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segunda-feira, 27 de abril de 2009
D. AFONSO HENRIQUES E COIMBRA
Passam este ano 900 anos sobre a data provável do nascimento de D. Afonso Henriques, fundador da nacionalidade e primeiro Rei de Portugal, que terá ocorrido em 1109.
Sobre o local de nascimento do nosso primeiro Rei não há certezas absolutas. Daí haver comemorações pelo mesmo facto em cidades tão distintas como Guimarães e Viseu, reivindicando cada uma delas o mesmo acontecimento. Curiosamente, há também autores que defendem ter D. Afonso Henriques nascido em Coimbra.
Muito sinceramente interessa-me pouco se nasceu em Coimbra, Guimarães ou Viseu, dado não haver provas concludentes sobre esse facto. Ninguém escolhe o local onde nasce.
Já a escolha da sua capital pelo primeiro Rei de uma nova nação, traduz um acto de vontade consciente e isso é que verdadeiramente importa. Coimbra foi escolhida pelo nosso primeiro Rei para capital do novo reino e sobre isso não há quaisquer dúvidas. Foi também em Coimbra que nasceu a maioria dos reis da primeira dinastia. E também é certo que D. Afonso Henriques, bem como o seu filho D. Sancho, segundo Rei de Portugal, têm os seus restos mortais depositados no Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, fundado pelo próprio D. Afonso I em 1131. Pela importância e significado destes factos, o Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra é hoje, e muito bem, classificado de Panteão Nacional.
Coimbra não precisa de se pôr em bicos de pés para participar em comemorações locais do nascimento de D. Afonso Henriques, colaborando em rivalidades paroquiais com outras cidades.
As comemorações dos 900 anos do nascimento de D. Afonso Henriques em Coimbra estão orientadas para os alunos das escolas do concelho com conferências e exposições, para além do cerimonial com que todos os anos se homenageia D. Afonso I em Santa Cruz com a participação do Exército, que será em 23 de Maio.
No entanto, dado que as celebrações são sempre efémeras, penso que faria todo o sentido aproveitar a oportunidade para se criar, em Coimbra, um Centro de Interpretação da Primeira Dinastia, como aliás já foi publicamente sugerido por José Miguel Júdice, numa ideia que deveria merecer todo o carinho da Cidade.
O conhecimento da nossa História, particularmente dos seus primórdios, é essencial para a consolidação do colectivo como Nação, particularmente nestes tempos de integração numa estrutura multinacional. Isso não se consegue hoje com um museu estático, mas sim com uma estrutura multifacetada que autorize perspectivas diversas sobre a História, como é um centro interpretativo.
Por outro lado, a relação de Coimbra com os primeiros anos da existência de Portugal é suficientemente íntima para justificar que se localize na nossa cidade. Não nos devemos esquecer que os acontecimentos que deram origem ao próprio mito de Pedro e Inês se deram em Coimbra, durante aquele período da nossa História.
Um Centro Interpretativo da Primeira Dinastia em Coimbra proporcionaria uma ligação produtiva das pedras dos nossos inúmeros monumentos ao conhecimento já existente e a produzir, e alavancaria fortemente a actividade turística da Cidade.
Publicado no Diário de Coimbra em 27 de Abril de 2009
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