A informatização galopante da nossa vida tem, por vezes, consequências bem inesperadas.
É assim que muitas profissões passaram a ter tarefas diferentes e mais variadas e até mesmo responsabilidades acrescidas às anteriores.
Por outro lado, quem tinha que escrever muitos textos à mão, como minutas e relatórios, passou a fazê-lo quase em exclusivo directamente no computador.
Significa isso que aquilo que se escreve à mão passou a ter normalmente um carácter próprio e especial, abrindo possibilidades para que essa escrita passe a ter um significado e mesmo prazer próprios. Entra aqui o uso de canetas de tinta permanente cujo tempo muitos julgariam terminado face à utilização massiva das esferográficas anónimas. Curiosamente, a utilização de canetas está hoje praticamente interdita em reuniões profissionais, nas quais são vistas como manifestação de ostentação. O seu uso está assim praticamente limitado a uma utilização apenas pessoal.
As canetas permitem uma escrita muito mais suave, com letra mais desenhada, criando uma relação especial com aquilo que se escreve.
No mundo masculino, há dois tipos de objectos pessoais que se usam muitas vezes sem que as outras pessoas se apercebam da sua utilização. São os relógios e as canetas. Sobre os relógios mecânicos já aqui escrevi bastante e voltarei ainda a esse tema, dado estarem sempre a aparecer novidades em termos de precisão e novas complicações.
Os relógios mecânicos de qualidade são quase todos suíços, como é bem conhecido.
As canetas têm origens mais variadas. Muito na moda ultimamente estão as alemãs MontBlanc. Os meus amigos Arquitectos gostam muito delas, particularmente do modelo Meisterstuck grande que tem um aparo verdadeiramente extraordinário.
As americanas Parker são bem conhecidas de todos nós, não devendo haver ninguém da nossa geração que nunca tenha recebido uma delas como prenda, normalmente associada a algum sucesso da vida académica. Nos últimos anos a marca voltou a produzir o modelo Duofold dos anos 20 do século XX que tem uma laca colorida que lhe dá um encanto especial.
Existem muitas outras marcas com modelos característicos como a Sheaffer e a Aurora, tendo ainda desaparecido outras bem famosas como a Conklin.
Mas a Suíça não podia deixar de ter igualmente uma marca de canetas muito especiais.
A Caran d’Ache, que todos conhecemos desde a infância por causa dos lápis de cores e tintas para desenho, fabrica uma série de instrumentos de escrita dignos de nota, embora a marca não esteja muito na moda no que respeita a canetas. A lapiseira de minas em prata tratada com ródio para não escurecer, é uma clássica pela sua beleza intemporal, muito fina e de secção hexagonal. Já a caneta do modelo Léman, embora pesada em comparação com as rivais tem uma precisão de construção e de acabamentos bem suíça. Tendo uma elegância muito discreta, pode usar-se com muito maior à vontade em qualquer circunstância. Por outro lado, a Caran d'Ache desenvolveu uma série de cores de tinta diferentes dos habituais azul e preto e que contribuem para personalizar a escrita.
jpaulocraveiro@ gmail.com "Por decisão do autor, o presente blogue não segue o novo Acordo Ortográfico"
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Apoio Psicológico
Segundo a imprensa, os tripulantes do veículo do INEM envolvido num acidente do qual resultou a morte de um motociclista estarão a receber apoio psicológico.
Ainda de acordo com a imprensa, o veículo do INEM terá desobedecido a um semáforo vermelho e entrado num cruzamento por onde circulava o motociclista com luz verde.
Não faltaram logo "boas almas" a dizer que o motociclista seguia em excesso de velocidade.
Dois ou três comentários:
1) Os veículos de emergência não podem entrar num cruzamento com luz vermelha, a não ser que verifiquem previamente que não há perigo; nos sinais STOP, nunca podem passar sem parar, mesmo que sigam com sinais de emergência. Todos nós assistimos diariamente ao incumprimento destas regras por parte de viaturas do INEM e outras ambulâncias. Aplicam a chantagem psicológica da pressa que pode vir a ser por qualquer um de nós. Mas há sempre quem já tenha ouvido alguém que conduz viaturas do INEM dizer que gosta da profissão pela adrenalina.
2) A família do motociclista não precisará de mais apoio psicológico do que os tripulantes do carro do INEM? Parece-me que estes vão precisar é de apoio judicial, se houver justiça.
3) A questão da velocidade. Neste país ouve-se constantemente argumentar com a velocidade para a causa de muitos acidentes. Conversa da treta a esconder muita irresponsabilidade. A velocidade em excesso será causa de uma percentagem muito pequena de acidentes. O que acontece é que potencia a gravidade das consequências dos acidentes. Muitas vezes o que provoca acidentes são faltas de atenção, más condições e mesmo perigos não assinalados na via e ainda azelhice pura de muitos condutores que nunca deveriam andar a conduzir.
Ainda de acordo com a imprensa, o veículo do INEM terá desobedecido a um semáforo vermelho e entrado num cruzamento por onde circulava o motociclista com luz verde.
Não faltaram logo "boas almas" a dizer que o motociclista seguia em excesso de velocidade.
Dois ou três comentários:
1) Os veículos de emergência não podem entrar num cruzamento com luz vermelha, a não ser que verifiquem previamente que não há perigo; nos sinais STOP, nunca podem passar sem parar, mesmo que sigam com sinais de emergência. Todos nós assistimos diariamente ao incumprimento destas regras por parte de viaturas do INEM e outras ambulâncias. Aplicam a chantagem psicológica da pressa que pode vir a ser por qualquer um de nós. Mas há sempre quem já tenha ouvido alguém que conduz viaturas do INEM dizer que gosta da profissão pela adrenalina.
2) A família do motociclista não precisará de mais apoio psicológico do que os tripulantes do carro do INEM? Parece-me que estes vão precisar é de apoio judicial, se houver justiça.
3) A questão da velocidade. Neste país ouve-se constantemente argumentar com a velocidade para a causa de muitos acidentes. Conversa da treta a esconder muita irresponsabilidade. A velocidade em excesso será causa de uma percentagem muito pequena de acidentes. O que acontece é que potencia a gravidade das consequências dos acidentes. Muitas vezes o que provoca acidentes são faltas de atenção, más condições e mesmo perigos não assinalados na via e ainda azelhice pura de muitos condutores que nunca deveriam andar a conduzir.
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Pagar a horas: e o Estado?
Desde o início que esta coluna ficou com uma dimensão pré-definida, o que implica não só contenção na escrita, tentando não fugir ao essencial do assunto a que se refere, como exige um esforço de compactação para não deixar escapar algum aspecto importante.
A vantagem é que resultam assim textos curtos, que se esperam de imediata compreensão, e, não o escondo, uma maior facilidade nos temas a tratar, já que cada crónica trata apenas de um determinado assunto. Ainda assim, sempre são 52 semanas por ano e já lá mais de três anos de crónicas semanais.
Mas, como diria o Coronel Odorico Paraguaçu, prefeito de Sucupira, deixemos os preliminares e passemos aos “finalmentes”.
Na semana passada abordei nestas linhas a questão do atraso nos pagamentos, na óptica das relações entre empresas. Referi ainda o programa lançado pela ACEGE chamado “Compromisso Pagamento Pontual”, que desafia os empresários a assumir os pagamentos aos seus fornecedores dentro dos prazos estipulados.
Entretanto fui interpelado sobre o problema dos atrasos de pagamentos por parte do Estado. Claro que a resolução desse problema não está nas mãos dos empresários e sim nas mãos dos políticos que em determinado momento detêm o poder.
Mas a questão existe, e não pode ser escamoteada. Por Estado, qualquer cidadão comum que paga impostos, entende a Administração Central e as Autarquias que funcionam exactamente através desses impostos.
De facto, os prazos de pagamentos por parte do Estado em 2007 foram, em média, mais do dobro da média dos países da UE, o que nos coloca, de acordo com o European Payment Index 2007, no último lugar de entre 25 países europeus no que respeita aos riscos associados aos pagamentos em transacções comerciais.
Em termos de números, em média, em Portugal um fornecedor da Administração Pública demora cerca de 152 dias a receber o seu pagamento, face à média europeia de 69 dias.
Como disse acima, os empresários não são responsáveis por estes atrasos e não os podem alterar. A economia desenvolveu métodos para minorar este problema das empresas através do recurso ao “factoring”, mediante o qual a tesouraria das empresas ultrapassa a questão, embora com um determinado custo. É evidente que este sobrecusto corresponde a uma taxa que diminui a rentabilidade das empresas, e é, aliás, mais importante para as pequenas empresas cujo acesso ao “factoring” é mais difícil e logo mais caro.
Outra estratégia é expor menos as empresas a fornecimentos e empreitadas do Estado, não ficando tão vulneráveis aos seus atrasos nos pagamentos.
Cabe aqui dizer que, no início do corrente ano, o Governo anunciou um programa de redução dos atrasos dos pagamentos da Administração Central em 25%. Sendo esta decisão de saudar, não deixa de ser incompreensível, já que estas despesas já se encontravam cabimentadas, tornando-se assim o processo redundante. Confirma-se assim que o Estado é o pior pagador, porque se atrasa mesmo quando tem o dinheiro disponível para efectuar os pagamentos.
Publicado no Diário de Coimbra em 11 de Agosto de 2008
A vantagem é que resultam assim textos curtos, que se esperam de imediata compreensão, e, não o escondo, uma maior facilidade nos temas a tratar, já que cada crónica trata apenas de um determinado assunto. Ainda assim, sempre são 52 semanas por ano e já lá mais de três anos de crónicas semanais.
Mas, como diria o Coronel Odorico Paraguaçu, prefeito de Sucupira, deixemos os preliminares e passemos aos “finalmentes”.
Na semana passada abordei nestas linhas a questão do atraso nos pagamentos, na óptica das relações entre empresas. Referi ainda o programa lançado pela ACEGE chamado “Compromisso Pagamento Pontual”, que desafia os empresários a assumir os pagamentos aos seus fornecedores dentro dos prazos estipulados.
Entretanto fui interpelado sobre o problema dos atrasos de pagamentos por parte do Estado. Claro que a resolução desse problema não está nas mãos dos empresários e sim nas mãos dos políticos que em determinado momento detêm o poder.
Mas a questão existe, e não pode ser escamoteada. Por Estado, qualquer cidadão comum que paga impostos, entende a Administração Central e as Autarquias que funcionam exactamente através desses impostos.
De facto, os prazos de pagamentos por parte do Estado em 2007 foram, em média, mais do dobro da média dos países da UE, o que nos coloca, de acordo com o European Payment Index 2007, no último lugar de entre 25 países europeus no que respeita aos riscos associados aos pagamentos em transacções comerciais.
Em termos de números, em média, em Portugal um fornecedor da Administração Pública demora cerca de 152 dias a receber o seu pagamento, face à média europeia de 69 dias.
Como disse acima, os empresários não são responsáveis por estes atrasos e não os podem alterar. A economia desenvolveu métodos para minorar este problema das empresas através do recurso ao “factoring”, mediante o qual a tesouraria das empresas ultrapassa a questão, embora com um determinado custo. É evidente que este sobrecusto corresponde a uma taxa que diminui a rentabilidade das empresas, e é, aliás, mais importante para as pequenas empresas cujo acesso ao “factoring” é mais difícil e logo mais caro.
Outra estratégia é expor menos as empresas a fornecimentos e empreitadas do Estado, não ficando tão vulneráveis aos seus atrasos nos pagamentos.
Cabe aqui dizer que, no início do corrente ano, o Governo anunciou um programa de redução dos atrasos dos pagamentos da Administração Central em 25%. Sendo esta decisão de saudar, não deixa de ser incompreensível, já que estas despesas já se encontravam cabimentadas, tornando-se assim o processo redundante. Confirma-se assim que o Estado é o pior pagador, porque se atrasa mesmo quando tem o dinheiro disponível para efectuar os pagamentos.
Publicado no Diário de Coimbra em 11 de Agosto de 2008
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
EMPREITADAS DE OBRAS PUBLICAS
"...a GRID (empresa do Prof. Antonio Reis) fica com a responsabilidade de escolher a solucao a adoptar na fase de projecto, o que nao minha perspectiva, tendo em conta as pequenas guerras entre os diversos projectistas, podera resultar na nao escolha da melhor solucao em projecto.
...Na minha perspectiva, parece-me que existe neste processo um misto de ingenuidade e hipocrisia. Por um lado, todos sabemos que os prazos sao sempre curtos e que as grandes empresas, que possuem departamentos para produzir propostas, nao possuem qualidade tecnica para fazer uma proposta enquanto reve tecnicamente o projecto. Por outro lado, os honorarios pagos aos projectistas, estao desactualizados e carecem de justiça, o que leva inevitavelmente a maus (ou pelo menos deficiente) projectos. No geral, julgo que as obras ficarão mais baratas e com menos trabalhos a mais."
Pelo seu interesse chamo a atenção para o comentário colocado por Silva Brito ao post publicado em 29 de Julho sobre as obras da Ponte Rainha Santa Isabel
...Na minha perspectiva, parece-me que existe neste processo um misto de ingenuidade e hipocrisia. Por um lado, todos sabemos que os prazos sao sempre curtos e que as grandes empresas, que possuem departamentos para produzir propostas, nao possuem qualidade tecnica para fazer uma proposta enquanto reve tecnicamente o projecto. Por outro lado, os honorarios pagos aos projectistas, estao desactualizados e carecem de justiça, o que leva inevitavelmente a maus (ou pelo menos deficiente) projectos. No geral, julgo que as obras ficarão mais baratas e com menos trabalhos a mais."
Pelo seu interesse chamo a atenção para o comentário colocado por Silva Brito ao post publicado em 29 de Julho sobre as obras da Ponte Rainha Santa Isabel
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
PRÓ, CONTRA OU APENAS INDEPENDENTE?
Há uma onda na blogosfera contra o jornal Público, acusando-o de levar a cabo uma campanha contra o Governo do PS.
Nunca me dei conta de tal campanha. As notícias, à partida, são isso mesmo. Quanto aos artigos de opinião e comentários, encontro de tudo. O que certamente não vislumbro é uma campanha a favor do PSD.
Claro que este jornal é o único dito "de referência" onde se podem ler críticas independentes a acções do Governo em geral e de ministros em particular. Isto é apenas indicador de imprensa independente. Claro que quem não gosta que a opinião pública saiba que os computadores "magalhães" se chamam "classmate" e que a Intel concessiona o seu fabrico por esse mundo gora há dois anos, ou que os automóveis "eléctricos" da Nissan não vão cá ser fabricados e portanto não vão ser portugueses, ou que a fábrica de aviões da Embraer não é assim tão pacífica, etc. etc., acha que o Público faz campanha contra.
Quem gosta de estar informado, acha que a imprensa livre é necessária e que a restante imprensa diária até nem pega nestas questões, a não ser depois de o Público as referir.
O poder político em Portugal nunca se habituou muito bem à liberdade de imprensa e acho que já é tempo de isto mudar.
Recordo aqui que o Público foi pioneiro em 1995 quando, antes das eleições legislativas que deram a vitória ao Eng. Guterres, resolveu apoiar publicamente o partido Socialista nessas eleições e assumi-lo. Eu que nunca fui na música celestial do Eng. Guterres só tive que deixar de comprar o jornal de que era leitor desde o seu aparecimento e passar a comprar outro. Esta posição do Público em 95 teve a vantagem de separar as águas e acalentei a esperança de que os jornais em Portugal seguissem finalmente a linha que há em todos os outros países livres, onde as pessoas conhecem bem a linha política dos jornais que compram, que não tentam passar pelo que não são, isto é, absolutamente independentes. No entanto isso não sucedeu e temos todos que ter o trabalho de conhecer a orientação política dos colunistas e ainda dos redactores, o que é absolutamente ridículo. E as orientações políticas saídas da legislação do ministro Santos Silva, em nome do equilíbrio, continuam a enterrar ainda mais a possibilidade de termos imprensa livre e com opinião.
Nunca me dei conta de tal campanha. As notícias, à partida, são isso mesmo. Quanto aos artigos de opinião e comentários, encontro de tudo. O que certamente não vislumbro é uma campanha a favor do PSD.
Claro que este jornal é o único dito "de referência" onde se podem ler críticas independentes a acções do Governo em geral e de ministros em particular. Isto é apenas indicador de imprensa independente. Claro que quem não gosta que a opinião pública saiba que os computadores "magalhães" se chamam "classmate" e que a Intel concessiona o seu fabrico por esse mundo gora há dois anos, ou que os automóveis "eléctricos" da Nissan não vão cá ser fabricados e portanto não vão ser portugueses, ou que a fábrica de aviões da Embraer não é assim tão pacífica, etc. etc., acha que o Público faz campanha contra.
Quem gosta de estar informado, acha que a imprensa livre é necessária e que a restante imprensa diária até nem pega nestas questões, a não ser depois de o Público as referir.
O poder político em Portugal nunca se habituou muito bem à liberdade de imprensa e acho que já é tempo de isto mudar.
Recordo aqui que o Público foi pioneiro em 1995 quando, antes das eleições legislativas que deram a vitória ao Eng. Guterres, resolveu apoiar publicamente o partido Socialista nessas eleições e assumi-lo. Eu que nunca fui na música celestial do Eng. Guterres só tive que deixar de comprar o jornal de que era leitor desde o seu aparecimento e passar a comprar outro. Esta posição do Público em 95 teve a vantagem de separar as águas e acalentei a esperança de que os jornais em Portugal seguissem finalmente a linha que há em todos os outros países livres, onde as pessoas conhecem bem a linha política dos jornais que compram, que não tentam passar pelo que não são, isto é, absolutamente independentes. No entanto isso não sucedeu e temos todos que ter o trabalho de conhecer a orientação política dos colunistas e ainda dos redactores, o que é absolutamente ridículo. E as orientações políticas saídas da legislação do ministro Santos Silva, em nome do equilíbrio, continuam a enterrar ainda mais a possibilidade de termos imprensa livre e com opinião.
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Morreu Alexandre Soljenitsyne
Dia triste para a humanidade.
A sua obra é um monumento de amor aos homens e à humanidade em geral.
Nunca esquecerei como ele descreveu passagens da revolução soviética e do regime de Lenine que eram exemplos simples do "verdadeiro socialismo".
Por exemplo, o chamado "partido dos engenheiros". A certa altura o "partido" necessitava que os comboios andassem ininterruptamente de um lado para o outro. Pois bem, os engenheiros de manutenção dos caminhos de ferro informaram que os comboios deveriam parar para olear e outras coisas o género. O "partido" entendeu que os engenheiros tinham formado o seu partido reaccionário e contra-revolucionário e deu-lhes o respectivo destino. Claro que passados poucos meses o sistema ferroviário bloqueou por falta de manutenção.
Para azar do Vasco Gonçalves e seus camaradas de 75 havia por aí muita gente que já tinha lido o "Pavilhão dos Cancerosos", o "Arquipélago de Goulag" e "Um dia na vida de Ivan Denisovitch" pelo que as tentativas de atitudes deste género fracasaram.
No seu tempo Alexandre Soljenitsine fez mais pela liberdade que muitos outros que se consideram a si mesmos verdadeiros arautos da mesma.
A propósito, não consta que após a queda do regime da ex-URSS o escritor tenha constituído uma fundação , nem recebido um monumento nacional do Estado para se instalar.
PAGAR A HORAS
Existe um problema quase endémico na economia portuguesa, que consiste no sistemático atraso nos pagamentos.
A Associação Industrial Portuguesa publicou recentemente dados sobre este problema, tendo concluído que 75% das empresas portuguesas têm problemas com atrasos de pagamento.
Refira-se que atraso de pagamento significa que o comprador do bem ou serviço não efectua o pagamento dentro do prazo que foi acordado entre as partes, seja esse prazo de 30 dias, seja de qualquer outro prazo. O que interessa aqui é que o pagamento seja feito quando a outra parte está legitimamente a contar com ele.
De acordo com a Intrum Justitia, os países europeus em que as facturas são pagas com mais atraso são a Grécia, Chipre e Portugal, sendo os países do Norte da Europa aqueles que revelam maior grau de cumprimento nesta área.
É possível verificar assim uma certa permissividade quase cultural em alguns países do Sul da Europa no que toca à falta de pontualidade nos pagamentos, mas onde já não constam a Espanha ou a Grécia.
O atraso no recebimento das facturas traduz-se para qualquer empresa numa taxa escondida, que a leva muitas vezes a defender-se, atrasando os pagamentos aos seus próprios fornecedores. De facto, é a própria sobrevivência dessa empresa que pode ser colocada em causa. Assim se entra numa espiral com grandes custos para a economia na sua globalidade.
Com vista a transformar este “ciclo vicioso num que seja antes virtuoso”, a ACEGE (Associação Cristã de Empresários e Gestores), lançou um programa chamado “Compromisso Pagamento Pontual”.
Ao aderirem voluntariamente a este compromisso, as empresas comprometem-se, sob sua responsabilidade, a efectuar o pagamento pontual aos seus fornecedores.
Por algum lado se teria que cortar este ciclo vicioso. Está provado que os meios coercivos não funcionam em Portugal, por motivos culturais, por falta de responsabilidade generalizada, por puro oportunismo e cupidez, ou ainda por falta de resposta dos tribunais em tempo útil.
O estabelecimento de uma cultura de responsabilidade e de respeito pelos outros actores na economia é essencial para uma sã competitividade, que se reflecte obrigatoriamente na competitividade nacional.
Para quem está há muito habituado ao actual estado de coisas nesta área, este desafio pode parecer ingénuo ou até inútil. Não é ingénuo, porque parte de quem conhece a fundo o funcionamento da economia, e só seria inútil se por distracção ou falta de responsabilidade os responsáveis das empresas não lhe prestassem atenção.
Sucede que neste momento já largas dezenas de responsáveis de empresas assumiram publicamente o “Compromisso Pagamento Pontual”, colocando uma boa parte da economia portuguesa dentro do tal ciclo virtuoso.
Ao contrário de muitas más notícias da economia, estas são claramente boas notícias, esperando-se que muitos mais gestores e empresários sejam chamados a esta linha de responsabilidade, para o que poderão ir ao portal da Internet com o endereço:
http://www.ver.pt
Publicado no Diário de Coimbra em 4 de Agosto de 2008
domingo, 3 de agosto de 2008
OS RAPAZES DA PRAIA
A praia traz velhas recordações de tempos despeocupados, como esta música recorda:
BEACH BOYS a surfar na Califórnia nos anos sessenta
BEACH BOYS a surfar na Califórnia nos anos sessenta
quinta-feira, 31 de julho de 2008
CAVACO
Cavaco Silva demonstrou que pode haver diferença fundamental relativamente à falta de rigor e de carácter que domina a nossa vida política há demasiados anos. Claro que o facto de todos os deputados da AR, incluindo os do PSD terem aprovado aquela barbaridade jurídica ajuda à manifestação de independência de Cavaco.
Mesmo assim, hoje pela primeira vez na vida, senti-me cavaquista.
Haja Deus.
Mesmo assim, hoje pela primeira vez na vida, senti-me cavaquista.
Haja Deus.
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