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segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Evangelho do Dia
(Jo 2, 13-22) Estava próxima a Páscoa dos judeus
e Jesus subiu a Jerusalém.
Encontrou no templo
os vendedores de bois, de ovelhas e de pombas
e os cambistas sentados às bancas.
Fez então um chicote de cordas
e expulsou-os a todos do templo, com as ovelhas e os bois;
deitou por terra o dinheiro dos cambistas
e derrubou-lhes as mesas;
e disse aos que vendiam pombas:
«Tirai tudo isto daqui;
não façais da casa de meu Pai casa de comércio».
Os discípulos recordaram-se do que estava escrito:
«Devora-me o zelo pela tua casa».
Então os judeus tomaram a palavra e perguntaram-Lhe:
«Que sinal nos dás de que podes proceder deste modo?».
Jesus respondeu-lhes:
«Destruí este templo e em três dias o levantarei».
Disseram os judeus:
«Foram precisos quarenta e seis anos para construir este templo
e Tu vais levantá-lo em três dias?».
Jesus, porém, falava do templo do seu Corpo.
Por isso, quando Ele ressuscitou dos mortos,
os discípulos lembraram-se do que tinha dito
e acreditaram na Escritura e na palavra de Jesus.
Em democracia, os melhores também se despedem
Em Portugal, vamo-nos habituando a desconsiderar os cidadãos que trocam as suas actividades profissionais pela dedicação à actividade política. Estou firmemente convencido de esse sentimento é inteiramente injusto, para a maioria dos políticos. Existem, felizmente, inúmeros portugueses que se dedicam à coisa pública com verdadeiro espírito de missão, sacrificando mesmo a sua vida pessoal em nome do que consideram ser a sua obrigação para com a comunidade.
Como se sabe, em democracia o exercício de funções públicas está sempre limitado no tempo, acabando por saída própria ou por perda de eleições, o que acaba sempre por suceder, mais cedo ou mais tarde.
Na sequência das últimas eleições autárquicas, deixou as funções de Vereador da Câmara de Coimbra um cidadão que, por todos os motivos, constitui um exemplo a seguir e que aqui quero saudar e de certa maneira homenagear. Refiro-me ao Engº. João José Gomes Rebelo, que, durante dois mandatos, suspendeu a sua vida para se dedicar de alma e coração a Coimbra, dentro das relevantes funções que lhe foram atribuídas na Câmara Municipal de Coimbra.
Como se costuma dizer, devo agora fazer claramente uma declaração de interesses: sou amigo do João Rebelo desde os tempos da Faculdade, já lá vão mais de três dezenas de anos. Sempre lhe reconheci uma nobreza de carácter caracterizada pela lealdade, verticalidade e absoluta honestidade.
Curiosamente, somos ambos filhos adoptados de Coimbra, vindos da Beira interior, embora em alturas diferentes da vida, já que eu ainda frequentei os dois últimos anos no Liceu D. João III e o João Rebelo fez o liceu em Castelo Branco, embora tivesse nascido em Lisboa.
Esta coincidência terá permitido uma proximidade de visão sobre o mundo e particularmente sobre a Cidade que nos acolheu e que escolhemos para viver.
O João Rebelo passou oito anos na Câmara de Coimbra como Vereador e não se lhe nota qualquer alteração nas características que acima apontei, a que aliás se junta uma grande delicadeza no trato e capacidade de tratar todos os munícipes por igual. Louvo ainda a sua extraordinária capacidade de trabalho, que o levou a exercer as suas funções muito para além dos limites temporais exigíveis a qualquer pessoa, sem nunca dar a entender que o fizesse com sacrifício.
Mesmo nesta sua actividade política, assumiu-se sempre como pessoa por inteiro, não escondendo, por exemplo, as suas opções religiosas, como hoje parece ser moda, antes as assumindo com toda a naturalidade, por serem parte da sua identidade.
É um Homem que, quando chamado a exercer funções políticas, o fez de uma forma perfeitamente exemplar, o que num tempo como o de hoje é da mais inteira justiça realçar.
Deliberadamente, omiti nesta pequena homenagem a qualidade do seu trabalho e a extrema competência com que exerceu estas suas funções na Câmara. Falta-me a capacidade para tal, confesso, e essa avaliação não é o objectivo destas linhas. Será com certeza feita facilmente pelos nossos concidadãos através do simples método da comparação.
Publicado no Diário de Coimbra em 9 de Novembro de 2009
domingo, 8 de novembro de 2009
A crise acabou: a crise vem aí
- Dívida pública em % do PIB em 2009: 77,4%
- Dívida pública em % do PIB em 2010: 84,6%
- Dívida pública em % do PIB em 2011: 91,1%
(Notas: em 2002 era de 55,5%; o Pacto de Estabilidade estabelece 60% como valor máximo)
- Défice das contas públicas em 2009: 8%
- Défice das contas públicas em 2010: 8%
- Défice das contas públicas em 2011: 8,7%
- Crescimento do PIB em 2009: negativo (quanto?, não se sabe)
- Crescimento do PIB em 2010: 0,3%
- Crescimento do PIB em 2011: 1%
(Nota: dos piores valores da UE e de todo o mundo)
O Prof. Ernâni Lopes diz que Portugal está a definhar há anos: como aqueles doentes que não se levantam da cama, não melhoram, nem pioram.
Entretanto, andamos para aí a apresentar candidaturas a organizar campeonatos mundiais de futebol, a construir auto-estradas para lado nenhum, TGV para andarem vazios e novas pontes para Lisboa.
Não há juízo.
O tempo não pára
sábado, 7 de novembro de 2009
Evangelho de hoje
Evangelho segundo S. Lucas 16,9-15.
«E Eu digo-vos: Arranjai amigos com o dinheiro desonesto, para que, quando este faltar, eles vos recebam nas moradas eternas. Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é infiel no pouco também é infiel no muito. Se, pois, não fostes fiéis no que toca ao dinheiro desonesto, quem vos há-de confiar o verdadeiro bem? E, se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que é vosso? Nenhum servo pode servir a dois senhores; ou há-de aborrecer a um e amar o outro, ou dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.» Os fariseus, como eram avarentos, ouviam as suas palavras e troçavam dele. Jesus disse-lhes: «Vós pretendeis passar por justos aos olhos dos homens, mas Deus conhece os vossos corações. Porque o que os homens têm por muito elevado é abominável aos olhos de Deus.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Smetana: o Moldava
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
COIMBRA NO SEU MELHOR (de novo)
É provável que o leitor se interrogue sobre as razões que me levam a utilizar tantas vezes o mesmo título nestas minhas crónicas: “Coimbra no seu melhor”. Na realidade, a nossa Cidade tem uma característica bem portuguesa, que por razões históricas é mais pronunciada entre nós e que se revela numa intensa capacidade de dizer mal de tudo e de todos. Concedo até que essa atitude se deva a uma vontade subliminar de ouvir em resposta que não, que em Coimbra até há isto ou aquilo de bom. Mas, aqui entre nós, essa é uma atitude bem “coimbrinha” que deve ser combatida, porque desvirtua a realidade actual da nossa Cidade. E, para dificuldades, já nos chegam as provocadas pelo bicefalismo territorial do país, que esmaga a zona Centro em que nos integramos e de que Coimbra é claramente a cidade principal.
Por estas razões, o exercício activo da cidadania obriga-me a mostrar e divulgar aquilo que sinto ser o que Coimbra tem de melhor para oferecer. E não haverá textos que me dêem mais prazer escrever do que estes.
Venho hoje referir, de novo, a excelente Orquestra Clássica do Centro. Vou repetir-me em parte, porque já aqui elogiei o trabalho de todos os que dão corpo àquele projecto que deve ser acarinhado por todos.
A existência continuada em Coimbra de uma formação orquestral de música clássica de qualidade indiscutível foi um sonho de muitos ao longo de muitos anos. Encontra-se finalmente concretizado da melhor maneira, o que se deve obviamente a todos os que de uma maneira ou de outra a apoiam, mas fundamentalmente a duas pessoas, a Dra. Emília Cabral Martins e o Maestro Virgílio Caseiro. O Maestro Virgílio Caseiro dedica à OCC toda a sua competência técnica, amor à arte musical e trabalho, muito trabalho, de forma inteiramente gratuita. A Dra. Emília Martins consegue fazer o quase impossível, só comparável ao milagre da multiplicação os pães. O único apoio oficial digno desse nome vem da Câmara Municipal de Coimbra e traduz-se em 175.000 euros por ano. Para uma orquestra que custa 490.000 euros, não há outra designação para o que tem sido conseguido à custa de imensa imaginação, alguns apoios empresariais e mesmo pessoais, para além de uma excepcional capacidade de gestão.
O Estado concedeu este ano um apoio pontual de 30.000 euros à Orquestra Clássica do Centro. Não apoia regularmente a OCC, porque defende que a região Centro só merece uma orquestra clássica e já apoia a orquestra que existe em Aveiro, de dimensão e número de concertos bem reduzidos face à OCC. O mesmo critério não é aplicado pelo Estado a outras actividades artísticas, como o Teatro, havendo na nossa Região várias companhias teatrais que recebem muitas centenas de milhares de euros por ano. Não está evidentemente em causa que o Estado apoie o Teatro, mas que os critérios sejam semelhantes, não havendo artes inferiores e artes superiores
A Dra. Emília Martins escreveu há alguns dias uma carta aos jornais, naquilo que chamou de desabafo, mas que se pode considerar um verdadeiro grito de alerta em defesa da Cultura na nossa região. Perguntava mesmo porque não é possível encontrar uma plataforma de entendimento entre as duas formações orquestrais existentes na Região que, mesmo juntas, não conseguem ainda hoje em dia constituir uma orquestra sinfónica. Pela minha parte, não faço mais do que a minha obrigação em manifestar aqui todo o apreço pelo trabalho em prol da Cultura de todos os que de alguma forma apoiam a Orquestra Clássica do Centro, fazendo votos de que tenha uma longa vida e consiga evoluir para nos oferecer um leque cada vez mais variado e complexo de oferta musical de qualidade.
Publicado no Diário de Coimbra em 2 de Novembro de 2009