Dear reader,
Plus, join one of our breakfast briefings with senior editors of The Economist, including Brooke Unger, Berlin Bureau Chief and Jonathan Rosenthal, European Finance and Business Correspondent.
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jpaulocraveiro@ gmail.com "Por decisão do autor, o presente blogue não segue o novo Acordo Ortográfico"
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Euro Zone Dialogue - does the euro have a future?
segunda-feira, 7 de junho de 2010
NOTÍCIAS DOS VELHOS ALIADOS
Nestes tempos conturbados e de deriva política, não nos faz mal nenhum recordar as nossas antigas ligações e ver o que o que os nossos mais velhos aliados andam a fazer. De facto, negócios podem fazer-se com toda a gente ou quase, pelo que não virá grande mal se algumas empresas portuguesas ganharem dinheiro na Líbia, na Venezuela ou nos países do Magreb. O que não podemos de forma nenhuma é imaginar que nos virá alguma vantagem política ou social de um contacto mais íntimo com os regimes desses países. Aquilo a que muitos chamam a “magrebização” do país significaria apenas um retrocesso lamentável na nossa organização social económica e política, que deve ter como modelo a Europa.
Voltando aos nossos aliados da “Aliança Inglesa”, devemo-nos recordar que essa é a mais antiga aliança diplomática do mundo em vigor. Significa uma ligação quase umbilical entre Portugal e Inglaterra, hoje Reino Unido. O Tratado de Windsor foi firmado em Maio de 1386, mas a “Aliança Inglesa” era já de 1373. Da ascensão ao trono de D. João I e seu casamento com Filipa de Lencastre, filha de João de Gant, duque de Lencastre, veio a Ínclita Geração e uma época de grande prosperidade económica com grande desenvolvimento do comércio que hoje chamaríamos de exportação, e ainda o início da época dos descobrimentos com todos os seus sucessos e prosperidade.
Não esqueçamos ainda que a Inglaterra é a mais antiga Democracia, e que aos ingleses se deve a tenaz resistência à barbárie nazi, não apenas militar, mas também, e sobretudo, ideológica e civilizacional.
Tudo isto para dizer que o Reino Unido resolveu finalmente deitar fora a “Terceira Via”, nome que Tony Blair e os seus amigos resolveram dar à política do Partido Trabalhista a que até chamaram “Novo Partido Trabalhista”, no fundo enterrando a social-democracia tal como a conhecíamos.
A coligação que o Partido Conservador e o Partido Liberal Democrata montaram é um modelo político a estudar e a seguir com o maior interesse. E isto porque os respectivos líderes, David Cameron e Nick Clegg, não construíram a coligação através de uma simples divisão de ministérios ou de pessoas. Os dois partidos partiram dos seus programas para as negociações e, sector a sector, analisaram com seriedade aquilo que para cada partido era crucial e aquilo em que podia ceder. Por exemplo, o Partido Conservador não cedeu nas suas propostas sobre Educação que foram uma das suas bandeiras principais, mas acrescentou-lhe os apoios financeiros para as crianças pobres, como o Partido Liberal Democrata propôs nas eleições. Bem interessante é constatar que ambos os partidos acordaram em reduzir drasticamente as despesas do Estado em vez de aumentar os impostos, para cortar no défice. A construção da terceira pista do aeroporto de Heathrow, por exemplo, foi abandonada. Em praticamente todas as áreas da governação houve negociações a sério e encontro de soluções aceitáveis por ambos os parceiros, o que permitiu um pacto de não agressão entre os dois partidos até às próximas eleições, daqui a cinco anos.
Bem refrescante, devo dizer. E um exemplo a ter em conta entre nós, acrescentarei ainda. Exemplo que, obviamente, não nos chegará do Magrebe ou da Venezuela.
Publicado no Diário de Coimbra em 7 de Junho de 2010
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Chá verde retarda envelhecimento cerebral, conclui investigação da Universid...
MAGNIFICAT
Evangelho do Dia
Segunda-feira da Semana IX - Visitação da Virgem Maria
(Lc 1, 39-56) Naqueles dias,
Maria pôs-se a caminho
e dirigiu-se apressadamente para a montanha,
em direcção a uma cidade de Judá.
Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
Quando Isabel ouviu a saudação de Maria,
o menino exultou-lhe no seio.
Isabel ficou cheia do Espírito Santo
e exclamou em alta voz:
«Bendita és tu entre as mulheres
e bendito é o fruto do teu ventre.
Donde me é dado
que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?
Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos
a voz da tua saudação,
o menino exultou de alegria no meu seio.
Bem-aventurada aquela que acreditou
no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito
da parte do Senhor».
Maria disse então:
«A minha alma glorifica o Senhor
e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
Porque pôs os olhos na humildade da sua serva:
de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações.
O Todo-poderoso fez em mim maravilhas,
Santo é o seu nome.
A sua misericórdia se estende de geração em geração
sobre aqueles que O temem.
Manifestou o poder do seu braço
e dispersou os soberbos.
Derrubou os poderosos de seus tronos
e exaltou os humildes.
Aos famintos encheu de bens
e aos ricos despediu de mãos vazias.
Acolheu a Israel, seu servo,
lembrado da sua misericórdia,
como tinha prometido a nossos pais,
a Abraão e à sua descendência para sempre».
Maria ficou junto de Isabel cerca de três meses
e depois regressou a sua casa.
QUESTÕES VERDADEIRAMENTE FRACTURANTES
Já poucos se lembram, mas no Verão de 2008 começou uma séria crise financeira internacional cujo sinal maior foi a falência do banco Lehman Brothers, o quarto maior banco de investimento dos Estados Unidos. A partir daí foi toda uma catadupa de falências de instituições bancárias, compra de outras, fusões, etc. Os governos de muitos países do Ocidente resolveram salvar o sistema financeiro que durante anos fez disparates sobre disparates com produtos que não tinham sustentabilidade real e se auto-alavancavam de maneira insana, com o beneplácito de todas as entidades com responsabilidade reguladora ou, no mínimo, um fechar de olhos e assobiar para o lado. Na realidade, tratou-se de uma crise séria, mas de ajustamento do sistema à realidade.
As iniciativas dos governos estenderam-se depois a toda a economia, tentando tapar os buracos, como se o fundamental não fosse ir às causas, em vez de maquilhar as consequências.
Como resultado, os défices dispararam e vieram acumular-se às tradicionais deficiências de muitos desses países: dívida externa exagerada, fraco crescimento, desadequação das economias aos novos tempos da globalização.
Na Europa do Euro, esses problemas são muito mais graves para os países nessa situação, porque não possuem meios próprios para responder, dado que prescindiram voluntariamente deles ao aderirem à moeda única. Em particular, esses países deixaram de ter a possibilidade de desvalorizar moeda e de influenciar as taxas de juro, meios desde sempre utilizados para combater situações de crise económica e de falta de competitividade. Nesta situação verdadeiramente aflitiva, que se pode comparar a um duche gelado logo depois de um banho quente, estão a Grécia e a Espanha, mas também Portugal. Muitos países europeus estão a adoptar medidas excepcionais para controlo dos seus défices a curto prazo. Como sempre, os défices são combatidos através da redução de despesas, ou então através do aumento de impostos, ou mesmo por uma mistura das duas soluções. Todos os países aumentam os impostos, uns mais do que os outros. O que os governos não prescindem é de dar sinais à sociedade de que acompanham os cidadãos nos seus sacrifícios. Por exemplo, os ministros ingleses deixaram de ter direito a carro oficial próprio com motorista, devendo usar transportes públicos ou carros oficiais partilhados, e em França os ministros passaram a utilizar pequenos carros utilitários e económicos, para além de terem acabado com despesas supérfluas, como flores frescas nos ministérios. Muitos outros exemplos se podem contar. Cá por Portugal, país onde a subida de impostos vai ser acentuada, verifica-se em todos os níveis do Estado a continuação do espectáculo de organismos com inúmeros carros parados à porta com os respectivos motoristas à espera.
A moeda única tornou-se uma verdadeira armadilha para os países que nela entraram alegremente sem preparar as suas economias para a nova situação criada. Fica-nos a amarga sensação de que grande parte dos dirigentes políticos que desde há décadas têm aparecido por essa Europa fora são no mínimo inconscientes, quando não totalmente incompetentes. Se não, como se compreenderia que países tenham aderido a uma moeda única sem garantir meios de combate a crises para além de descerem generalizadamente os salários, como agora os gurus como Paul Krugman lhes vêm candidamente explicar?
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 31 de Maio de 2010
quarta-feira, 26 de maio de 2010
segunda-feira, 24 de maio de 2010
HERÓI DA INFORMAÇÃO
Estamos a viver uma época de rápidas transformações em todas as facetas da vida colectiva, que se sucedem a uma velocidade sem paralelo na história da Humanidade. Uma das razões para que isto se esteja a passar tem certamente a ver com a facilidade e velocidade de transmissão de informação. O aparecimento e a disseminação da utilização da internet vieram introduzir alterações cruciais no acesso à informação e ao seu tratamento e transmissão. Por exemplo, é hoje muito mais importante e eficaz disponibilizar obras na internet do que manter grandes bibliotecas abertas ao público, como as grandes universidades do mundo já fazem há algum tempo. É assim que todos temos a possibilidade de estudar obras portuguesas antigas que não estão disponíveis entre nós, por se encontrarem em universidades ou museus estrangeiros, sem haver necessidade de deslocações.
As televisões e os próprios jornais têm hoje um papel completamente diferente na informação do que se passa pelo mundo e no nosso país e mesmo na formação da opinião pública. Os meios de comunicação social tradicionais fazem hoje um esforço enorme de adaptação às novas realidades, sem o que o seu futuro se encontrará irremediavelmente comprometido. Alguns sobreviverão, necessariamente diferentes, mas muitos desaparecerão sem apelo nem agravo, aniquilados pela imensa e diferenciada oferta de informação disponibilizada pela internet.
Este jornal que o leitor tem na mão faz hoje 80 anos. Desde que nasceu em 24 de Maio de 1930 que se assume como um jornal republicano e regionalista, “defensor dos interesses das Beiras”, como afirmava orgulhosamente sob o título, logo a partir do primeiro número.
As suas páginas ao longo destes anos são testemunho de tantos acontecimentos que ocorreram no mundo, em Portugal e na nossa região, que o próprio jornal merece ser também notícia, sendo os seus oitenta anos motivo de satisfação para todos os que o lêem e certamente muito mais ainda para os que o fazem. Grandes nomes de Coimbra e das Beiras têm o seu nome eternamente fixado nas páginas do Diário de Coimbra: desde logo o seu fundador, Adriano Viegas da Cunha Lucas, mas também Bissaya Barreto, justamente homenageado pela Cidade logo em 1931, os jogadores da Académica que em 1939 venceram a Taça de Portugal, Linhares Furtado que fez o primeiro transplante de rim em 1969, Miguel Torga, galardoado com um prémio mundial de poesia em 1976, o saudosamente recordado Elísio de Moura, mas também Jorge Anjinho, João Paulo II, que nos visitou em 1982, o Senhor D. Albino cuja próxima saída nos deixa já com saudades, Ferrer Correia, excepcional e clarividente reitor da Universidade verdadeiramente Magnífico, Manuel Antunes, médico notável e organizador de serviços de saúde, Mendes Silva, que morará para sempre na memória de quem o conheceu, Pinho Brojo e António Portugal, cultores maiores do Fado que leva o nome da nossa Cidade, Carlos Mota Pinto, excepcional professor universitário e político grande, António Arnaut, defensor sempre coerente de causas sociais.
Tantos outros passaram até hoje pelas suas páginas de forma positiva. Dos que por lá passaram de forma algo triste não valerá muito a pena falar, embora façam também parte da História. Referi propositadamente pessoas, e não factos ou acontecimentos, porque são o que verdadeiramente interessa e quem faz a História e nos marca definitivamente pelo exemplo de vida.
Os tempos estão a mudar como disse acima, e no futuro o papel dos jornais como o Diário de Coimbra não será certamente igual ao que foi nos últimos oitenta anos. Vivemos hoje imersos num mar de informação global. Há, no entanto, uma função que o Diário de Coimbra tem exercido de uma forma excepcional e que justifica talvez a sua já longa existência e que ultrapassa tudo aquilo que a internet, os blogues e redes sociais não serão capazes de substituir com vantagem: a sua excepcional capacidade de estabelecer redes entre os diversos intervenientes públicos da nossa Região, com respeito por todas as correntes de pensamento e opinião, e ainda a forma notável como liga a Cidade a milhares de pessoas que numa ou outra altura da sua vida se relacionaram com Coimbra.
Ao jornal que me acolhe todas as segundas-feiras desde há quase cinco anos, o agradecimento por esta oportunidade e os votos das maiores felicidades por mais oitenta anos. Desejo ainda a todos seus colaboradores as maiores venturas pessoais e profissionais.
Publicado no Diário de Coimbra em 24 de Maio de 2010
segunda-feira, 17 de maio de 2010
FACTURA MENSAL DE ELECTRICIDADE
O leitor sabe o que está a pagar todos os meses quando paga a sua factura à EDP?
Com uma grande probabilidade de acertar, direi que na verdade não sabe, embora pense que está simplesmente a pagar a electricidade que consome. Pois saiba que nao: de facto, paga muitas outras coisas mais, que tem toda a vantagem em conhecer. Já que é obrigado a pagar sem poder negar-se a fazê-lo, deve pelo menos saber para onde vai o seu dinheiro.
Na realidade, cada euro que pagamos na nossa factura eléctrica mensal distribui-se da seguinte forma: 31 cêntimos pagam a energia eléctrica e o seu fornecimento, 27 cêntimos pagam o uso das redes e gestão do sistema, e finalmente 42 cêntimos pagam subsídios a diversas entidades.
A ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos) deveria servir para criar condições concorrenciais às empresas que teoricamente nos poderiam fornecer electricidade em situação de sã concorrência. Claro que, na realidade, o fornecimento de electricidade às nossas casas é um monopólio bem conhecido, em que actuam a REN e a EDP com condições tarifárias definidas administrativamente. Reside aliás aqui a razão de quem protesta contra os prémios das administrações destas empresas que prestam os seus serviços a preços que, na prática, são tudo menos concorrenciais. Embora esta sua função seja praticamente inexistente, ao menos a ERSE serve para sabermos exactamente para onde vai o dinheiro que os consumidores pegam na sua factura eléctrica.
Pelo relatório anual da ERSE, ficamos a saber que aqueles 42% da nossa factura mensal são a parte que todos nós temos que pagar para os chamados CIEG (Custos de Interesse Económico Geral). Por exemplo, daqueles 42 cêntimos que referi, 6,51 cêntimos destinam-se a pagar a chamada PRE (Produção em Regime Especial). Corresponde à subsidiação de preços para a produção de energia eólica (sim, aqueles moinhos que agora enchem os cumes dos nossos montes), da co-geração (renovável e não renovável), da energia fotovoltaica (por exemplo aquela famosa central da Amareleja) e outras renováveis residuais.
Numa altura em todo o país começa finalmente a ter consciência da situação económica do país, é conveniente conhecermos os pesos que a economia tem em cima, e que dificultam ou impossibilitam a sua recuperação, porque lhe introduzem à partida custos adicionais que, comparativamente, lhe retiram competitividade.
O custo da energia é um desses pesos. Na realidade, num país rico e provavelmente com excedentes de balança comercial, faria sentido investir em energias renováveis que eventualmente poderiam trazer vantagens competitivas num cenário hipotético de combustíveis fósseis raros e muito caros. Num país em que as empresas lutam desesperadamente por um lugar ao sol, tentando competir com economias mais baratas, colocar-lhes uma canga em cima é tudo menos apoiá-las, e é isso que sucede com os custos da electricidade em Portugal. Só para comparar, o preço de referência espanhol de compra de energia eólica em Espanha anda pelos 26 euros por MWh, enquanto em Portugal varia entre 92 e 72 MWh nos últimos contratos. Não admira que haja por aí tanta gente interessada em colocar moinhos por tudo o que é monte.
Agora que ao PEC sucede o PEC2, com todo um rol de sacrifícios para todos os contribuintes, bom seria que esta questão da energia, essencial para a vida económica, fosse devidamente reavaliada em função do interesse de todos nós e de supostas vantagens futuras que poderão ou não surgir.
Publicado no Diário de Coimbra em 17 de Maio de 2010
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Silva Lopes ao DN
O Governo tinha alternativa?
Não! O problema é que se não tomássemos essas medidas não conseguiríamos financiamento externo. Isso seria o desastre completo, uma catástrofe garantida. Estes sacrifícios são o menor dos males que temos de encarar. Mas não vale a pena enganar as pessoas e dizer que se consegue isto e o crescimento económico ao mesmo tempo.