quarta-feira, 19 de novembro de 2008

terça-feira, 18 de novembro de 2008

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

EDUCAÇÃO E AVALIAÇÃO


O nosso sistema público de educação atravessa uma crise de uma gravidade profunda, que abrange já tanto professores como alunos, o que deve reconhecer-se não ser nada habitual.

O detonador desta situação foi o sistema adoptado para a avaliação dos professores.

Como em todas as classes profissionais, haverá maus professores, mas devemos reconhecer que, na sua esmagadora maioria, são profissionais competentes e interessados em educar bem os seus alunos. E fazem-no dentro de um sistema que parece hoje mais apostado em conseguir boas estatísticas do que em educar capazmente os cidadãos de amanhã.

Não é possível ignorar, ou mesmo acusar de manipulação, uma classe especialmente bem preparada em termos de cidadania, que em poucos meses faz duas manifestações nacionais com uma participação bem acima dos 50% de todo o seu universo.

É claro para quem observa de fora que os próprios sindicatos foram completamente ultrapassados em todo este processo. Foram-no em Março aquando da 1.ª manifestação, e foram-no agora quando os professores nas suas escolas, um pouco por todo o país, ignoraram o “memorando de entendimento” assinado entre o Ministério e os sindicatos. Vir igualmente acusar os alunos que agora aproveitam a boleia da confusão instalada nas escolas para fazerem as suas próprias e incipientes reivindicações é no mínimo caricato. Para quem anda sempre com o Maio de 68 na ponta da língua, vir classificar as atitudes infantis dos estudantes como manifestações anti-democráticas é, pelo menos, um pouco estranho.

Uma correcta avaliação de desempenho que permita aos melhores uma progressão na carreira mais rápida, através da acumulação de pontos, é perfeitamente normal. Se há alguém familiarizado com a avaliação de desempenho são os professores – fazem-no diariamente aos seus alunos. Também por isso desenvolveram uma sensibilidade muito grande à qualidade dos sistemas de avaliação.

E não podem concordar com o sistema que os dividiu em professores e professores titulares com recurso a critérios porventura coerentes em teoria mas completamente desajustados da realidade, dando origem a situações de injustiça concreta.

Também não lhes parece normal, por exemplo, que os professores que chumbem (perdão ao eduquês: que retenham) mais de três alunos não possam ser muito bons ou excelentes.

Por isso se vê hoje um elevadíssimo n.º de professores com muitos anos de carreira e considerados como modelos pela sua competência, a pedir reforma antecipada, o que não é nada favorável à qualidade de ensino, antes faz prever ainda mais degradação.

Os sistemas de avaliação de desempenho são importantes e necessários, mas são apenas instrumentos, e não são únicos. Não podem nem devem ser encarados como um objectivo em si mesmo, muito menos como sendo redentores de um sistema decadente, quase como uma religião, ainda por cima defendida de forma quase fanática.


Publicado no Diário de Coimbra em 17 de Novembro de 2008

domingo, 16 de novembro de 2008

JOGO DE ESPELHOS

Do Diário de Notícias de hoje (incluindo os pormenores poéticos que, pelos vistos, vêm muito ao caso):

BPN: PS recusa ouvir Dias Loureiro no Parlamento


ANA SÁ LOPES
Parlamento. O pedido de Dias Loureiro para ser ouvido na Assembleia da República no âmbito do escândalo BPN não terá o voto favorável dos socialistas. A direcção do PS considera que, sendo o assunto do domínio da investigação criminal, o Parlamento não deve ouvir o conselheiro de Estado

O pedido do conselheiro de Estado para ser ouvido vai ser chumbado

O PS não vai aceitar que Manuel Dias Loureiro preste esclarecimentos no Parlamento sobre a sua ligação com o BPN, como é vontade do conselheiro de Estado, soube o DN junto de fonte da direcção. Para os socialistas, o caso do Banco Português de Negócios está a ser objecto de investigação criminal e nada justifica que a Assembleia da República (uma vez que não tem nenhuma comissão de inquérito parlamentar sobre esta matéria) venha a ser palco de qualquer intervenção nesta matéria.

Na semana passada, Dias Loureiro escreveu ao presidente da Assembleia da República a pedir para ser recebido pelos deputados, para prestar depoimento sobre a sua passagem pela administração da Sociedade Lusa de Negócios, na sequência do rebentar do escândalo BPN e consequente nacionalização. Jaime Gama enviou o pedido para a Comissão de Orçamento e Finanças, que agora o irá votar.

Mas os socialistas não entendem que o Parlamento seja a sede indicada para a defesa de Dias Loureiro, uma vez que há um processo judicial a decorrer. O destino do pedido do conselheiro de Estado será idêntico ao do requerimento do Bloco de Esquerda, que também pediu para ouvir Miguel Cadilhe e os antigos responsáveis do Banco Português de Negócios: o chumbo.

A única declaração pública de Dias Loureiro - um dos ministros mais influentes durantes os governos de Cavaco Silva - desde que foi conhecido o escândalo foi a de que desconhecia os problemas do BPN. "Não sei de nada sobre a nacionalização do Banco Português de Negócios, nem nunca tive conhecimento de problemas relacionados com o BPN", disse no dia 3 deste mês à Lusa. "Não me posso pronunciar sobre a nacionalização, porque tudo o que sei é o que leio nos jornais", acrescentou.

Dias Loureiro foi até Setembro de 2002 administrador executivo da Sociedade Lusa de Negócios, a holding que controlava o BPN. Posteriormente, até Dezembro de 2005, passou a administrador não executivo.

Na sexta-feira passada, o Presidente da República foi interrogado por jornalistas sobre o caso BPN. "Não posso fazer qualquer afirmação sobre um assunto que não conheço suficientemente. Não vejo sequer razão até para me ser feita essa pergunta", afirmou Cavaco, questionado sobre se mantinha a confiança em Dias Loureiro como conselheiro de Estado.

O ex-administrador do BPN foi um dos pilares políticos do actual PR, tanto no partido como no Governo. Cavaco começou por entregar a Dias Loureiro a gestão do PSD (nomeou-o secretário-geral) mas depois chamou-o para o Governo, onde foi ministro dos Assuntos Parlamentares entre 1989 e 1991. Depois de 1991, ocupou a pasta da Administração Interna. Foi, igualmente, um dos principais estrategas das duas campanhas de Cavaco Silva à Presidência da República. Na última, que elegeu Cavaco Silva Presidente, Dias Loureiro foi também o autor do hino de campanha."Fazer Portugal Maior é romper a bruma, abrir o dia, é rasgar o medo... é fazer melhor", rezava o refrão.

Duerme negrito

Recordar Atahualpa Yupanqui

terça-feira, 11 de novembro de 2008

CADILHE KO

Segundo a imprensa de hoje, o Estado levantou 300 milhões de euros do BPN em Agosto assim dificultando, e muito, o plano de recuperação de Cadilhe. Até se pode desconfiar que o próprio Estado tratou de criar as condições para que a nacionalização ou falência se tornasse inevitável. E é evidente que se os outros depositantes do Banco tivessem a mesma informação que o Estado, teriam igualmente procedido imediatamente ao levantamento dos seus depósitos. Já não é apenas o Banco de Portugal que começa a ficar mal visto nesta história.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

HUMANIDADE EM CAUSA




Nestes tempos em que, por motivos variados, (diria mesmo, desvairados) se tem visto usar entre nós a cruz gamada, símbolo do regime nazi, não deve deixar de se dar a conhecer a publicação de uma impressionante biografia de Heinrich Himmler, da autoria do professor e historiador alemão Peter Longerich.

A figura sinistra de Himmler foi um dos principais responsáveis do regime hitleriano, com um poder e desumanidade que muitos consideram não terem sido inferiores a Hitler. Foi da sua responsabilidade a montagem das SS, que dirigiu, bem como a definição da política de exterminação dos grupos que considerava como inimigos da Alemanha e que ficou conhecida como Holocausto: judeus, comunistas, homossexuais, deficientes e ciganos. Foi ele o responsável pela construção do primeiro campo de concentração em Dachau e o planificador e executor da chamada “solução final”.

Pretendia a purificação da raça ariana, composta apenas por homens altos, louros e atléticos, destinados a governar o mundo; tudo o que colocasse em risco este objectivo deveria ser varrido da face da Terra, assim se assassinando milhões de pessoas. Curiosamente, esta obra agora publicada levanta com seriedade a hipótese da existência de homossexualidade reprimida em alguns dos dirigentes nazis, designadamente Himmler, o que até poderá explicar a sua sanha persecutória contra os homossexuais.

Para Himmler, o cristianismo era igualmente considerado "a maior peste alguma vez criada na história", pelo que toda a tradição e cultura cristãs – que colocam a mulher no centro da sociedade – eram aberrações a destruir.

É triste que os símbolos desse regime vermelho e negro voltem a ser usados nos nossos tempos, seja em tatuagens exibidas em público, seja em bandeiras como arma de arremesso político.

O simples respeito pela humanidade em geral e pelas vítimas indefesas e abandonadas do Holocausto deveria levar à reflexão e repúdio por aqueles símbolos.

Não esqueço a resposta que um juiz deu um dia a quem lhe perguntou se achava que a humanidade ainda valia a pena, perante os horrores a que tantas vezes assistimos: “sei que vale, porque li o Diário de Anne Frank”.



domingo, 9 de novembro de 2008

PROFESSORES

A situação da Educação em Portugal começa a estar muito complicada.
Depois da gigantesca manif dos professores é evidente que algo tem de mudar, a sério.
A esse respeito, começa a criar-se um consenso nacional.
Ler, por exemplo, o insuspeito Alfredo Barroso, aqui.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O DEUS QUE NÃO TEMOS


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Para quem se interessa com as relações entre a Fé e a Ciência, ainda que não seja crente, anuncio a saída do último volume da trilogia destes autores sobre o assunto: Sebastião Formosinho e J. Oliveira Branco.
A apresentação do livro foi ontem em Coimbra, tendo ficado a cargo do Bispo D. Januário Torgal Ferreira.
Recomendo vivamente.

OBAMAMANIA

A quase unanimidade sobre Obama foi bruscamente quebrada pelo PCP, cujo Gabinete de Imprensa publicou a seguinte Nota:


"A gigantesca operação produzida a propósito das eleições presidenciais nos EUA não pode ser desligada da actual crise do capitalismo – que tem tido particular expressão nos EUA – e das várias tentativas em curso que procuram reabilitar o sistema capitalista e o papel da potência hegemónica que os EUA constituem no plano internacional.
Não ignorando diferenças entre os candidatos republicano e democrata, a verdade é que ambas as candidaturas não disfarçam o seu vínculo a um projecto de dominação no plano económico, ideológico e militar do mundo.
Para o PCP a eleição de Barack Obama como presidente dos EUA está longe de corresponder às expectativas que a gigantesca campanha mediática mundial procurou criar para construir a ilusão de uma mudança e de uma viragem na política dos EUA e do seu papel na esfera internacional."

Até é refrescante encontrar uma opinião diferente.
Mas impressiona que os nossos comunistas ainda pensem assim em 2008 e, fundamentalmente, que tenham as votações que têm