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sábado, 26 de outubro de 2019
quinta-feira, 24 de outubro de 2019
Juizes governantes
O novo Governo de António Costa vai ter dois juízes como secretários de Estado.
O juiz Antero Luís, que vai ser secretário de Estado adjunto e da Administração Interna, foi director-Geral do Serviço de Informações de Segurança (SIS) entre 2005 e 2011 e secretário-Geral do Sistema de Segurança Interna (SSI - o “super-polícia”) de 2011 a 2014.
O juiz Mário Belo Morgado, que vai ser Secretário de Estado Adjunto e da Justiça, foi inspector judicial, director-geral dos Serviços Judiciários e vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura (não tendo sido eleito pelos pares para a presidência) e ainda director nacional da Polícia de Segurança Pública.
Coincidências?
Eu não acredito em bruxas, mas que as há, há....
O juiz Antero Luís, que vai ser secretário de Estado adjunto e da Administração Interna, foi director-Geral do Serviço de Informações de Segurança (SIS) entre 2005 e 2011 e secretário-Geral do Sistema de Segurança Interna (SSI - o “super-polícia”) de 2011 a 2014.
O juiz Mário Belo Morgado, que vai ser Secretário de Estado Adjunto e da Justiça, foi inspector judicial, director-geral dos Serviços Judiciários e vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura (não tendo sido eleito pelos pares para a presidência) e ainda director nacional da Polícia de Segurança Pública.
Coincidências?
Eu não acredito em bruxas, mas que as há, há....
quarta-feira, 23 de outubro de 2019
segunda-feira, 21 de outubro de 2019
CIDADANIA AOS PEÕES
Na sequência do acentuado movimento demográfico
de abandono das áreas rurais das últimas dezenas de anos, as cidades passaram a
ser o habitat natural da grande maioria das pessoas. Para que os seus
habitantes tenham uma vida confortável e mesmo saudável os espaços públicos
urbanos devem ser dimensionados tendo em conta esse facto devendo, para além
disso, ser motivo dos maiores cuidados de manutenção e conservação. Essa
obrigação deverá ser mesmo ser considerada como a preocupação número um de
qualquer autarquia.
Nas ruas das cidades convivem diversos tipos de
utentes entre os quais uma das maiores diferenças reside nos respectivos modos
de deslocação. E, se há zonas destinadas exclusivamente a pessoas que se deslocam
a pé ou bicicleta como os parques verdes outras há, caso das ruas, em que os
conflitos entre os diversos modos de deslocação são permanentes. Nem falo de
situações espúrias e absolutamente inaceitáveis, de utilização abusiva dos
passeios que são exclusivamente destinados a peões como o estacionamento de
viaturas automóveis ou aquela outra mais recente da circulação de trotinetas
eléctricas. Contudo, as situações de conflito mais graves verificam-se quando
os peões têm que atravessar as vias e é aí que as autoridades responsáveis pela
gestão da via pública têm particulares responsabilidades em adoptar medidas que
promovam uma efectiva melhoria da segurança rodoviária. Cabe lembrar aqui aos
automobilistas uma norma do Código da Estrada que, entre nós, parece muito
esquecida: os condutores que mudam de direcção devem ceder passagem aos peões
que estejam a atravessar a faixa de rodagem da rua em que vão entrar, sob pena
de contra-ordenação grave.
Concretizando com o que se passa na nossa cidade
,
verifica-se que o número de atropelamentos com mortos ou feridos graves foi de
nove durante o ano de 2018, abaixo da percentagem nacional em que os
atropelamentos constituíram 15,4% dos acidentes graves, de acordo com as estatísticas
oficiais. Um daqueles atropelamentos ocorreu na Rua Miguel Torga, onde também
são frequentes os choques de traseira junto às passadeiras existentes.
Saúda-se, portanto, a Câmara Municipal por ter colocado semáforos nas 4
passadeiras daquela rua.
Aquele tipo de acidentes deve-se, em muito, à
exagerada velocidade de circulação em muitas das nossas ruas, mas também à
deficiência de visibilidade e de sinalização das passadeiras. No que respeita à
velocidade, fazem falta mais locais com semáforos dotados de detectores de
velocidade, em particular em ruas onde há também um elevado número de peões a
circular. Estou a lembrar-me da Av. Armando Gonsalves de acesso aos HUC, mas
também da Av. Navarro, da Rua Bernardo Albuquerque, da Av. Fernando Namora,
etc. Mesmo a colocação de painéis informativos da velocidade, sem semáforos ou
sem câmara fotográfica tem um efeito altamente dissuasor do excesso de
velocidade como era possível verificar na descida da Circular Interna enquanto
o equipamento ali colocado funcionou devidamente.
Algumas passadeiras da Cidade, particularmente
aquelas localizadas nas proximidades de escolas, foram em tempos dotadas de
equipamentos sinalizadores da sua existência, com iluminação própria, além de
colocação de pavimentos especiais. Urge proceder à sua manutenção para que
voltem a ser a ser eficazes, para além de se dever aumentar o seu número para
protecção de jovens estudantes, mas não só.
A maioria dos passeios de Coimbra possui
pavimentos desadequados a uma confortável e segura circulação dos peões, para
além do mau estado de muitos deles. É frequente encontrarmos pessoas a caminhar
pela faixa de rodagem, entre os carros, por uma razão muito simples: os
pavimentos rodoviários estão em muito melhor estado que os dos passeios. É uma
situação caricata que deveria envergonhar os responsáveis autárquicos, para
além da insegurança que provoca. Na zona histórica e em locais em que os
passeios têm calçadas com desenhos justifica-se a sua manutenção, embora tenha
que haver cuidados e despesas suplementares para garantir o seu bom estado. Já
o mesmo não se pode dizer de toda a restante cidade em que o conforto deve ser
a regra dominante na escolha do tipo de pavimentos, devendo-se abandonar
calçadinhas sem qualidade, desconfortáveis e de difícil manutenção.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 21 de Outubro de 2019
Lítio: tem esturro
Então o governo entregou a exploração do lítio em Montalegre, negócio que vale para cima de 300 milhões de euros, a uma empresa constituida 3 dias antes, com um capital de 50.000 euros e sede na Junta de Freguesia da terra.
Cheira a esturro, sabe a esturro, é esturro, com certeza. Para não dizer outra coisa.
Cheira a esturro, sabe a esturro, é esturro, com certeza. Para não dizer outra coisa.
sexta-feira, 18 de outubro de 2019
quinta-feira, 17 de outubro de 2019
Carta de um presidente
O presidente dos EUA Donald Trump enviou ao seu congénere da Turquia a carta que se reproduz. A linguagem presidencial deve ficar para memória de um tempo estranho nas relações internacionais que só se pode desejar que acabe depressa.
segunda-feira, 14 de outubro de 2019
UMA PINTORA EXCEPCIONAL: ELISABETH CHAPLIN
O “Visto de Dentro” regressa esta semana a um
tema, na verdade dois em um, que várias vezes tem abordado nestas linhas, ao
longo dos anos. Refiro-me a mulheres artistas que, por uma ou outra razão,
passam ao lado em termos do nosso conhecimento, ao contrário de homens artistas
do mesmo período que são reconhecidos por toda a gente. Das pintoras que já
aqui abordei, recordo Artemisia Gentileschi mas também Josefa de Óbidos, tão
esquecida e mesmo desconsiderada entre nós, até por grandes intelectuais.
De vez em quando, há artistas que parece virem
ter connosco, seja na música, seja na literatura, seja na pintura ou outras
manifestações artísticas. Por este ou aquele motivo, estiveram, durante toda a
nossa vida distantes de nós, por desconhecimento ou por falta nossa de
capacidade de ir descobrir tudo o que não sabemos, como devíamos fazer sempre.
Foi assim, por um acaso, que alguns quadros de Elisabeth
Chaplin, de quem nunca tinha ouvido falar, surgiram aos meus olhos
deslumbrados. A pintora não é tão antiga assim, dado que morreu em 1982, em
Florença na sua amada “Villa Il Treppiede”. Tinha 91 anos de idade, o que
significa que tendo nascido ainda no séc. XIX, teve a possibilidade de
acompanhar todo o período das primeiras dezenas de anos do séc. XX,
extraordinariamente fértil, em termos de pintura. E, apesar de ter artistas na
família, nomeadamente a mãe escultora e um tio pintor, foi autodidacta em
pintura, tendo começado muito jovem a pintar e a ser reconhecida. Depois de a
família ter vivido em vários locais desde Fontainebleau em França, onde nasceu
a pintora, acabou por se estabelecer em 1905 nas colinas de Fiesole nos
arredores de Florença. E foi aí que, passando dias e dias na Galeria Uffizi
copiando as pinturas dos grandes mestres, desenvolveu a sua própria técnica,
pelo que costumava dizer que foram eles os seus professores. Logo aos 16 anos o
seu quadro “Retrato da família no exterior” venceu a medalha de ouro num
concurso em Florença. A sua técnica de captura de cores e luz das pinturas ao ar
livre na região toscana apurou-se nesse tempo. Ao longo dos anos seguintes
participou nas principais exposições em cidades como Paris e Veneza ao lado de
Cezanne, Matisse ou Van Gogh, tendo recebido encomendas para trabalhos
importantes como, por exemplo, para a Igreja de Notre-Dame, em Paris e sido
premiada com a medalha de ouro a Exposição Internacional e recebido a Legião de
Honra em 1938.
O Corredor Vasari da Galeria Uffizi em Florença é
célebre por albergar uma das mais importantes colecções de auto-retratos do
mundo. A colecção foi iniciada por compras da família Medici mas, a certa
altura, criou-se a tradição de os pintores para lá enviarem os seus próprios
auto-retratos havendo, no entanto, um reduzido número de obras de autoria de
pintoras.
O Corredor Vasari preenche o interior de uma ponte pedonal fechada
sobre o Rio Arno construída em 1546 por Giorgio Vassari ligando o “Palazzo
Vechio” ao “Pallazo Pitti”.
Em 1946, a Galeria Uffisi comprou três quadros a
Elisabeth Chaplin, mas acompanhou a encomenda do pedido de oferta de um seu
auto-retrato. A pintora entregou uma obra que pintou em 1903, ainda bem jovem,
o “Auto-retrato com um guarda-chuva verde” a que, mais tarde se veio juntar
ainda um outro.
É assim que, no Corredor Vasari ao lado de auto-retratos de
Rembrandt, Velasquez, Delacroix ou Chagal, entre muitos outros grandes mestres
da pintura, podemos apreciar também não um, mas dois de Elisabeth Chaplin. A
Galeria de Arte Moderna do Palácio Pitti tem uma sala inteiramente dedicada a
Elisabeth Chaplin, possuindo um acervo de largas centenas de quadros da
pintora.
Ao contrário de épocas anteriores, no século XX
foi possível assistir ao surgimento de pintoras consagradas, entre as quais se
contam também algumas portuguesas. Devemos, no entanto, reconhecer que o merecido
reconhecimento de Elisabeth Chaplin é ainda muito reduzido face a homens-pintores
do mesmo tempo. E, principalmente nos dias que correm, de alguma confusão e
recusa da beleza artística como algo a atingir na criação artística,
precisamente a beleza da sua obra bem merece ser contemplada, conhecida e
estudada.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 14 de Outubro de 2019
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