quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

A "COISA" MATOU O AUTOR

O ex-ministro da Administração Interna que defendeu a necessidade de controlar os gastos e o endividamento das autarquias com a sua lei das finanças locais, viu virar-se o bico contra o prego e está agora a provar o seu próprio fel como presidente da Câmara de Lisboa.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

A D. ALZIRA VÊ TE VÊ?

A entrevista do primeiro-ministro ontem na SIC foi tão bem preparada, tão bem preparada, que o alinhamento nem deu para colocar umas palavrinhas de conforto aos lisboetas sacrificados pelas inundações, não foi D. Alzira?

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A D. ALZIRA SAIU PELA JANELA

(foto retirada do sapo)

Mais um dia de inundações em Lisboa.
No seu noticiário da noite, portanto muitas horas depois das chuvas e dos efeitos, somos bombardeados durante mais de meia hora, por directos e reportagens de casos concretos.
Numa dessas reportagens, ficámos a saber que a D. Alzira saiu de casa pela janela do seu quarto, e que a sua filha que vive ao pé, lhe prestou assistência. Esta notícia é o símbolo da incompetência jornalística que varre este país.
Total incapacidade de observação de um fenómeno, a não ser pela descrição de milhares de pormenores pontuais, que não explicam nada.
Ninguém pergunta nada aos presidentes das câmaras, nem aos responsáveis pela protecção civil.
Ninguém tenta sequer explicar porque é que nos casos mostrados, não aparece nenhum Mercedes ou BMW topo de gama, quase só se vendo opeis corsa.
E ninguém se lembra de que o ordenamento deste território coincide com mais de trinta anos de governação ou presidência de esquerda, com muita "defesa dos interesses das classes mais desfavorecidas". Dá vontade de vomitar.

ACABOU A COMIDA BARATA



As recentes notícias sobre um aumento acentuado dos preços internacionais dos cereais, com consequências imediatas no preço do pão, são muito mais importantes do que se poderia pensar à primeira vista. Na realidade, o que está em causa não é uma crise conjuntural passageira decorrente de ocasionais roturas de stocks.

Nas últimas dezenas de anos habituámo-nos a ver os custos da alimentação descer em todo o mundo, tendo havido uma quebra de cerca de três quartos em termos reais no último quartel do século XX.

Esta situação parece ter terminado irremediavelmente. De acordo com a revista ECONOMIST, só desde 2005 até agora os preços da alimentação subiram 75%, estando o respectivo índice de preços no nível mais alto desde 1845, data em que se começaram a medir.

E não se pense que o aumento dos cereais se reflecte apenas no pão. Uma enorme variedade de produtos alimentares e não alimentares lhes está referenciada. Um exemplo imediato é a carne: para se obter um quilo de carne são precisos em medis oito quilos de cereal.

Curiosamente, uma das principais causas do aumento acentuado dos cereais tem a ver com a produção de combustíveis alternativos aos combustíveis fósseis, isto é, petróleo. Para diminuir a dependência dos estados produtores de petróleo e ainda lutar contra a poluição, está-se a promover e mesmo a subsidiar a produção de bio-etanol para os veículos automóveis. É o caso do Brasil e dos Estados Unidos. Mas, como diz a revista citada, para se encher uma vez o depósito de um jipe, é necessário produzir milho que chegaria para alimentar uma pessoa durante um ano.

Para além do aumento dos custos da alimentação em todo o mundo, a produção de cereais para combustível em países desenvolvidos com agriculturas muito sofisticadas com elevada produtividade, está a condenar a agricultura dos países pobres que dependem muito mais dessa actividade para o sustento das suas populações.

Outro factor importante para a sustentabilidade destes aumentos de preço da alimentação a nível mundial tem a ver com a alteração de dietas alimentares nos países emergentes da Ásia, particularmente China e Índia. Só na China, o consumidor médio que comia 20 kg de carne em 1985 come agora para cima de 50 kg. Basta multiplicar este acréscimo pela população da China para se perceber a dimensão do problema.

Não se trata de boas notícias. Para além dos problemas económicos trazidos pelas crises internacionais do imobiliário, este é mais um factor a ter em conta na evolução da economia mundial nos próximos anos.

Publicado no "Diário de Coimbra" em 18 de Fevereiro de 2008

domingo, 17 de fevereiro de 2008

BEETHOVEN

TRIPLO CONCERTO

Um concerto verdadeiramente histórico que reuniu David Oistrakh, Mstislav Rostropovich e Sviatoslav Richter em Moscovo em 1970.

BEETHOVEN

De Beethoven, aqui fica o concerto para violino (3º and.) interpretado por Anne-Sophie Mutter com a Filarmónica de Berlim dirigida por Herbert von Karajan.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

A NOSSA LIBERDADE



Durante anos a Grã Bretanha, nomeadamente a sua capital Londres, foi o símbolo da coexistência pacífica e respeitosa entre representantes de todo o mundo e múltiplas manifestações culturais. Nós portugueses, habituados durante muitos anos a viver num mundo fechado, espantávamo-nos pela maneira como nos passeios da cidade passavam sem qualquer conflito hindus vestidos a rigor e com turbante, muçulmanos vestidos à sua maneira, hippies floridos, homens de negócios com sobretudo e chapéu londrino e Yuppies vestidos igualmente à sua maneira própria. Era, no fundo, um sinal de civilização.

Tudo começou a mudar com Salman Rushdie nos anos 80, que foi objecto de uma fatwa decretada pelo Ayatolla Khomeini, então o supremo líder iraniano, ordenando a sua morte por qualquer muçulmano que o conseguisse fazer, por causa da publicação de um livro da sua autoria.

Hoje assiste-se ao desmoronar de todo este edifício, com o próprio arcebispo de Canterbury, líder da Igreja anglicana, a propor a integração de preceitos da sharia no direito inglês. Para dar uma ajuda, a administração do metro londrino acaba de proibir a colocação de cartazes alusivos a uma exposição sobre o pintor Lucas Cranach, o Velho na Royal Academy of Arts que reproduz um quadro daquele pintor alemão renascentista com uma “Vénus” nua.

O motivo apresentado foi “levar em linha de conta todas as categorias de passageiros e fazer o possível para não os chocar”.

Dado que ninguém acredita que os londrinos se tenham tornado de repente tão puritanos que se impressionem com uma “Vénus” nua do século XVI, é óbvio o motivo: não ofender os muçulmanos.

É toda a nossa tradição cultural e civilizacional, o que inclui a liberdade, que começa a estar em causa.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

BEETHOVEN

Já publiquei neste blogue trechos de compositores que muito admiro, a começar por Bach.
Tenho resistido a citar Beethoven, por puro pudor. Como Leonard Bernstein disse, afinal é preciso reconhecer que Beethoven é de facto o maior compositor que jamais existiu. Algumas das suas composições estão hoje tão divulgadas, que quase se tornam banais na nossa vida, o que é uma perfeita injustiça.
Hoje apeteceu-me colocar aqui o segundo andamento da 7ª sinfonia, sendo que esta está longe de ser das mais conhecidas, mas cuja audição aconselho, quer aos mais conservadores, quer àqueles que gostam de música mais contemporânea. Outra das minhas preferidas é a sexta, mas fica para um destes dias.
Esta interpretação é da Filarmónica de Berlin, dirigida por Karajan. A minha preferência iria para a interpretação da Filarmónica de Viena dirigida por Simon Rattle, mas não a encontrei no You Tube. Fiquemos com esta um pouco mais romântica, mas belíssima.

REABILITAR A BAIXA DE COIMBRA



A Baixa de Coimbra encerra diversas fragilidades de ordem física, social e económica que se interligam no espaço e no tempo e cuja percepção imediata se traduz na actual degradação de grande parte dos edifícios.

O diagnóstico está basicamente feito nas suas diversas vertentes. Os caminhos para sair desta situação são diversos e implicam escolhas e tipos de intervenção pública ou privada diferentes.

Um dos caminhos seria o de promover a recuperação do edificado tal como previamente existente, sem preocupação com a sua adequação às necessidades dos utentes dos dias de hoje. Corresponde a uma visão museológica da cidade, não cuidando da sua sustentabilidade económica e exigindo a aplicação de fundos públicos em quantidades massivas. Como é bom de ver, se esta actuação é possível perante um ou outro edifício mais representativo do ponto de vista patrimonial, a evolução económica do país é completamente incompatível com esta atitude perante grandes áreas da cidade.

Outro caminho é o preconizado pela legislação existente com vista à reabilitação de zonas urbanas históricas, que deu origem à formação das Sociedades de Reabilitação Urbana cujo objectivo é promover o procedimento de reabilitação urbana nessas áreas.

Nos termos definidos para as SRU, a reabilitação urbana deverá ser prioritariamente realizada pelos proprietários dos prédios localizados nas áreas definidas para a sua acção. As SRU começarão por preparar os documentos que regem as intervenções do ponto de vista urbanístico, devendo os projectos de reabilitação sujeitarem-se às normativas por eles definidas. Apenas nos casos em que os proprietários não podem ou não pretendem realizar a reabilitação dos seus prédios, as SRU avançarão com os seus poderes de intervenção que incluem os de expropriação.

No caso de Coimbra, a Coimbra Viva SRU tem já elaborado e aprovado o denominado Documento Estratégico de uma significativa zona da Baixa, estando a decorrer o procedimento que corresponde ao período em que os proprietários decidem se avançam ou não para a reabilitação dos seus prédios. Está igualmente a decorrer um concurso para escolher a entidade que elaborará o Documento Estratégico de outra zona importante da Baixa, que abrange o Terreiro da Erva.

Deve-se realçar que o Estado não intervém financeiramente neste processo, isto é, não existem subsídios para a reabilitação. Estão no entanto previstos alguns apoios relevantes, como sejam o IVA especial para a realização destas obras que é de 5% em vez de 21% normais, bem como a quase total dispensa de pagamento de taxas urbanísticas municipais e isenções de pagamento de IMI durante alguns anos.

A questão do financiamento das operações é muito relevante, dado que um apreciável número de proprietários entendem não fazer as obras pelos mais diversos motivos: ou porque são herdeiros que pelo seu elevado número não conseguem entender-se, ou porque não têm condições económicas, ou porque são muito idosos e entendem já não ter condições físicas e psicológicas para entrar neste processo, ou apenas porque não estão dispostos a fazer as obras.

A legislação em vigor permite que as SRU adoptem o princípio das parcerias público-privadas para a realização da reabilitação. As condições externas para o surgimento de parceiros privados para a reabilitação não são, no entanto, muito favoráveis neste momento, quer por uma certa retracção económica geral, quer pela crise financeira internacional ligada precisamente a alguns sectores do imobiliário. Sabendo-se que a reabilitação não é à partida uma actividade económica concorrencial face à construção nova em outras zonas urbanas, será necessário encontrar vantagens comparativas que compensem aquela desvantagem, designadamente para todos aqueles que preferirão residir numa zona histórica, o que exigirá esforços não só da SRU, mas também de outros sectores sejam públicos, sejam privados.

Outra solução será a constituição de fundos de investimento imobiliário, em que a subscrição de unidades de participação poderá ser feita em dinheiro ou através da entrega de prédios a reabilitar. Na conjuntura actual, talvez seja esta a via mais favorável para obter o necessário financiamento das operações de reabilitação. Uma vantagem será a possibilidade de os próprios proprietários participarem na reabilitação, sem terem de despender dinheiro, entrando com o valor dos seus prédios. Também as empresas e outras entidades interessadas na reabilitação poderão participar, bem como investidores a nível pessoal ou empresarial que pretendam rentabilidades competitivas com as oferecidas normalmente pelos depósitos bancários.

A Coimbra Viva SRU, em colaboração estreita com a Câmara Municipal de Coimbra e com o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana analisa as vantagens e desvantagens de cada uma das soluções. Não se poderá perder de vista que a reabilitação urbana da Baixa só será um sucesso se, além de manter moradores actuais, tiver a capacidade de atrair novos residentes, se conseguir reanimar economicamente o comércio local e se conseguir atrair novas actividades económicas e lúdicas, isto é, se conseguir recuperar a centralidade perdida.

Publicado em o "Campeão das Províncias" em 14 de Fevereiro de 2008

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

ABORTO

Segundo o Diário de Notícias de hoje, (ver link em baixo), uma rapariga de 19 anos, aluna de uma escola profissional de Viseu, tentou abortar nas instalações da própria escola, estando grávida de 5 meses. Como é natural correu mal e acabou por ser levada para o hospital local, onde se confirmou que a criança já estava morta.

Nestas circunstâncias, a brilhante actual lei do aborto obriga a levar esta rapariga a tribunal.

Nessa altura vamos observar de novo as habituais manifestantes à porta do tribunal a clamar pela injustiça da situação e “a defender o direito a mandar na sua barriga”?

http://dn.sapo.pt/2008/02/12/sociedade/estudante_19_anos_aborta_escola.html