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Pela primeira vez desde então, na semana passada Portugal regressou aos mercados para emitir dívida a longo prazo. Colocou três mil milhões de euros a dez anos e meio, a uma taxa de 5,6%, tendo-se registado uma procura superior a 3 vezes o valor colocado. Isto é, pela primeira vez desde o memorando de entendimento, Portugal financiou-se por si próprio, o que revela uma nova confiança dos investidores no nosso país. Claro que a taxa é muito superior aos 3,2 da troika, o que significa que ainda há um longo e árduo caminho a percorrer, mas este valor veio junto com a perda da nossa soberania, estando condicionado às avaliações da troika. Neste momento aguardamos pela aprovação da sétima avaliação que está difícil de surgir, enquanto se discute se as medidas exigidas pela troika ultrapassam mesmo as fronteiras da legitimidade constitucional.
Apesar de tudo, as notícias da colocação da dívida pública são boas porque mostram que os pesados sacrifícios dos portugueses para recuperarem a sua soberania como povo de uma nação independente e poderem livremente escolher o seu caminho, estão a caminho de terem um fim.
Os comentários a esta colocação foram os mais diversos e surpreendentes. Desde aquela velha direita muito inteligente que temos vir acusar o Governo de continuar a endividar o país até à esquerda do quanto pior melhor a garantir que mesmo assim seremos obrigados a segundo resgate, ouvimos de tudo. Nem uns nem outros percebem (ou não querem que se perceba) que são como os corredores de maratona que desistem ao quilómetro 41. Até mesmo um deputado do PSD, por puro oportunismo político, veio garantir que terminou o tempo político do ministro das Finanças, o que aliás diz muito dos critérios de escolha dos deputados.
Após esta ida aos mercados e se a sétima avaliação da Troika for favorável, cumpriremos as condições para aplicação do programa OMT "Outright Monetary Transactions" anunciado em Setembro passado pelo BCE, como já sucede hoje com a Irlanda. Tal possibilitaria uma descida das taxas, dando oportunidade a uma melhoria das condições da dívida pública sem a tão falada renegociação e consequente transformação de Portugal em pária da comunidade internacional. Assim a UE cumpra o seu papel tal como os portugueses estão penosamente a cumprir o seu com os sacrifícios que lhes foram e estão a ser impostos.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 13 de Maio de 2013
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