Há alguns dias, Mário Soares resolveu dar uma ajuda a quem não quer ver Durão Barroso na presidência da Comissão Europeia, afirmando que a Europa precisa de “caras novas”.
Mais uma vez, temos um caso de cegueira ideológica, que impede as suas vítimas de descortinar qualquer interesse para Portugal no facto de a Comissão Europeia ser presidida por um português. Excepção lhe seja feita, o actual primeiro-ministro sabe muito bem o que isso tem significado para nós, razão por que já afirmou que apoiará Durão Barroso, independentemente do resultado global das eleições europeias. Na realidade, ao apontar o patriotismo como razão para essa posição, terá querido dizer que a ocupação daquele lugar por um português é importante para os nossos interesses nacionais, que são assim defendidos de maneira muito mais eficaz. Por motivos óbvios, não o pode dizer com esta frontalidade. De facto, não é meramente por ser português que importa que Durão Barroso se mantenha naquele cargo.
O PSD apresentou o Dr. Paulo Rangel como cabeça de lista para as eleições europeias, numa garantia de elevação e qualidade no debate que necessariamente se seguirá. E não chega atrasado: não é certamente por acaso que o povo diz que os últimos são os primeiros. Curiosamente, esta escolha responde também àquela necessidade de “caras novas” para a Europa, embora a sua idade seja já mais que suficiente para que não possa ser considerado como “jovem excitado” quando as suas afirmações vêm estragar algumas “verdades estabelecidas”.
A líder do PSD apresentou o candidato vincando que os portugueses anseiam por verdade, competência e esperança, com toda a razão.
Já aqui referi anteriormente a importância das eleições europeias, tantas vezes desprezadas entre nós e mesmo consideradas por alguns como sendo de segunda categoria. Na realidade, estas eleições não vão escolher quem nos vai governar, mas não é por isso que deixam de ser importantes. A integração europeia significa entregar cada vez mais soberania às instâncias europeias, razão mais que suficiente para escolhermos bem quem enviamos como representantes para o Parlamento Europeu. E, por isso mesmo, estas eleições devem cada vez mais ser vistas como cruciais, não devendo servir para encontrar prateleiras douradas para adversários internos ou políticos em fim de carreira, mas sim para escolher os melhores para defender os interesses nacionais.
Paulo Rangel é detentor de uma sólida formação jurídica, tendo conhecimento profundo da organização da União, bem como ideias claras sobre a participação de Portugal na União Europeia, e do que esta deve ser. É uma excelente escolha, que certamente contribuirá para um bom resultado do PSD nas europeias de 7 de Junho próximo, importante para um bom início do exigente ciclo eleitoral deste ano.
Publicado no Diário de Coimbra em 20 de Abril de 2009
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