domingo, 17 de agosto de 2008

JOGOS OLIMPICOS

Estes Jogos Olímpicos de Pequim não têm corrido bem a Portugal por diversos motivos. Não falo dos resultados dos atletas e da falta de medalhas. O desporto português é o que se sabe e as medalhas que tivemos no passado, à excepção da vela e do hipismo foram excepções que devem ser vistas como tal. No atletismo foram sempre em corridas de fundo que normalmente são aquelas em que os países mais fracos em termos desportivos, como os africanos, ainda têm algumas hipóteses.
Os nossos atletas olímpicos deveriam ser olhados como heróis por lá terem conseguido ir, sendo essa participação o cume das suas carreiras.
Mas não.
Na sequência do orgulho nacional idiota que nos últimos anos foi suscitado na sequência da Expo 98 no tempo do optimismo insensato do guterrismo, toda a gente se convenceu que somos dos melhores do mundo em tudo. O problema é quando surge o confronto directo, sendo a desilusão sem limites.
Por outro lado, quer muitos políticos quer a comunicação social em geral endeusaram os nossos atletas antes da partida, sendo o insucesso ainda mais visível e frustrante para todos, mas acima de tudo para os próprios atletas. Claro que os políticos que andaram com eles ao colo ficaram sem aquelas fotografias ao lado dos vencedores que dão sempre jeito para irem à boleia do sucesso. Quanto à comunicação social, essa então passa todos os limites. Depois de andarem atrás dos atletas por todo o lado, chegamos ao cúmulo de a RTP colocar uma fila com quatro zeros em medalhas para Portugal quando apresenta os três países com mais medalhas. É verdadeiramente chocante e deveriam ser pedidas responsabilidades ao jornalista que resolveu fazer aquilo.
Tudo isto é lamentável.
À hora em que escrevo ainda há alguns atletas portugueses em prova. Desejo-lhes sinceramente o maior sucesso, para que pelo menos alguns consigam escapar a esta frustração colectiva em que estes Jogos se estão a tornar para Portugal.

1 comentário:

Fernando disse...

Desta vez "quase" inteiramente de acordo. É que não é só a comunicação social e os políticos que tiram dividendos deste optimismo pé-olímpico.
E os próprios atletas?
Quanto ganham com campanhas publicitárias onde se deixam apresentar como fortes candidatos a medalhas, como se fossem imbatíveis?
Depois aparece aquela rapariga, por sinal até engraçadinha, super candidata ao ouro olímpico, a queixar-se que, no judo, o árbitro estava feito com a atleta da casa. Se calhar foi por ser atleta do Benfica, está tão habituada a este tipo de conversa que só lhe faltou dizer que quem comprou o árbitro foi o Pinto da Costa.
Foi necessária a humildade de um Português Nigeriano para dar uma lição aos Portugueses de gema. Esse sim, soube pedir desculpas por lhe pagarem a estadia e não ter conseguido mais que aquilo que fez, uma meia-final, que a maioria dos outros ainda não conseguiu.
O melhor, para deixarmos de ser tão optimistas, seria começar por exigir (ímpor) mínimos mais elevados. É que duma maneira ou de outra é sempre o erário público (ou seja, nós) quem paga a estadia e o turismo que alguns vão lá fazer. Em tempos de vacas magras há que pesar bem as coisas.
E vergonhas já chegam as muitas que se fazem por cá, não só a nível desportivo como em todos os outros.
Se calhar investir um pouco mais em Cultura poderia trazer, no futuro, resultados mais consentâneos com o Nacional Optimismo, até a nível desportivo.