sábado, 29 de março de 2008

ULTRA-LIBERALISMO


Uma das razões apresentadas pelos defensores da proposta de eliminação do divórcio litigioso é a defesa de uma sociedade cada vez mais liberal.
O casamento civil, de forma diferente do casamento religioso -nomeadamente católico- que se considera um sacramento, é um contrato entre duas partes que são os elementos do casal.
Qualquer contrato possui cláusulas de direitos e deveres, bem como de salvaguarda, com vista a obter um equilíbrio das partes que o celebram. Normalmente não é possível a um dos contraentes pura e simplesmente rasgar um contrato que assinou de livre vontade.
Numa casamento existe, por razões sociais que agora não vêem ao caso, uma parte mais frágil, que supostamente é defendida pelo contrato. Todos sabemos que normalmente é a mulher o elo mais fraco. O abandono da sua defesa no contrato de casamento significa portanto uma fragilização da mulher na sociedade de forma objectiva.
Esta nova Esquerda que temos defende uma sociedade cada vez mais liberal através de uma progressiva desregulamentação das relações sociais que é mais ou menos o regresso à selva e que se pode perfeitamente chamar ultra-liberalismo.
É uma situação muito curiosa dos nossos tempos.
Não falta muito para os próceres da Esquerda descobrirem as vantagens da desregulamentação total da economia, usando da mesma argumentação ideológica libertária que agora ouvimos na parte social.
Onde estarão então a Esquerda e a Direita?

Sem comentários: