quarta-feira, 18 de junho de 2008

A VERDADE DO QUE TEMOS

O jornal Publico trouxe na última sexta-feira um extenso artigo de Medina Carreira sobre o actual estado da economia portuguesa e a sua evolução nas últimas décadas.

Ali se desmontam alguns dos mitos sobre o nosso crescimento económico, particularmente desde os anos sessenta.

As taxas de crescimento médias anuais, nas últimas décadas são as seguintes:

1960-70: 7,5%

1970-80: 4,5%

1980-90: 3,2%

1990-2000: 2,7%

2000-06: 0,9%

O primeiro mito desmontado é o de que o País começou verdadeiramente a desenvolver-se após o 25de Abril. Esta data trouxe-nos outras coisas, bem importantes, mas entre elas não está o crescimento económico.

O segundo mito que desaparece tem a ver com a influência dos governos de diferentes cores partidárias. Na verdade, a comparação dos gráficos da evolução do PIB em Portugal e na Europa, mostra a influência decisiva da evolução da economia europeia sobre a nossa, independentemente do partido que está no Governo.

Entre 1990 e 2005, o PIB subiu entre nós à média anual de 2%, enquanto as despesas sociais cresceram cerca de 6%. A insustentabilidade do sistema está bem à vista.

O empobrecimento lento e contínuo do país também.

Radica aqui a necessidade verdadeiramente decisiva de mudar de política e começar a governar para a economia e não esperar que investimentos públicos maciços em alcatrão e betão venham a produzir “efeitos sensíveis no plano salarial, no nível de emprego, no poder de compra e na base de sustentação de pobreza”, como acentua Medina Carreira.

Os políticos e os comentadores da nossa praça costumam brindar Medina Carreira com o epíteto de “pessimista” ou mesmo “tremendista”. Na realidade, ele apenas apresenta valores concretos, tirando daí as conclusões mais ou menos óbvias. Só que como não dão jeito a alguns (muitos), fica a bradar no deserto para mal de todos nós e fundamentalmente dos que virão depois de nós.

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