Na passada quarta-feira
Keith Palmer, conhecido como o polícia sorridente, tirou uma foto com uma
turista e continuou o seu trabalho habitual junto dos portões do Parlamento
britânico na cidade de Londres. Tinha deixado a família em casa ao sair bem
cedo para as suas funções de segurança do Parlamento e, sendo já duas e meia da
tarde, esperava regressar para junto dos seus dentro de pouco tempo. De
repente, um carro grande embate contra o gradeamento dos jardins do Parlamento
e sai de lá um homem a quem Palmer se dirige, apenas para ser violenta e
repetidamente esfaqueado com uma grande faca de cozinha, não tendo sequer tempo
para reagir.
Dois turistas
americanos, Melissa e o marido Kurt Cochran, passeiam em Londres, numas férias
marcadas para comemorar o aniversário do seu casamento. Depois de almoço vão visitar
o Parlamento britânico e atravessam a pé a ponte Westminster. De repente, um SUV
salta para o passeio a toda a velocidade e o motorista atropela todos os peões
que consegue. Os americanos são dos primeiros a ser atingidos. Melissa é levada
para o hospital gravemente ferida com uma perna e uma costela partidas e cortes
na cabeça e recuperará, mas regressará a casa sozinha das férias longamente
preparadas porque Kurt fica logo ali, sem vida, depois de ser atirado para a
plataforma inferior da ponte.
Aysha Frade, uma
inglesa com 43 anos, de origem galega e casada com o polícia John Frade de
origem portuguesa, tinha acabado as suas aulas de língua espanhola no colégio
onde era professora e ia buscar as suas filhas de 8 e 11 anos à escola para
seguirem depois para casa. Ao atravessar a ponte de Westminster foi também
colhida pelo mesmo carro e não resistiu aos ferimentos, tendo falecido pouco
depois do atropelamento. As duas meninas nunca mais terão a mãe à saída da
escola para irem juntas para casa estudar e preparar as aulas do dia seguinte.
Ao sair do
parlamento, o deputado conservador Tobias Ellwood, que foi em tempos capitão do
exército e que perdeu um irmão no atentado de Bali em 2002, viu Keith Palmer
caído e correu para lhe fazer respiração boca a boca, tentando ainda
desesperadamente tapar-lhe com as mãos as feridas por onde se esvaia em sangue.
Sem sucesso, pois o polícia morreria pouco depois apesar dos seus esforços e dos
da equipa de socorro que, de helicóptero, rapidamente chegou ao local.
Depois de acabar o
trabalho num Marks and Spencer próximo, o português Francisco Lopes que vive em Londres há 15 anos, estava a chegar ao fim da ponte de Westminster, já
perto do Big Ben, para apanhar o metro para casa. Quando o carro o apanhou com
força foi atirado e caiu no passeio. Por uma imensa sorte, os ferimentos numa
perna e numa mão não foram graves pelo que, depois de tratado no hospital, pôde
ir para casa onde já passou a noite.
O fotógrafo da Reuters
Toby Melville tinha resolvido andar naquele dia pelas imediações do parlamento
para tirar fotografias a colocar em artigos sobre o brexit. Quando estava na
plataforma inferior da ponte de Wstminster, ouviu um súbito baque e viu um
homem inanimado caído da ponte a sangrar fortemente da cabeça. Chamou
imediatamente socorro e correu pelas escadas acima apenas para ver uma mulher gravemente
ferida no passeio e ainda outras pessoas caídas pela ponte fora.
Andreea Cristea,
uma arquitecta romena de 29 anos tinha ido a Londres encontrar-se com o
namorado Andrei Burnez, também romeno, para celebrarem juntos o aniversário
dele e planear o casamento próximo. Passeavam calmamente pelo centro de Londres
quando, ao atravessarem a ponte de Westminster se viram também no caminho do
carro assassino. Andrei sofreu apenas ferimentos num pé, mas Andreea não teve a
mesma sorte. De alguma forma caiu para o rio Tamisa da altura de 9 metros. Foi
rapidamente recuperada da água pelas embarcações da polícia, mas levada para o
hospital em estado crítico com graves ferimentos na cabeça e danos profundos
nos pulmões, eventualmente provocados pela altura da queda.
Sobre este atentado, escolhi deliberadamente
fazer apenas estes apontamentos sem mais considerações, observando-o do lado dos
mais diversos cidadãos comuns vítimas inocentes da violência apenas por se
encontrarem no local errado à hora errada. Na verdade, nestas situações são
esses que devem merecer todo o nosso carinho e a nossa solidariedade, único
caminho para prevenir a cultura de violência que grassa pelo mundo.
Sem comentários:
Enviar um comentário