segunda-feira, 12 de maio de 2008

POLÍTICA E REALIDADE


Como é do conhecimento geral, está novamente em discussão a questão dos horários de abertura dos estabelecimentos comerciais. Em particular, discute-se a possível abertura dos hipermercados ao Domingo. Na última semana a Assembleia da República debruçou-se sobre diversas propostas, tendo deliberado baixar à comissão uma proposta que prevê que as Câmaras Municipais possam decidir sobre a abertura dos hipermercados ao Domingo nos respectivos municípios.

Esta matéria tem sido objecto de grande debate, dado haver sobre ela as posições mais díspares, desde o fecho puro e simples das lojas ao Domingo, até à liberalização total à vontade dos proprietários das lojas. Estes defendem a sua posição acenando com um eventual aumento do nº de postos de trabalho e até de baixa de preços de produtos, pasme-se.

Do outro lado aponta-se a necessidade de haver um dia da semana para descanso das famílias. Já o comércio tradicional aponta para a concorrência desleal das grandes superfícies, que a desregulação do sector trará inevitavelmente.

Perante tal variedade de posições, os decisores políticos devem ter em conta os diversos interesses, para poderem decidir qual a melhor opção num determinado momento.

A Associação Comercial e Industrial de Coimbra -ACIC que representa centenas de comerciantes do distrito decidiu participar no processo, tendo para o efeito solicitado em Março reuniões com os responsáveis distritais dos partidos com assento na Assembleia da República. Desses partidos apenas o PCP se dignou responder e sentar-se à mesa com os representantes dos empresários do comércio de Coimbra. Isto é, os responsáveis distritais dos outros partidos não estão disponíveis para analisar esta questão com uma associação com a importância da ACIC. Pensarão eventualmente que já sabem tudo sobre a matéria e que tendo sido eleitos têm o seu próprio programa que resolve todas as questões, sendo desnecessário ter a maçada de perder tempo a ouvir o que os próprios interessados têm a dizer sobre elas.

Se os responsáveis dos partidos políticos pretendem que as populações continuem a sentir-se cada vez mais alheadas da política e a desconsiderar os políticos, estas atitudes vão no bom caminho, mas não são certamente a melhor maneira de contribuir para a qualidade da nossa democracia.

Publicado no Diário de Coimbra em 12 de Maio de 2008

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