jpaulocraveiro@ gmail.com "Por decisão do autor, o presente blogue não segue o novo Acordo Ortográfico"
quarta-feira, 19 de agosto de 2020
PRIORIDADES
É muito estranho que por causa da morte de uns cães (lamentável, claro) se demita um Director-geral e com a morte vergonhosa de 18 pessoas num lar não se demita ninguém. Nem haja manifs escandalizadas. Deve ser por causa do progresso civilizacional da eutanásia e da proibição de abate de animais.
terça-feira, 18 de agosto de 2020
segunda-feira, 17 de agosto de 2020
AS INVASÕES FRANCESAS TOCAM-NOS
Em boa hora a CIM Coimbra (Comunidade Inter-Municipal Região de Coimbra) decidiu criar um mapa-roteiro sobre as Invasões Francesas na Região de Coimbra.
As três Invasões Francesas incluídas na chamada Guerra Peninsular ocorreram entre 1807 e 1811 e tiveram, para além dos aspectos militares, sociais e económicos, consequências políticas em Portugal que foram muito para além deles e determinaram em grande medida o país que somos hoje. As mais imediatas foram a independência do Brasil e as lutas liberais que ocuparam as primeiras dezenas de anos do século XIX.
Na nossa região, em particular na 3ª Invasão, as manobras militares tocaram seriamente locais que nos são familiares, permitindo o mapa-roteiro agora editado seguir com algum detalhe o que se passou. A 3ª Invasão passou duas vezes pela nossa região, a primeira na vinda de Espanha com destino a Lisboa e a segunda na retirada das forças francesas do chamado «Exército de Portugal», comandado pelo Marechal Massena a quem Napoleão chamava «filho querido da vitória» atendendo ao seu prestígio militar.
O «Bloqueio Continental» ditado pela França a Inglaterra, não seguido por Portugal em nome da antiga aliança com este país, colocou Portugal na posição de alvo de invasão por Napoleão que não se podia permitir a utilização do porto de Lisboa pelos navios mercantis ingleses. Assim, Napoleão decidiu invadir o nosso país em 1807, tendo mesmo previsto a divisão de Portugal em três partes pelo Tratado de Fontainebleau, sendo o norte do país entregue à rainha da Etrúria, o centro com Lisboa a França e o sul designado por «principado dos Algarves» ao primeiro-ministro espanhol Manuel de Godoy.
Depois do fracasso das duas primeiras invasões, Napoleão decidiu-se finalmente pelo envio do grande «Exército de Portugal» que entrou em Portugal por Almeida, tomada em 27 de Agosto de 1810 após uma explosão gigantesca do paiol da praça-forte, na sequência de um bombardeamento constante, que provocou a morte de cerca de 800 soldados e 500 civis.
Depois de Almeida, Massena decidiu avançar para Lisboa, com passagem por Coimbra. Como caminho escolheu ir pelo norte da cidade, onde o exército aliado (português e inglês) comandado por Wellinton lhe deu luta na Serra do Buçaco. A batalha ocorrida em 27 de Setembro saldou-se por uma vitória aliada, tendo os franceses sofrido a baixa de cerca de 5.000 homens, contra 1.250 do lado aliado.
Perante o sucedido, Massena rodeou a serra pelo norte e entrou na estrada real por onde seguiu para Coimbra, supondo que Wellington lhe daria luta pela posse da cidade o que, para grande surpresa sua, não sucedeu, tendo os exércitos aliados seguido para sul a grande velocidade. A maioria da população de Coimbra fugiu para sul a pé, de carroça, de todas as maneiras possíveis. Antes de seguirem para sul, as tropas portuguesas e inglesas tinham sido implacáveis no cumprimento da ordem de abandono dos lares e destruição de todos os bens alimentares que os franceses pudessem aproveitar. Ao entrarem em Coimbra os soldados de Junot devastaram a cidade e pilharam tudo o que encontraram, incluindo peças valiosas da Universidade. Como é sabido, Massena seguiu depois para Lisboa, apenas para ter a surpresa de encontrar pela frente as Linhas de Torres que Wellington tinha mandado erigir em absoluto segredo. Não tendo capacidade militar para as ultrapassar, desvia para Santarém onde fica até se decidir finalmente pela retirada, iniciada em 5 de Março de 1811.
Na retirada, os exércitos franceses passaram novamente pela nossa região, provocando mais desgraças e sofrimento numa população já martirizada. Coimbra tinha sido libertada dos franceses em 7 de Outubro, para desgraça dos milhares de doentes e feridos franceses que lá tinham sido deixados para trás e que foram vítimas da vingança dos males que tinham feito às populações civis. Houve diversos recontros entre a retaguarda francesa e os seus perseguidores aliados em Pombal, na Redinha, Miranda do Corvo que foi incendiada e outros locais. Em Foz de Arouce quando franceses e ingleses se encontraram face a face fugiram em desordem para, ultrapassado o susto, voltarem para recolher envergonhadamente as armas abandonadas e seguir sem dispararem um único tiro. Massena dirigiu os seus exércitos até à Guarda, sempre perseguido pelas tropas aliadas e acabou por seguir para Espanha, tendo a invasão terminado no dia 11 de Abril.
É sempre interessante partilhar com os leitores as mossas impressões sobre a nossa História colectiva, mas mais ainda quando algo que nos toca pessoalmente tem a ver com ela. Na brutal explosão de Almeida em 27 de Agosto de 1810 um irmão do meu trisavô, de nome Francisco Morgado, foi atingido nas pernas ficando gravemente ferido. Conseguiu mandar recado para a família sobre o seu estado, tendo sido recolhido por familiares, com as dificuldades que se imaginam. Ao chegar ao alto da serra vendo a sua aldeia do Bodelhão, hoje chamada de S. Francisco de Assis, exclamou que não queria morrer sem a voltar a ver. Com as pernas gangrenadas veio a falecer em 2 de Dezembro de 1810. A sua espada foi recolhida como relíquia e, passando de mão em mão, acabou por me ser oferecida pela minha Avó, pelo que as Invasões Francesas sempre tiveram um lugar especial no meu imaginário.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 17 de Agosto de 2020
CONTAS À MODA DO.....GOVERNO SOCIALISTA QUE TEMOS
Pois parece que as obras do Hospital Militar de Belém para acolher os doentes Covid custaram 2,6 milhões de euros, em vez dos 750 mil previstos. É o que dá entregar obras por ajuste directo a empresas amigas: multiplica o custo por 3,5 e sempre dá para uns trocos....
Problemas de Portugal
De acordo com o Plano de Recuperação, os problemas de Portugal resultam das «vulnerabilidades do modelo de desenvolvimento económico e social vigente nomeadamente o erro estratégico inerente à visão neoliberal do mundo que minimiza o papel do Estado e exalta o mercado».
Penso que está tudo dito. Estes socialistas fazem a festa, deitam os foguetes e vão buscar as canas. O resultado é a desgraça que se vê, de que a vinda da troica faz parte. Mas lá está. a culpa é do neo-liberalismo. Arre gaita!