Perante a surpresa da demissão do líder do PSD que havia sido eleito há cerca de sete meses, devo confessar que fiquei inteiramente perplexo e ainda mais desapontado com o que se tem passado com a liderança e orientação (ou falta delas) do meu partido desde há vários anos.
Decidi aguardar com serenidade durante alguns dias, até perceber o significado político das várias candidaturas que logo se apresentaram e assim poder tomara minha opção com racionalidade e em inteira liberdade de pressões.
Neste pequeno texto, escrito já na qualidade de mandatário do Dr. Passos Coelho para o concelho de Coimbra, partilho com os leitores algumas das razões da escolha que acabei por fazer.
Em primeiro lugar penso ser necessário assumir que, face ao histórico dos últimos anos, não há dúvida que se tem verificado um distanciamento crescente entre os anseios da população portuguesa em geral e o que se tem passado no interior do PSD.
Perante esta situação, deverão os militantes do PSD perguntar-se o que é que querem neste momento. As condicionantes da resposta a essa pergunta não podem deixar de passar pela saída do Dr. Durão Barroso para presidir à Comissão Europeia abandonando a chefia do Governo de Portugal, pela experiência da governação do Dr. Santana Lopes após a sua indicação para o cargo sem passar por um processo de legitimação e ainda pelo processo traumático do abandono inexplicado do Dr. Filipe Menezes.
A resposta à pergunta dos militantes do PSD terá com certeza a ver com vontade de mudança e novidade de propostas, certamente com segurança na opção para garantir estabilidade e evitar novos abandonos de liderança e, muito importante, com credibilidade pessoal e política.
Analisando os vários candidatos à liderança do PSD, particularmente os que se encontram à frente nas sondagens, que são inquestionavelmente o Dr. Pedro Passos Coelho e a Dra. Manuela Ferreira Leite, verifica-se que há aspectos comuns: a credibilidade política, a honestidade e probidade pessoais inatacáveis. Os militantes do PSD estão já de parabéns, porque estes aspectos cruciais estão garantidos logo à partida, vença qualquer um deles.
A partir daí surgem as diferenças que ditam a escolha, as quais têm a ver com o passado e com o futuro. Relativamente ao passado, não há dúvida de que houve acções erradas no processo de substituição do Dr. Durão Barroso pelo Dr. Santana Lopes. O PSD tem que ultrapassar definitivamente este trauma, devendo ainda surgir nas próximas eleições livre de justificações do passado e apontando soluções para o futuro.
Por outro lado, as rapidíssimas alterações económicas e sociais a que assistimos, consequência da integração europeia e da globalização galopante da qual até podemos discordar mas contra a qual Portugal não está obviamente em condições de lutar, exigem toda uma nova abordagem aos diversos níveis da governação.
Engana-se quem pensa que quem está amarrado às velhas soluções imaginadas pelos teóricos da economia durante a primeira metade do século XX e que foram melhor ou pior utilizadas na segunda metade do mesmo século consegue resolver a complexa e completamente nova situação a que assistimos neste início do século XXI. As empresas sabem bem que o ambiente em que se movimentam não tem nada a ver com o que acontecia há escassos vinte anos. O mesmo vale para a governação de um país.
Desde o 25 de Abril que o PSD andou sempre à frente nas reformas do sistema político e na procura das alternativas governativas mais adequadas aos novos tempos que têm surgido. Os eleitores esperarão do PSD que seja capaz de lhes propor uma alternativa a um modelo de desenvolvimento que sentem gasto por estar a provocar o empobrecimento lento e contínuo do país. Os sacrifícios que lhes têm sido pedidos ao longo dos últimos anos pelos diversos governos não têm tido resultados práticos, servindo basicamente para compensar as despesas de um Estado que teima em não gastar menos.
A candidatura do Dr. Pedro Passos Coelho, através das propostas muito concretas que já apresentou é, na minha opinião, não a que melhor responde a estas questões, mas a única que se propõe mudar o modelo de desenvolvimento do país de forma recolocar-nos num plano ascendente que corresponderá finalmente à convergência com a Europa.
Publicado no Diário de Coimbra em 23 de Maio de 2008
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