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quinta-feira, 4 de novembro de 2010
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Bancos em Portugal
terça-feira, 2 de novembro de 2010
na ONU é que Guterres está bem (longe daqui)
Acege em Coimbra
Continuando a abordagem do tema geral escolhido pela Acege para o corrente ano - “Portugal tem futuro: a missão dos líderes empresariais cristãos” – iremos ter o nosso próximo almoço-debate do Núcleo da ACEGE de Coimbra no dia 11 de Novembro, como habitualmente no salão da Sé Velha a partir das 13:00 horas.
Teremos connosco o Dr. Alexandre Relvas, empresário bem conhecido e interventor social e político de grande notoriedade.
Na sua intervenção, o Dr. Alexandre Relvas irá começar por apresentar uma visão geral da “Estratégia da Logoplaste” e, aproveitando a sua experiência empresarial, passará de seguida a um conjunto de Reflexões e propostas para uma nova Política Económica que permita promover a competitividade e as exportações.
Agradecemos que as inscrições nos sejam comunicadas até ao fim do dia 8 de Novembro para nos facilitar as tarefas logísticas, podendo os associados da ACEGE levar convidados que possam ter interesse em participar.
O custo da participação é de 20€, sendo o pagamento efectuado no local.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
DO MAR QUE FOI PORTUGUÊS
Sucede por vezes na nossa vida sermos obrigados a fazer coisas que não desejamos, que não queremos, mas a que não podemos ou não devemos fugir. E às vezes, depois de as fazermos, fica-nos um sabor a sal na boca e uma saudade para sempre. Há muitos anos fui chamado a cumprir o Serviço Militar Obrigatório, num ramo das Forças Armadas que me era totalmente desconhecido: a Marinha de Guerra. Aí aprendi muito, fiquei a admirar com conhecimento de causa todos os que ganham a sua vida no mar e a conhecer melhor o potencial fabuloso para Portugal, que é o facto de ter Zona Económica Exclusiva absolutamente gigantesca por os Açores e a Madeira serem portugueses. Na Europa, apenas o Reino Unido, a França e a Dinamarca têm áreas superiores.
Infelizmente, nas últimas dezenas de anos assistimos a um definhar das actividades ligadas ao mar. Estamos muito longe da época de quinhentos em que o Mar era português. Isto, pese o facto de alguns dos nossos melhores andarem há anos a alertar para o desperdício que é virarmos as costas ao mar, com o Doutor Ernâni Lopes à cabeça e a sua defesa do “Hipercluster do mar”.
Nas pescas, deixámo-nos embalar pela conversa dos eurocratas e a nossa frota é hoje diminuta: em resultado, 2/3 do peixe que hoje consumimos é importado. Deve ser recordada a epopeia hoje quase esquecida dos homens dos “doris” dos bacalhoeiros na Terra Nova. A indústria conserveira portuguesa que sempre foi considerada de altíssima qualidade consistia há cinquenta anos em cerca de 400 fábricas; hoje existem 20!
O desporto náutico quase não existe entre nós, não havendo estruturas que favoreçam o interesse da juventude por essa actividade, apesar de Portugal ter 1187 Km de costa marítima.
A nossa frota mercante praticamente desapareceu. A indústria de construção naval já quase não existe, restando felizmente alguma capacidade de reparação naval, muito abaixo do que era há quarenta anos. Os portos estão quase como eram há vinte anos; as suas ligações ferroviárias à Europa são inexistentes. Só temos auto-estradas e milhares de camiões a transportar mercadorias: pura estupidez e desperdício!
Com a consciência crescente do enorme buraco de competitividade económica do país, começam finalmente a surgir sinais de que começamos a acordar para as possibilidades económicas que o mar tem à nossa espera. Assim os responsáveis pela economia e pelo planeamento estratégico do país o entendam e metam mãos à obra, para além das palavras.
No dia em que faz cinco anos que estas crónicas semanais existem, não posso deixar de colocar aqui uma nota de agradecimento ao Diário de Coimbra por tão amavelmente me acolher nas suas páginas. Este jornal com oitenta anos de idade, que se intitula orgulhosamente regionalista e republicano é assim dos mais antigos do País. Este jornal é o resultado de uma luta diária de todos os que nele trabalham, desde os proprietários aos redactores, aos jornalistas e aos fotógrafos que na rua recolhem o quotidiano e no-lo dão a conhecer nas suas páginas. Seria já muito difícil imaginar a nossa Cidade sem o seu Diário de Coimbra. Nesta oportunidade, aproveito ainda para enviar a todos aqueles que também escrevem nas suas páginas um abraço que significa respeito por todos os que têm a coragem de assumir publicamente o que defendem, concorde-se ou discorde-se deles. Aos meus leitores um abraço reconhecido, pois sem as suas manifestações sempre amigas de apoio crítico, há muito que teria deixado esta “obrigação” semanal.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra de 1 de Novembro de 2010
domingo, 31 de outubro de 2010
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
OS DONOS
É comum considerar que o desenvolvimento das sociedades é sempre acompanhado por uma evolução das mentalidades. Mas muitas vezes isso não é verdade. Particularmente quando se confunde desenvolvimento com simples crescimento económico. De facto, quando se investe essencialmente em infra-estruturas (a partir de certa altura equipamentos acessórios ou mesmo redundantes) e não no conhecimento e na Educação, favorece-se a ocorrência de desfasamento entre uma aparente qualidade de vida e as atitudes das pessoas. É aquilo a que hoje se chama diferença entre “software” e “hardware” que, em termos sociais, faz ressaltar velhos e anquilosados preconceitos dos que se consideram a si próprios “donos” de alguma coisa e tentam impor aos outros as suas próprias vontades.
Lembro-me dos donos da Constituição. Depois de várias revisões feitas desde 1976 que foram todas no sentido contrário ao da vontade dos que na altura chegaram a sequestrar a Assembleia Constituinte para evitar que ela saísse, os mesmos aparecem ainda hoje como os seus donos. Se alguém se atreve a colocar em causa algum princípio em função da evolução política, social e económica do país e do mundo, aqui d’el-rei, que é neo-liberal!
Temos ultimamente os donos do “Estado social”. Perante quem pretende corrigir injustiças óbvias que funcionam sempre contra os mais desfavorecidos, acudam, que querem destruir o Estado Social.
Existem igualmente os donos do politicamente correcto. Não se pode dizer bicha em vez de fila, nem preto em vez de “de cor” que, como se sabe, até pode ser branco, amarelo ou vermelho. Não se pode dizer Homens ao falar da Humanidade e sim homens e mulheres; qualquer dia, temos que acrescentar mistos, quando nos dirigirmos a uma assistência.
Depois temos os donos da correcção do vestuário (incluindo calçado e cor das meias). No século XXI temos ainda quem se arrogue o direito de criticar os outros pela indumentária que escolhe. Pior ainda, quem se ache no direito de classificar ou mesmo insultar politicamente os outros, em função do que escolhe vestir. Claro que em tempos que já lá vão e se espera não voltem, criticavam-se os jovens por usarem cabelo comprido e se vestirem com cores garridas. Felizmente, hoje em dia a liberdade de escolha chegou também ao vestuário. Mas resistem alguns que, agora ao contrário, criticam os outros por usarem a roupa de que gostam, seja uma gravata ou um laço. Ainda a propósito daquele célebre sequestro da Constituinte, lembro-me de José Luís Nunes, excelente e saudoso constituinte socialista, ser insultado pelos “operários da cintura industrial” e mesmo por alguns colegas de bancadas mais à esquerda e retorquir que não faltava mais nada ter que mudar de indumentária só por causa dos arroubos revolucionários daquela gente. E tinha toda a razão, acho eu.
Há também os donos da verdade, que acham que nunca se enganam, provavelmente porque nunca leram um livro de filosofia. Felizmente e para azar deles, já que a verdade tem muitas cores, a História vem sempre provar que se enganaram muitas vezes, embora raramente o reconheçam.
Há mesmo os donos de pessoas que, por uma razão ou por outra, pensam que ficam donos de alguém para toda a vida. As relações entre as pessoas, particularmente as que envolvem afectos que não são contratualizáveis, têm que ser construídas diariamente. Os filhos por exemplo, não pertencem aos pais, ao contrário do que muitos julgam. Os pais devem apenas tratar deles o melhor possível enquanto os filhos deles dependem, dando-lhes asas para poderem voar o mais alto e longe possível.
Muitos “donos” há por aí. Na maior parte das vezes são apenas donos do seu próprio umbigo que lhes parece ser do tamanho do universo, não tendo humildade para reconhecer que “somos todos humanos, demasiado humanos”, e que a vida é muito curta para ser gasta a olhar apenas para o espelho e a perguntar “se há alguém mais belo do que eu”.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 25 de Outubro de 2010