Todos os sinais
apontam para que as próximas eleições autárquicas em Coimbra venham a
proporcionar aos eleitores uma inusitada possibilidade de escolha. Tal facto é,
já por si, de saudar como uma capacidade da sociedade gerar dentro de si
respostas para questões que, neste momento concreto, sente como vitais para a
definição do futuro. O regime democrático assenta nos partidos que são a
expressão política do livre associativismo, dando voz às diversas opções
político/ideológicas. Mas a liberdade de expressão política não deve ser
exclusiva dos partidos, razão por que existe a possibilidade de surgimento de
candidaturas independentes dos partidos nas eleições autárquicas.
É hoje evidente
algum cansaço eleitoral que se traduz nas taxas de abstenção que têm vindo a
subir paulatinamente de acto eleitoral para acto eleitoral. A actuação dos
partidos não é alheia a este abstencionismo. Particularmente a nível local
fecham-se nas suas estruturas não surgindo publicamente senão em alturas de
eleições. Dentro de poucos meses os conimbricenses vão ter a possibilidade de
fazer uma opção dentro de um leque variado de propostas. Desde logo, os
partidos tradicionais vão estar presentes com as suas candidaturas. O PCP,
através da coligação CDU que há anos é a sua imagem eleitoral, vai certamente
apresentar uma candidatura à semelhança das eleições anteriores, sendo o cabeça
de lista à Câmara Municipal o responsável pela estrutura partidária concelhia.
O resultado eleitoral da CDU não deverá ser muito diferente dos anteriores,
pelo que garantirá o seu lugar na vereação, muito provavelmente para gerir aquela
que muitos chamam a segunda câmara que está instalada há anos na Rua da Sofia.
Como em equipa que ganha não se mexe, o PS já indicou como candidato à Câmara o
seu actual presidente Manuel Machado, não devendo haver por aí grandes
novidades. Manuel Machado já é bem conhecido dos conimbricenses, no que tem de
bom e naquilo que tem de menos bom pelo que, a ser reeleito, o seu mandato não
deverá trazer grandes surpresas de actuação e Coimbra continuará no trajecto
dos últimos anos. Do lado do PSD surgiu uma candidatura cuja face é o médico
Jaime Ramos que já era aguardada há anos. Desta vez regressa a coligação com o
CDS e com o PPM, pelo que a possibilidade de vitória é real, atendendo a que o
PSD nunca ganhou as autárquicas em Coimbra, concorrendo sozinho. Acresce que
Jaime Ramos tem experiência autárquica e possui um currículo notável na área da
intervenção social. A vitória da coligação dependerá, no entanto, da capacidade
de afirmação para além dos partidos que a compõem, com tradução não só nas
propostas, mas também na composição das equipas, que deverão afirmar-se pela
qualidade e independência, mas sem perder a alma da base política que a
sustenta.
Os Cidadãos por
Coimbra voltarão certamente a apresentar-se nestas eleições. A sua imagem de
independência está de alguma forma afectada pela preponderância do Bloco de
Esquerda que toda a gente sente, malgrado a actuação verdadeiramente
independente e capaz do seu actual vereador Ferreira da Silva. A hipótese de o
actual representante do CPC não voltar a ser cabeça de lista e a forma como
José Manuel Silva foi publicamente tratado não auguram, contudo, um resultado
superior ao das últimas eleições.
A surpresa destas
autárquicas reside na apresentação de uma nova candidatura independente,
personalizada no candidato a presidente da Câmara, o antigo bastonário da Ordem
dos Médicos José Manuel Silva. A sua imagem de independência radical e a capacidade
de afirmação poderão garantir-lhe, á partida, a eleição de um ou dois
vereadores. Um resultado acima disso será extremamente difícil, devendo o
médico, para além das propostas que serão garantidamente de qualidade, evitar
rodear-se de académicos que tradicionalmente não são muito bem recebidos pelo
eleitorado de Coimbra, pese embora o factor Universidade na cidade. A
comparação com o caso de Rui Moreira no Porto poderá ser enganadora já que, por
detrás da sua candidatura, havia muito do mundo dos partidos, do PS ao CDS, passando
por muitos apoiantes de Rui Rio no PSD.
Sendo certo que
daqui até à marcação da data das eleições alguma surpresa ainda poderá surgir,
o cenário inicial das autárquicas não deverá fugir muito do que aqui se deixa
descrito. A partir daí, o resultado final dependerá da capacidade de afirmação
das diferentes candidaturas perante as outras, aos olhos do eleitorado.
2 comentários:
Então e a candidatura independente do prof. Norberto Pires?
Essa pergunta deve ser dirigida ao Sr. Prof.
De qualquer forma, neste parágrafo deixei em aberto a hipótese de surgirem outras candidaturas:
"Sendo certo que daqui até à marcação da data das eleições alguma surpresa ainda poderá surgir, o cenário inicial das autárquicas não deverá fugir muito do que aqui se deixa descrito"
Cumprimentos
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