A Operação “Overlord” significou o início do fim da ocupação do continente
europeu pela barbárie nazi. Durante longos meses, uma logística de uma dimensão
antes nunca vista tinha preparado o desembarque de tropas Aliadas em França.
Inicialmente previsto para o dia 2 de Junho, as condições meteorológicas no
Canal da Mancha impediram o início da operação durante vários dias. A situação
era de tal forma complicada que nem permitiu festejar a tomada de Roma pelos
Aliados ocorrida em 4 de Junho. Finalmente, na noite de 5 para 6 de Junho de
1944, foram largados os primeiros soldados ingleses e americanos em pára-quedas
na Normandia, dando início ao Dia D.
Às seis e meia da manhã desembarcaram os
primeiros soldados americanos na praia com o nome de código “Utah”, seguindo-se
soldados ingleses e canadianos nas praias “Gold”, “Sword” e “Juno”, que
rapidamente entraram pelo interior do território francês, havendo no fim do Dia
D, 155.000 homens desembarcados. Os alemães apenas na praia “Omaha” conseguiram
suster 35.000 soldados americanos durante algum tempo, dando origem a
demonstrações de bravura e coragem inimagináveis, que hoje se nos tornaram
familiares através de vários filmes.
No dia 10 de Junho foram desembarcados na Normandia mais 325.000 soldados
aliados. No dia 14 de Junho, deu-se o primeiro bombardeamento aéreo americano
em território japonês. Dando cumprimento ao acordado anteriormente entre os
Aliados, no dia 22 de Junho Estaline iniciou o ataque à Frente de Leninegrado,
impedindo o comando alemão de dar toda a atenção à nova frente criada em França
e começando a empurrar os exércitos alemães para ocidente, até à derrota final
do 3º Reich. Quatro longos e trágicos anos depois da invasão alemã da Noruega,
Dinamarca, Países Baixos e França começada em Abril de 1940, a sorte da guerra
começava a mudar, mas só em 7 de Maio do ano seguinte os alemães assinariam a
rendição.
Não é meu propósito nesta crónica ressaltar as barbaridades cometidas pela
besta nazi durante a guerra e mesmo antes dela, contra judeus e muitos outros
grupos sociais, mas essencialmente contra o valor da Liberdade.
A realidade é que passam esta semana setenta anos sobre o desembarque na
Normandia, que resgatou os valores da dignidade humana.
Nesse dia perderam a vida nas praias da Normandia muitos soldados
canadianos, ingleses e americanos. Foi o seu sacrifício que permitiu a derrota
do nazismo e do regime de absoluta opressão que instalou em quase toda a
Europa.
Muitos desses soldados eram ingleses, vindos portanto de um país europeu
que, embora não tivesse chegado a ser invadido, sofreu directamente ataques
alemães no seu território por via aérea e marítima. De facto, sem querer
diminuir a resistência soviética ao avanço alemão, não fora a resposta firme da
Inglaterra e provavelmente ainda hoje a Europa teria como cores o negro e
vermelho das bandeiras nazis.
Mas no Dia D e nos meses que se seguiram muitos dos soldados que deram a
sua vida pela libertação da Europa vieram do outro lado do Atlântico. Foram de
uma abnegação e de uma coragem que não se podem esquecer. Alguns, poucos, dos
que então lutaram em solo europeu na juventude dos seus vinte anos ainda serão
vivos. Esta crónica visa mostrar que, se há forças negativas e escuras na
humanidade, há também os que se sacrificam para que o futuro de todos seja
aquele que escolherem livremente e sem grilhetas. Os soldados que há setenta
anos desembarcaram nas praias da Normandia para nos libertar a todos, quer os
que lá ficaram, quer os que seguiram em frente eram homens comuns que se
tornaram heróis da Humanidade e que merecem o nosso louvor e, acima de tudo, a
nossa eterna gratidão. Exactamente aquele tipo de homem comum que Aaron Copland
homenageou com a sua “Fanfare For The Common Man” que convido o leitor a ouvir
depois de ler esta crónica (https://www.youtube.com/watch?v=FLMVB0B1_Ts)
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