sábado, 10 de novembro de 2007

A CARTA

A carta que José Pacheco Pereira recebeu de António Cunha Vaz e que se pode ler no "ABRUPTO", é um verdadeiro curso sobre política contemporânea em Portugal.
Mostra claramente como as agências de marketing tendem a substituir-se aos políticos, quando se lhes dá essa oportunidade.
O "ABRUPTO" fez serviço público ao publicar esta carta.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

LIDERANÇAS

Durão Barroso é eleito líder do PSD. Pode não se gostar, mas não se faz oposição interna à liderança escolhida pelo partido, por princípio.
Santana Lopes vai a líder do PSD e primeiro-ministro. Pode não se gostar, mas não se faz oposição interna a um líder no Governo, por princípio.
Marques Mendes é eleito líder do PSD. Pode não se gostar, mas não se faz oposição interna à liderança escolhida pelo partido, por princípio.
Menezes é eleito líder do PSD. Pode não se gostar, mas não se faz oposição interna à liderança escolhida pelo partido, por princípio.
Santana Lopes é eleito líder da bancada parlamentar pelos seus pares. Toda a gente é livre de manifestar a sua oposição a um erro clamoroso de casting e de indiferença por uma rejeição eleitoral absolutamente ostensiva do povo deste país.

DUELO?

Citação de Santana Lopes após o 1º debate como líder da bancada do PSD:
"Duelos em que um protagonista tem 30 balas e os outros cinco é desequilibrado"
Nunca ninguém ensinou a este senhor que para um duelo só interessa uma bala, A PRIMEIRA ?

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Memórias de três guerras

Por estes dias, e por motivos diferentes, estamos a ser confrontados com as memórias de três guerras.

Neste mês de Novembro passam exactamente duzentos anos sobre a primeira invasão francesa comandada pelo general Junot. As consequências para Portugal da chamada “guerra peninsular” foram imensas. A saída da Família Real para o Brasil iria dar origem à independência daquele país e às guerras fratricidas que se seguiram entre D. Pedro e D. Miguel, cujas sequelas ainda hoje são perceptíveis na sociedade portuguesa.

As lutas com os franceses no território nacional caracterizaram-se por um grau de violência e de destruição e pilhagem do nosso património absolutamente indescritível. Em pequeno, lembro-me de ouvir descrições destas lutas aos velhos da beira baixa que as tinham ouvido aos seus avós, que eram de tal forma arrepiantes que seria difícil acreditar que pessoas normalmente pacíficas fossem capazes de cometer tais actos.

As recordações da guerra civil espanhola vieram ao de cima com uma iniciativa de Zapatero chamada “Lei da Memória Histórica”. Mais valia que essa memória fosse deixada a dormir por muitos e bons anos. De facto, ao abrir mais um conflito com a Igreja Católica pela sua ligação ao regime Franquista, Zapatero não podia ignorar que nas guerras civis nunca se sabe muito bem quem começa o quê, sendo certo que, ainda antes da guerra civil, a República levou a que muitos padres e freiras fossem assassinados e muitas igrejas destruídas. A violência daquela guerra civil, de parte a parte, deveria levar a que o bom senso que presidiu à transição espanhola para a democracia fosse mantido.

Já a série de documentários que a RTP está a apresentar sobre as guerras de independência em Angola, Moçambique e Guiné parece-me vir em boa altura.

Os intervenientes directos que prestam depoimentos usam ainda muito de auto-justificação dos seus actos. Mas é vantajoso tomar-se conhecimento daquilo que se passou na realidade de uma forma que até agora me parece feita de uma forma abrangente e não parcelar ou sectária o que, convenhamos, não é tarefa fácil.

Também esta guerra se revestiu de uma particular violência de parte a parte, como temos visto na série, de uma forma por vezes altamente perturbante, pelos actos praticados por pessoas de quem tal não seria de esperar.

As consequências do fim desta guerra, particularmente a vinda de centenas de milhares de pessoas de África com a sua absorção quase instantânea estão ainda por analisar e conhecer em profundidade. Desconfio que muitas das características actuais da sociedade portuguesa, totalmente diferente da que era há trinta anos, radicam nas alterações de hábitos de vida produzidas pelo contacto com a gente vinda de África em 1975.

Publicado no DC em 5 Novembro 2007

domingo, 4 de novembro de 2007

CORRUPÇÃO

A verdadeira corrupção é a interior. É a atitude que leva os detentores de qualquer poder a infringir as regras estabelecidas, em função dos seus objectivos.
Uma parte dos corruptos quebra as regras para obter vantagens materiais indevidas.
Mas é com os que o fazem para obter outras vantagens que é preciso ter mais cuidado, até por não haver Ministério Público para os acusar.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

CYRANO



Muitos políticos, quando falam, fazem lembrar o herói da simpática cidade francesa Bergerac.
Porque será?

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

A REALIDADE VIRTUAL

O último número do Expresso traz uma interessante informação sobre o trabalho das "agências de comunicação".
Para quem não sabia, ficou claro que hoje em dia praticamente toda a gente usa os serviços de consultores de imagem para atingir os seus objectivos que tenham que passar por conquistar opiniões favoráveis de algum grupo social.
As empresas desde sempre que o fazem para convencer os consumidores da excelência dos seus produtos ou serviços.
Os políticos também o fazem há muito para convencer os seus potenciais eleitores.
No entanto não deixa de ser verdadeiramente espantoso que entidades estatais como a Entidade Reguladora da Comunicação Social ou o Supremo Tribunal de Justiça entendam justificado ou razoável gastar fundos públicos para promoverem a sua imagem.
Claro que situações destas passam-se há muito em países com sistemas democráticos estabilizados, em que a maioria das pessoas têm já perfeito conhecimento delas .
Há um aspecto relevante neste uso e abuso dos consultores de imagem e que é necessário que todos tenhamos consciência dele. É que muitas vezes, para além de maquilharem quem os contrata, tratam ainda de limitar os estragos das suas asneiras e, principalmente, criam na comunicação social uma realidade virtual que cria temas e discussões que levam toda a gente atrás, enquanto o que verdadeiramente interessa passa discretamente por baixo de toda essa espuma que rapidamente se desfaz, até aparecer nova matéria de distracção.
É ver como determinados assuntos são lançados e tratados com grande voluntarismo pela generalidade da comunidade bloguística e pela comunicação social, para logo de seguida serem praticamente esquecidos e substituídos por outra matéria igualmente discutida e analisada por todos.
São inúmeros os sinais de que em Portugal se pratica actualmente este tipo de manipulação da realidade, que urge denunciar.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

O agradecimento alemão

Logo após o sucesso da obtenção de acordo para o “Tratado Reformador” da União Europeia, a chanceler alemã Angela Merkel resolveu brindar o nosso Primeiro-ministro e Presidente em exercício da União com um sonoro e expressivo “obrigado José”.
Como os alemães não costumam ser muito dados a reacções efusivas e não são propriamente conhecidos por brincarem a feijões nestas coisas da política da União, o entusiasmo com que aquele agradecimento foi feito despertou-me curiosidade sobre as suas razões.
Desde logo, a chanceler alemã ficou naturalmente satisfeita, porque as negociações difíceis sobre o Tratado que dirigiu durante a presidência alemã, foram levadas a bom porto pela presidência portuguesa.
Por outro lado, parece agora possível ultrapassar os problemas de gestão da União decorrentes dos sucessivos alargamentos e dos chumbos dos referendos à anterior Constituição em França e na Holanda em 2005, o que naturalmente será bom para toda a União e não para nenhum membro em particular.
Do texto da anterior “Constituição” foram deixados cair o hino, a bandeira e o ministro dos negócios estrangeiros da União, que continuará ser o “Alto Representante da União para os Assuntos Externos e Política de Segurança”. Também a livre concorrência deixou de ser um objectivo da União, para passar a ser apenas um instrumento. Como se vê, as diferenças são meramente de pormenor e até de designação, mas enfim, já não há formalmente Constituição Europeia, o que dá jeito para evitar referendos.
Manteve-se o reforço do Conselho de Ministros diminuindo os poderes da Comissão, o que evidentemente é muito bom para os países grandes, com a Alemanha à cabeça.
Foi ainda criado o cargo de Presidente fixo do Conselho Europeu, acabando a partir de 2009 as presidências rotativas de seis em seis meses, que simbolizavam a igualdade entre os países membros.
Foi adoptado o sistema de decisão por dupla maioria com aplicação a partir de 2014, pelo qual o Conselho de Ministros decidirá quando tiver uma maioria de 55% dos Estados, com 65% da população, facilitando a formação de maiorias entre os países grandes, deixando os pequenos com menos influência.
Com o novo sistema, a representação de Portugal, que pelo método anterior era de 3, 47%, passa a ser de 2,14%. Curiosamente, o peso da Alemanha passa dos actuais 8,4% para 16,7%.
Isto é, verifica-se facilmente que o novo Tratado beneficia os países maiores da União, em particular a Alemanha, pelo que se compreende agora bem o entusiasmo do agradecimento de Angela Merkel.
Já Portugal fica muito satisfeito porque o acordo final foi alcançado durante a presidência portuguesa, o que levará a que a sua assinatura seja feita em Lisboa, ficando naturalmente a ser conhecido por “Tratado de Lisboa”.
Enfim, nestas negociações difíceis cada um ficou com o que conseguiu e, curiosamente, todos os líderes europeus regressaram a casa a reclamar vitória.

Publicado no DC em 29 Outubro 2007

domingo, 28 de outubro de 2007

O PROBLEMA

Mais uma vez surgem os rankings das escolas. A confiança nestas classificações não pode ser muita, porque os jornais as fazem muito à pressa a partir dos dados não trabalhados do Ministério da Educação. São no entanto importantes, porque reflectem resultados concretos e não quaisquer outras considerações teóricas.
Há um resultado constante em todos os rankings publicados: os primeiros lugares são sempre ocupados por escolas do ensino privado, à semelhança do que tem acontecido nos anos anteriores.
Sigificativamente, qual foi a reacção política mais notória a estes resultados? Precisamente a do Bloco de Esquerda que atirou sobre as escolas privadas, acusando-as de estarem a ser promovidas pela direita, ou mesmo pela extrema direita. Isto é, em vez de analisarem as razões dos maus resultados da maioria das escolas públicas, criticam o que é bom e deveria servir de exemplo.
Por mais descabida que seja, esta reacção deve no entanto ser tida em conta, porque provavelmente visa preparar o terreno para mais ataques ao ensino privado.
Nesta mesma altura, o Estado resolve acabar com as reprovações por faltas injustificadas. É mais um passo na direção do abismo, apenas para mascarar as etatísticas de resultados. Só apetece dizer: "shame on you".

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

TRATADO REFUNDADOR

Agora que passou a onda do acessório, era conveniente que a substância do Tratado fosse claramente explicada aos portugueses (incluindo, ou principalmente aqueles que têm dificuldade em passar da leitura da 2ª página). E já agora, se possível, que fosse demonstrada a nítida vantagem para Portugal da nova situação da União decorrente da assinatura do Tratado.