, Pol Pot e os seus apaniguados do partido Comunista do Kampuchea
liquidaram, para atingir os objectivos da sua utopia revolucionária, mais de
25% da população do país, num curto período de quatro anos.
Tudo acabou com
uma invasão do Camboja pelo Vietnam em 1979 a que se seguiram mais dez anos de
caos e guerras civis e contra os invasores. O Vietnam iniciou a sua retirada do
Camboja em 1989, tendo as Nações Unidas avançado com um plano de paz em 1990,
com vista ao estabelecimento de um regime democrático no país.
Só a partir de 1997 se iniciaram os
julgamentos dos responsáveis do regime do Khmer Vermelho. Pol Pot acabou
condenado a prisão perpétua por crimes contra a humanidade e genocídio, tendo
sido encontrado morto em 1998, antes de poder ser presencialmente presente ao
tribunal.Poder-se-ia imaginar que Pol Pot e os seus camaradas do Khmer Vermelho fossem uns pobres ignorantes levados ao extremismo por duras condições de vida. Nada de mais errado. Quase todos tiveram formação em Paris, onde estiveram em contacto com intelectuais e foram apresentados às ideologias esquerdistas da época, designadamente o maoismo. O próprio Pol Pot aí foi aluno de electrónica numa universidade, através de um bolsa de estudo, tendo sido obrigado a regressar ao seu país por não ter realizado os necessários exames, vindo a ingressar na guerrilha que o haveria de levar ao seu trágico destino.
Mas a tragédia do Camboja teve os seus ideólogos, dos quais o que mais distinguiu foi Nuon Chea que, curiosamente, foi um dos poucos da clique do Khmer Vermelho que nunca esteve na Europa. Era conhecido como o “irmão número dois” do regime, tendo mesmo sido durante algum tempo primeiro-ministro do “Kampuhea Democrático” em substituição de Pol Pot. Com 81 anos, foi preso em 2007 e condenado em 2014 a prisão perpétua por crimes contra a humanidade.
Nuon Chea faleceu agora, no passado dia 4 de Agosto, desaparecendo assim o último grande responsável por uma das grandes tragédias do século XX que mostrou como uma ideologia levada ao extremo pode levar dirigentes políticos a chacinar o seu próprio povo, com plena consciência do facto e em nome dessa mesma ideologia. E assim se provou, mais uma vez, que pessoas anteriormente normais, mesmo educadas e sensíveis, se podem transformar em monstros fanáticos sem contemplações para com ninguém, ao deixarem enquadrar as mentes em ideologias extremistas que passam a sustentar e justificar todas as suas acções.
Texto publicado originalmente no Diário de Coimbra de 12 de Agosto de 2019
domingo, 11 de agosto de 2019
Recibo dos motoristas
Como diria o Salgueiro Maia: o estado a que isto chegou. Não tem ponta por onde se lhe pegue. Talvez só dizer que é uma vergonha que o Estado entregue ao bolso da empresas de camionagem o que devia ir para a Segurança Social destes e dos outros trabalhadores. E isso tem um nome.
segunda-feira, 5 de agosto de 2019
Os microfones são (mesmo) inflamáveis
Enquanto batia com
o dedo esticado no microfone do jornalista que lhe fazia perguntas incómodas, o
ministro da Administração Interna respondia que o microfone também era
inflamável. Mal ele, nesse momento, imaginaria a razão que lhe assistia nessa
afirmação.
O hábito de os
governantes “matarem os mensageiros” que lhes trazem más notícias vem de muito
longe. Conta-se que o rei da Pérsia Dario III matou Charidemos com as suas
próprias mãos quando este lhe veio comunicar a notícia da derrota do seu
exército contra o de Alexandre III da Macedónia na batalha de Issus.
Ao fazerem
perguntas aos governantes, os jornalistas colocam-nos frequentemente na
situação de terem que assumir erros e, quando tal sucede, normalmente o
problema até morre aí. Sucede que por vezes, ao levantarem uma situação que se
pode considerar menor ou mesmo caricata, os jornalistas entreabrem apenas uma
porta por onde, de repente, começam a sair grandes questões que a escancaram
por completo, deixando à vista aquilo que se queria esconder.
A arrogância do
ministro levou-o a tratar a questão das golas incluídas no kit de protecção do
“Programa Aldeias Seguras- Pessoas Seguras” de uma forma desastrada agredindo
verbalmente os jornalistas e fisicamente o microfone que estava à sua frente. Em
vez de assumir um erro que seria imediatamente corrigido justificando, como
habitualmente se faz, com um lapso, levou a comunicação social a esgravatar no
assunto, como lhe compete num regime livre e democrático.
A
partir daí foi um não parar de surgir coisas estranhas à luz do dia. Claro que
as golas são feitas de poliester, um material inadequado para o que que quer
que seja que tenha a ver com o fogo. Mas a seguir descobriu-se que o fornecedor
está relacionado com o partido do Governo por ligações familiares e, pior, que
o preço pago era mais do dobro do corrente para aquele tipo de material. Começou
então um jogo de passa-culpas entre o secretário de Estado da área, antigo
presidente da Câmara de Arouca, e a Autoridade Nacional de Protecção Civil a
que se seguiu a demissão do elo mais fraco da história. Neste caso foi um
adjunto do governante, arvorado em “técnico especialista”, quando antes era
padeiro na pastelaria do cunhado mas, mais importante, presidente da concelhia
do partido em Arouca. Contudo, a questão não morreu com a queima do adjunto
“fusível”. A seguir vieram os negócios com o Estado do filho do governante,
ilegais face à lei em vigor, quer se concorde ou não com ela.
Quando
se esperava a demissão do secretário de Estado eis que, para espanto geral, o
governante faz emitir um comunicado onde informa não se demitir, por não ver
nada de ilegal no que aconteceu. A comunicação social continuou a tentar
perceber as razões de tanta energia nesse comunicado e eis que se descobre que,
afinal, a saída do sec. Estado teria implicações políticas enormes. Na mesma
situação estariam vários ministros com familiares directos, desde pais a cônjugues,
com contratos com o Estado, quando a lei em vigor prevê a demissão de
governantes que tenham familiares com contratos com entidades públicas.
Foi
o momento de destacar o ministro dos Negócios Estrangeiros, com a sua notória
capacidade de argumentação que veio misturada com uma dose de cinismo q.b.,
explicando que seria absurdo interpretar a lei em causa, a das incompatibilidades,
de forma literal. Assim deu nova roupagem à velha frase “para os amigos tudo,
para os outros, a lei” já que, se há lei clara e concreta, é precisamente
aquela. E atirou para a exclusividade da Justiça uma questão que é, antes do
mais, do foro da ética.
Pois
é, senhor ministro Eduardo Cabrita. A verdade é que os microfones dos
jornalistas são de tal forma inflamáveis que, neste caso, deram origem a um
incêndio político que ninguém do partido do governo a que pertence desejaria a
dois meses das eleições. E que só existiu devido ao tremendo hábito de alguns
governantes preferirem “matar o mensageiro” em vez de lidarem honestamente com
a realidade, o que só pode piorá-la como mais uma vez se comprova.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 5 de Agosto de 2019
sexta-feira, 2 de agosto de 2019
PSD e sondagens desde 2016
Fui fazer um levantamento dos resultados das sondagens relativas ao PSD desde as eleições de 2015.
A aliança entre PSD e CDS teve nessas eleições uma votação de 36,86% (o PSD terá andado pelos 30/31%) e o PS conseguiu 32,31%.
A partir daí, as sondagens deram ao PSD sucessivamente:
Outubro 2016: 30,7%
Junho 2017: 29%
Dezembro 2017: 28%
Março 2018: 27% (Rui Rio foi eleito em Fevereiro 2018)
Setembro 2018: 24%
Janeiro 2019: 25%
Julho 2019: 20%
Só podemos esperar que a liderança consiga inverter esta tendência para o desastre nos próximos dois meses, sendo as eleições em 6 de Outubro ou então, como defende RR, que as sondagens estejam todas erradas e ele esteja certo.
A aliança entre PSD e CDS teve nessas eleições uma votação de 36,86% (o PSD terá andado pelos 30/31%) e o PS conseguiu 32,31%.
A partir daí, as sondagens deram ao PSD sucessivamente:
Outubro 2016: 30,7%
Junho 2017: 29%
Dezembro 2017: 28%
Março 2018: 27% (Rui Rio foi eleito em Fevereiro 2018)
Setembro 2018: 24%
Janeiro 2019: 25%
Julho 2019: 20%
Só podemos esperar que a liderança consiga inverter esta tendência para o desastre nos próximos dois meses, sendo as eleições em 6 de Outubro ou então, como defende RR, que as sondagens estejam todas erradas e ele esteja certo.
quinta-feira, 1 de agosto de 2019
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