quarta-feira, 13 de agosto de 2008

CANETAS - escritos de Verão

A informatização galopante da nossa vida tem, por vezes, consequências bem inesperadas.
É assim que muitas profissões passaram a ter tarefas diferentes e mais variadas e até mesmo responsabilidades acrescidas às anteriores.
Por outro lado, quem tinha que escrever muitos textos à mão, como minutas e relatórios, passou a fazê-lo quase em exclusivo directamente no computador.
Significa isso que aquilo que se escreve à mão passou a ter normalmente um carácter próprio e especial, abrindo possibilidades para que essa escrita passe a ter um significado e mesmo prazer próprios. Entra aqui o uso de canetas de tinta permanente cujo tempo muitos julgariam terminado face à utilização massiva das esferográficas anónimas. Curiosamente, a utilização de canetas está hoje praticamente interdita em reuniões profissionais, nas quais são vistas como manifestação de ostentação. O seu uso está assim praticamente limitado a uma utilização apenas pessoal.
As canetas permitem uma escrita muito mais suave, com letra mais desenhada, criando uma relação especial com aquilo que se escreve.
No mundo masculino, há dois tipos de objectos pessoais que se usam muitas vezes sem que as outras pessoas se apercebam da sua utilização. São os relógios e as canetas. Sobre os relógios mecânicos já aqui escrevi bastante e voltarei ainda a esse tema, dado estarem sempre a aparecer novidades em termos de precisão e novas complicações.
Os relógios mecânicos de qualidade são quase todos suíços, como é bem conhecido.
As canetas têm origens mais variadas. Muito na moda ultimamente estão as alemãs MontBlanc. Os meus amigos Arquitectos gostam muito delas, particularmente do modelo Meisterstuck grande que tem um aparo verdadeiramente extraordinário.

As americanas Parker são bem conhecidas de todos nós, não devendo haver ninguém da nossa geração que nunca tenha recebido uma delas como prenda, normalmente associada a algum sucesso da vida académica. Nos últimos anos a marca voltou a produzir o modelo Duofold dos anos 20 do século XX que tem uma laca colorida que lhe dá um encanto especial.

Existem muitas outras marcas com modelos característicos como a Sheaffer e a Aurora, tendo ainda desaparecido outras bem famosas como a Conklin.
Mas a Suíça não podia deixar de ter igualmente uma marca de canetas muito especiais.

A Caran d’Ache, que todos conhecemos desde a infância por causa dos lápis de cores e tintas para desenho, fabrica uma série de instrumentos de escrita dignos de nota, embora a marca não esteja muito na moda no que respeita a canetas. A lapiseira de minas em prata tratada com ródio para não escurecer, é uma clássica pela sua beleza intemporal, muito fina e de secção hexagonal. Já a caneta do modelo Léman, embora pesada em comparação com as rivais tem uma precisão de construção e de acabamentos bem suíça. Tendo uma elegância muito discreta, pode usar-se com muito maior à vontade em qualquer circunstância. Por outro lado, a Caran d'Ache desenvolveu uma série de cores de tinta diferentes dos habituais azul e preto e que contribuem para personalizar a escrita.

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