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sexta-feira, 28 de setembro de 2018
quinta-feira, 27 de setembro de 2018
Costa e Negrão
Ontem durante o "debate" na Assembleia da República, quando ficou um pouco mais "apertado", o Primeiro-ministro disse mais ou menos isto a Fernando Negrão, líder parlamentar do PSD: o sr. não tem legitimidade para dizer isso e depois mando-lhe a justificação por mensagem particular.
Isto é, fez duas coisas: em primeiro lugar transformou um debate parlamentar, público por inerência, numa questão particular; depois fez chantagem política sobre um deputado da oposição, à frente de toda a gente: ou te calas, ou denuncio-te.
Serei só eu a achar tudo isto condenável politicamente, para além de execrável como atitude pessoal?
Fernando Negrão lá se engasgou e disse que tornaria pública essa mensagem privada. Mas Costa não teve resposta à altura e toda a gente deixa passar como normal. Lembram-se das atitudes de Sócrates? Não era pior que isto.
E se mal pergunte: o PSD e a sua direcção política que escolheu Negrão não tem nada a dizer?
Isto é, fez duas coisas: em primeiro lugar transformou um debate parlamentar, público por inerência, numa questão particular; depois fez chantagem política sobre um deputado da oposição, à frente de toda a gente: ou te calas, ou denuncio-te.
Serei só eu a achar tudo isto condenável politicamente, para além de execrável como atitude pessoal?
Fernando Negrão lá se engasgou e disse que tornaria pública essa mensagem privada. Mas Costa não teve resposta à altura e toda a gente deixa passar como normal. Lembram-se das atitudes de Sócrates? Não era pior que isto.
E se mal pergunte: o PSD e a sua direcção política que escolheu Negrão não tem nada a dizer?
quarta-feira, 26 de setembro de 2018
segunda-feira, 24 de setembro de 2018
COIMBRA NO SEU MELHOR
Tendo em vista o
seu grande objectivo de dotar de instalações a Universidade que definitivamente
transferiu de Lisboa para Coimbra, o Rei D. João III mandou abrir em 1535, a
partir de Santa Cruz, uma nova rua com o nome de Rua de Santa Sofia. Nessa nova
rua, de dimensões inusuais para a época, dizendo-se mesmo que a sua largura e o
seu comprimento eram o dobro das dimensões da equivalente Rue de Sorbonne em
Paris, seriam edificados os colégios que albergariam religiosos e estudantes.
Os colégios mais afastados de Santa Cruz eram os de São Tomás a poente e de São
Pedro a nascente.
A actual Rua da
Sofia (ou Sabedoria) que constitui uma jóia de Coimbra, tanto do ponto de vista
urbanístico e arquitectónico, como do ponto de vista humanista e
histórico-cultural foi, juntamente com a Alta Universitária, justamente
classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade.
Infelizmente, por
razões que se espera a Cidade venha a ser capaz de ultrapassar a curto prazo, a
Rua da Sofia não tem tido atractivos que a façam ser reconhecida e objecto de
visita regular de conimbricenses e visitantes exteriores.
No antigo Colégio
de S. Tomás está instalado, desde há quase cem anos, o Palácio da Justiça da
Cidade, que alberga o Tribunal da Relação de Coimbra que está a celebrar este
ano o centenário da sua criação. O actual Juiz Presidente da Relação Dr. Luis
Azevedo Mendes compreendeu bem a importância do edifício do Palácio da Justiça
para a afirmação da Rua da Sofia e em consequência da Cidade, pelo que decidiu comemorar
condignamente esse centenário. Para além das cerimónias oficiais, abriu o Palácio
da Justiça à população da cidade e promoveu, em conjunto com a Orquestra
Clássica do Centro, a realização de uma série de concertos a que foi dado o
nome de “Festival Sofia – Concertos no Palácio da Justiça”.
Um desses
concertos decorreu na passada sexta-feira no claustro interior do Palácio da
Justiça. E foi um deslumbramento descobrir que Coimbra tem mais um “novo”
espaço magnífico para a realização de eventos culturais. Todo o conjunto
rodeado dos lindíssimos painéis de azulejos policromados que rodeiam o
claustro, com iluminação adequada que faz ressaltar os riquíssimos elementos
arquitectónicos do edifício constituiu um cenário praticamente perfeito para o
recital de canto de Dora Rodrigues acompanhada por guitarra clássica e
percussão. O encantamento produzido pela audição da que é considerada a melhor
soprano portuguesa da actualidade foi notório em toda a assistência,
surpreendida pela capacidade interpretativa da cantora em áreas musicais
exteriores à ópera, como sejam os “Caprichos” de Manuel Garcia (Sec.
XVIII-XIX), obras de Enrique Granados, “Modinhas, Lundus e Cançonetas” antigas
ou as canções lindíssimas, mais próximas do nosso tempo, de Carlos Guastavino.
O acompanha mento musical simples, mas de grande sensibilidade e à altura da
cantora, esteve a cargo do guitarrista clássico Rui Gama e, alternadamente, de
Davy Tremet e Francesco Sammassimo, ambos músicos da Orquestra Clássica do
Centro.
O “Festival Sofia
– Concertos no Palácio da Justiça” vai ter continuação com concertos nos dias
1, 12 e 26 de Outubro, comemorando-se no concerto do dia 1 o Dia Mundial da
Música, data que em todo o mundo serve de motivo para a Festa da Música, a arte
sublime.
É da evidência diária
que a Rua da Sofia tem sido o “parente pobre” da área classificada como
Património Mundial em 2013, onde praticamente não chega nenhum dos muitos
turistas que visitam a Universidade. A actividade comercial da rua outrora
pejada de gente tem vindo a morrer e até mesmo a Procissão da Rainha Santa este
ano se ficou pela Praça 8 de Maio. Estas iniciativas culturais a partir do
Palácio da Justiça constituem uma pedrada no charco da falta de afirmação de
uma tão importante zona histórica de Coimbra. São a demonstração de que, com
consciência da responsabilidade que constitui ter um bem cultural desta
dimensão em mãos e vontade de fazer e de estabelecer parcerias, ainda que com
meios financeiros limitados é possível acender faróis culturais de grande
intensidade luminosa.
sábado, 22 de setembro de 2018
quinta-feira, 20 de setembro de 2018
quarta-feira, 19 de setembro de 2018
segunda-feira, 17 de setembro de 2018
Frivolidades
Foto da visita oficial do Primeiro-Ministro de Portugal à República Popular de Angola.
Sem comentários.
Sem comentários.
Há racionalidade na política?
Em boa hora o Eng.
Henrique Neto decidiu dedicar algumas das suas excelentes crónicas desta mesma
página do Diário de Coimbra à análise da racionalidade em decisões
governamentais e de como a ideologia influencia essas decisões de forma tantas
vezes negativa. Com a inteligência que se lhe reconhece e a experiência de vida
pessoal e profissional em que conseguiu grandes sucessos reconhecidos, Henrique
Neto apresentou vários exemplos que demonstram a justeza da sua análise.
Com a devida vénia
perante tão ilustre companheiro de página e colega de formação, permito-me
fazer aqui algumas considerações que, a meu ver, mostram a quase
impossibilidade actual de racionalidade na acção política e que espero possam
ajudar a trazer mais alguma luz sobre este assunto.
Em primeiro lugar,
o que leva os eleitores a entregar o seu voto a esta ou àquela formação
política, entregando-lhe a sua confiança para gerir os destinos o país? Desde
há muito tempo que cheguei à conclusão de que os eleitores votam baseados em
sentimentos e não por critérios puramente racionais. Esse sentimento é induzido
pela interpretação da realidade que lhes é apresentada pelos próprios agentes
da política, mas também pelos numerosos comentadores televisivos, interessados
directa ou indirectamente naquilo que falam.
Essa percepção é resultado de uma
manipulação generalizada, muito difícil de desmontar, até porque os
destinatários preferem ouvir as boas às más notícias; por isso vão ganhando
afecto sobre quem lhes apresenta efabulações simpáticas, desgostando de quem,
não mentindo, lhes mostra apenas dificuldades e exigências, construindo
sentimentos que se vão reflectir mais tarde nas suas opções eleitorais. Não
preciso de concretizar, para que quem me leia saiba exactamente do que e de
quem me estou a referir, em todo o espectro político-partidário.
Por estarem
conscientes da importância do sentimento nas decisões eleitorais dos cidadãos,
os partidos constroem narrativas que apresentam ao eleitorado as quais, embora
partindo de bases ideológicas próprias, são mais das vezes cobertas com efabulações
como o creme que cobre os doces para atrair clientes. Essas narrativas são por
vezes estruturadas sobre teorias económicas apresentadas como científicas
quando, na verdade, só são verdadeiras perante determinadas situações concretas,
os tais pressupostos dos “estudos económicos”, bastando uma pequena variação de
um deles para toda a estrutura construída por cima ruir como um baralho de
cartas. Mas os políticos parecem ter necessidade de oferecer soluções
milagrosas, baseadas no que dizem ser “ciência política”, que prometem mundos e
fundos para o futuro, enquanto de caminho demonizam os adversários, sempre
apresentados como maus da fita. As narrativas assim construídas têm a vantagem
de esconder as verdadeiras opções ideológicas, mesmo aquelas cujo valor foi já
tantas vezes desmontado pela História, enquanto ajudam ainda a fazer esquecer as
próprias responsabilidades passadas nos tristes resultados presentes. É muitas
vezes visível que os próprios políticos ficam muitas vezes reféns das suas
próprias narrativas quando chegam ao poder, inventando malabarismos para
adaptar a realidade àquilo que defenderam, deixando os eleitores perplexos e
mesmo perdidos perante as incongruências e manifestações de hipocrisia, donde a
frase mais ouvida: “são todos iguais”.
E onde pára a
racionalidade de decisões no meio deste ambiente político? Quer do lado dos
decisores políticos presos nas suas narrativas, quer do lado dos eleitores
ávidos de boas notícias, fica muito pouco espaço para a racionalidade. É de
facto preciso ser dotado de uma grande solidez de personalidade, deter uma
larga base de conhecimentos em várias áreas, que não apenas de marketing
político, para se conseguir manter uma coerência política que origine decisões
minimamente sensatas e racionais para um observador externo. E só estas
permitirão inverter o caminho descendente da nossa economia perante as mais
desenvolvidas da Europa que se verifica desde o início deste século e que
continua, facto generalizadamente escondido dos portugueses, e que é resultado
da pura irracionalidade de muitas das decisões de quem nos tem governado.
sexta-feira, 14 de setembro de 2018
quarta-feira, 12 de setembro de 2018
segunda-feira, 10 de setembro de 2018
Da arte de manipular eleitorados
Foi Medina que deu o pontapé de saída. Contudo, percebeu-se
bem, através da instantânea adopção da ideia pelo Governo, que a jogada tinha
sido previamente concertada, já que Medina é apenas, e por enquanto, presidente
da Câmara Municipal de Lisboa. Trata-se de uma daquelas medidas que ficam bem a
qualquer político, sobretudo a um ano das eleições legislativas. Teve ainda a
vantagem de retirar de cena o acto falhado de António Costa ao prometer
diminuir o IRS durante algum tempo àqueles jovens que emigraram durante os
tempos da troika que regressassem ao país e que colheu críticas justas à
esquerda e à direita.
Fernando Medina anunciou a medida como sendo uma
“revolução no preço dos transportes públicos de Lisboa” para o que tinha
garantido o apoio dos municípios da área metropolitana de Lisboa (pudera!),
tendo logo adiantado que já tinha entregue o dossier a Costa e Centeno,
esclarecendo ainda que o plano custará 65 milhões de euro anuais. Todos os
anos, claro.
E quem pagaria esta despesa acrescida com os
transportes públicos de Lisboa? Todos os contribuintes do país, de Bragança a
Vila Real de Santo António, da Guarda a Peniche. É que Medina propôs a Costa
que inclua as verbas necessárias já no próximo Orçamento de Estado que será
apresentado até 15 de Outubro na Assembleia da República. E em que consiste a
tal revolução no preço dos passes sociais? Apenas na definição de um preço
máximo de 30 euros por mês no interior de Lisboa e de 40 euros para viagens
dentro dos 18 municípios da área metropolitana. Poder-se-ia dizer que foi com
coisas destas que Maduro começou, com os excelentes resultados que todos vemos
trazidos pelo socialismo (a este chamam-lhe bolivariano) na Venezuela. Medina
não se preocupou em fazer contas aos montantes dos descontos perante o custo
dos bilhetes. Não, vai-se a eles e zás, aplica-lhe um preço máximo, que os
atarantados dos portugueses de todo o país pagarão! Tal como pagam e
continuarão a pagar um escandaloso imposto sobre os combustíveis, visto que o
magnânimo Medina já estabeleceu como verdade insofismável que os passes
revolucionários para Lisboa serão muito mais justos do que baixar os
combustíveis para todos os (malandros residentes a mais de 50 km da fronteira,
direi eu) que se deslocam de carro.
E, segundo Medina, porque é que os cidadãos optarão
pelo transporte individual, em vez de se deslocarem nos transportes públicos? Segundo
o autarca, por falta de resposta do sistema público de transportes. Perante a
solução revolucionária que ele encontrou para o problema, não pude deixar de
recordar a resposta fantástica de Álvaro Cunhal em 1974 quando, regressado há pouco
do exílio no Leste, deu a sua justificação para os portugueses terem tantos carros
com pintura metalizada: é que eram tão pobres que se viam obrigados a escolher
essa pintura porque dura mais. Isto é, o cego irrealismo ideológico e a
necessidade de lhe adaptar a realidade, são caminho directo para o disparate.
Na verdade, num tempo em que os cidadãos se apercebem
todos os dias da descida da qualidade da oferta dos sistemas públicos de
transportes em Lisboa, sejam rodo, ferroviários ou fluviais, a fuga para a
frente à custa dos impostos de todos os portugueses é uma má solução, além de
injusta. Medina e os seus apoiantes governamentais bem podem argumentar que são
os alfacinhas e os tripeiros que pagam a maioria dos impostos porque, na
realidade, 70% do IRS é pago por 9% dos contribuintes e 20% do total do IRS
recolhido pelas Finanças vem daquele 1% com os rendimentos mais altos. Escuso
de falar na imensa percentagem de contribuintes daquelas áreas urbanas que pura
e simplesmente não pagam IRS e que beneficiarão daquela medida. Revolucionária,
no dizer de Medina.
O que Medina e Costa não dizem é que, se o objectivo é
atrair utentes para os transportes públicos, seria muito mais eficaz melhorar
em qualidade e quantidade a oferta dos mesmos em Lisboa. Mas lá está, as
cativações e a praticamente inexistência de investimento público não deixam
seguir esse caminho que custaria centenas de milhões de euros. E, além disso,
para que é que interessam a eficácia e a competência na gestão da coisa
pública, quando é muito mais barato gastar umas poucas dezenas de milhões em
subsídios que, ainda por cima, são muito mais eficazes na obtenção de votos?
domingo, 9 de setembro de 2018
Cecilia Bartoli - Porpora : In braccio a mille furie / Semiramide ricono...
Cecilia Bartoli - Porpora : In braccio a mille furie / Semiramide ricono...
sábado, 8 de setembro de 2018
Brasil
O estado a que chegou hoje em dia o grande país nosso irmão que é o Brasil é terrível e assustador.
Alguém se lembra da diferença para como estava o Brasil aquando da saída do Presidente Fernando Henriques Cardoso, isto é, antes da passagem pelo poder dos presidentes do PT, Lula e Dilma? É só comparar e ver as consequências dessa governação.
Alguém se lembra da diferença para como estava o Brasil aquando da saída do Presidente Fernando Henriques Cardoso, isto é, antes da passagem pelo poder dos presidentes do PT, Lula e Dilma? É só comparar e ver as consequências dessa governação.
terça-feira, 4 de setembro de 2018
segunda-feira, 3 de setembro de 2018
Artemisia, mulher forte, artista maior
Pode-se dizer que
foi no atelier de Caravaggio que tudo começou. Pintor que só muito depois do seu
desaparecimento viria a ser conhecido como um dos maiores da História da
Pintura, pela força e novidade da sua pintura, em vez de o ser pela vida
agitada que levou.
Filha do pintor
Orazio Gentileschi que trabalhou com Caravaggio, Artemisia nasceu em Roma em 8
de Julho de 1593. O pai cedo reconheceu em Artemisia um talento excepcional,
tendo mesmo feito dela sua aprendiz, em vez de algum dos seus cinco irmãos
rapazes, contrariando o que era normal nesse tempo. Artemisia foi muito além do
seu pai na pintura, demonstrando ter assimilado melhor do que ele as inovações
artísticas de Caravaggio, designadamente no realismo das formas humanas, muito
em particular as femininas, bem como no contraste entre luz e sombra.
Sendo mulher,
sentiu grandes dificuldades em ser aceite em ateliers, tendo sido violada aos
17 anos pelo seu tutor, o pintor Agostino Tassi, após o que se seguiu um
julgamento que a terá marcado ainda mais do que o acto que lhe deu origem. Por
essa altura mudou-se para Florença, onde pintou para o Doge Cosme II de Médici, tendo a sua obra sido rapidamente reconhecida
e foi mesmo a primeira mulher a entrar na Academia das Artes do Desenho daquela
cidade, apenas com 23 anos.
Artemisia
Gentileschi afirmou-se pela sua Arte, sendo célebres os seus quadros onde
aborda temas frequentemente de grande dramatismo, com mulheres fortes e
insubmissas e cenas de confronto pessoal baseadas nas mitologias ou bíblicas. A
pintora utilizou frequentemente o auto-retrato para representar as heroínas dos
seus quadros, como é o caso do quadro que representa a mártir Santa Catarina de
Alexandria. Por esse motivo, e pela temática muitas vezes abordada, durante
muito tempo considerou-se que a sua obra tinha origem auto-biográfica com base
na sua experiência pessoal quando, na realidade, a sua pintura releva muito
mais da sua personalidade independente e do temperamento próprio. Ao longo da
sua vida tratou sempre com grande firmeza dos aspectos económicos ligados à sua
actividade, para além de não se ter eximido a ter relacionamentos com outros
artistas e mecenas. Artemisia, ao contrário do que era regra nos séculos XVI e
XVII, negociava ela mesma as suas obras, fazendo frequentemente a sua promoção
junto dos maiores mecenas, por toda a Europa, nunca deixando de vincar a
qualidade do seu trabalho. Quer nos aspectos profissionais e artísticos, quer
nos aspectos da vida pessoal, foi sempre uma mulher muito à frente do seu
tempo, demonstrando uma independência pessoal e uma modernidade notáveis.
O primeiro quadro
que assinou é o conhecido “Susana e os Velhos” de 1610, tema abordado por
muitos outros pintores ao longo da História, mas em que a jovem Artemisia
consegue já transmitir sensações intensas, com grande dramatismo e violência,
quer pelo temor da personagem feminina, quer pela maldade e amoralidade
explícita dos dois velhos. Este quadro é anterior à violação de que foi vítima,
demonstrando que a temática que abordou ao longo da vida não foi consequência
desse facto, mas da sua escolha deliberada.
Depois de
Florença, Artemisia Gentileschi voltou a Roma, tendo ainda vivido e trabalhado
em Veneza, Nápoles e em Inglaterra a convite do Rei Carlos I, regressando
definitivamente a Nápoles que nesse tempo pertencia à Coroa d Aragão, onde terá
morrido por volta de 1656.
Num mundo
artístico que era então totalmente masculino, Artemisia Gentileschi afirmou-se
por si própria, estando a sua obra ao mais alto nível, devido à sua
genialidade. Hoje em dia, mercê da sua afirmação como mulher num mundo de
homens, a que se junta a provação sexual por que passou enquanto jovem, muitos
procuram ver traços feministas na sua obra. Contudo, tal consideração significa
uma redução da sua obra, que se impõe definitivamente ao lado dos maiores artistas
de sempre, independentemente do seu sexo.
As obras de
Artemisia Gentileschi, podem ser admiradas nalguns dos melhores museus do
mundo, como a “Alegoria da Pintura” em Roma na Galleria Nazionale di Palazzo
Barberini, ou o brutal “Judith e Holofernes” em Nápoles no Museo Nazionale di
Capodimonte, e ainda o impressionante “Yael e Sísera” no Museu de Belas Artes
de Budapeste, ou o definitivo “Suzana decapitando Holofernes” na Galleria degli
Uffizi, em Florença.
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