quarta-feira, 6 de agosto de 2008

PRÓ, CONTRA OU APENAS INDEPENDENTE?

Há uma onda na blogosfera contra o jornal Público, acusando-o de levar a cabo uma campanha contra o Governo do PS.
Nunca me dei conta de tal campanha. As notícias, à partida, são isso mesmo. Quanto aos artigos de opinião e comentários, encontro de tudo. O que certamente não vislumbro é uma campanha a favor do PSD.
Claro que este jornal é o único dito "de referência" onde se podem ler críticas independentes a acções do Governo em geral e de ministros em particular. Isto é apenas indicador de imprensa independente. Claro que quem não gosta que a opinião pública saiba que os computadores "magalhães" se chamam "classmate" e que a Intel concessiona o seu fabrico por esse mundo gora há dois anos, ou que os automóveis "eléctricos" da Nissan não vão cá ser fabricados e portanto não vão ser portugueses, ou que a fábrica de aviões da Embraer não é assim tão pacífica, etc. etc., acha que o Público faz campanha contra.
Quem gosta de estar informado, acha que a imprensa livre é necessária e que a restante imprensa diária até nem pega nestas questões, a não ser depois de o Público as referir.
O poder político em Portugal nunca se habituou muito bem à liberdade de imprensa e acho que já é tempo de isto mudar.
Recordo aqui que o Público foi pioneiro em 1995 quando, antes das eleições legislativas que deram a vitória ao Eng. Guterres, resolveu apoiar publicamente o partido Socialista nessas eleições e assumi-lo. Eu que nunca fui na música celestial do Eng. Guterres só tive que deixar de comprar o jornal de que era leitor desde o seu aparecimento e passar a comprar outro. Esta posição do Público em 95 teve a vantagem de separar as águas e acalentei a esperança de que os jornais em Portugal seguissem finalmente a linha que há em todos os outros países livres, onde as pessoas conhecem bem a linha política dos jornais que compram, que não tentam passar pelo que não são, isto é, absolutamente independentes. No entanto isso não sucedeu e temos todos que ter o trabalho de conhecer a orientação política dos colunistas e ainda dos redactores, o que é absolutamente ridículo. E as orientações políticas saídas da legislação do ministro Santos Silva, em nome do equilíbrio, continuam a enterrar ainda mais a possibilidade de termos imprensa livre e com opinião.

Sem comentários: