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domingo, 29 de abril de 2012
sábado, 28 de abril de 2012
segunda-feira, 23 de abril de 2012
TRÊS DÊS ou apenas LIBERDADE
É
hoje possível ter uma ideia mais verdadeira sobre tudo o que se passou nessa
época, através dos livros da autoria de pessoas das mais diversas opções
ideológicas. É certo que foi a duração da Guerra Colonial que já durava há 13
anos que esteve na origem do derrube do Regime pelo Movimento dos Capitães.
Saber se o motivo imediato foi ou não uma questão corporativa dos militares de
carreira será hoje uma questão supérflua. O que é evidente é que o regime caiu
sem que tivesse quem o defendesse.
O
programa apresentado pelos militares do 25 de Abril assentava nos famosos “3
dês”: democratização, descolonização e desenvolvimento, não necessariamente por
esta ordem.
A
descolonização foi feita de imediato, mal feita, atabalhoada, confundindo-se
com uma fuga descontrolada, sem cuidar quer dos portugueses que lá estavam,
quer de organizar um período de transição para reorganização dos novos países
com um mínimo de preocupações de futuro, o que teve consequências trágicas que
perduraram durante décadas.
O
desenvolvimento era olhado como o aproximar das condições de vida da “Europa”,
como se dizia, porque de facto não nos sentíamos verdadeiramente como fazendo
parte desse mundo. Foi assim que surgiram os planos de erradicação de barracas,
a construção de infra-estruturas básicas por todo o país, o ensino generalizado
e a garantia de prestação de cuidados de saúde para todos. Os nossos índices
foram-se paulatinamente aproximando dos níveis europeus e o nível de vida
cresceu. Claro que houve asneiras e disparates, com deslumbramentos provocados
quer a nível particular, quer a nível dos decisores políticos, o que foi
particularmente evidente nos últimos quinze anos estando todos agora a pagar
por isso. Mas, mesmo atendendo à actual crise, Portugal não tem hoje nada a ver
com o que era em 1974.
A
democratização do país foi conseguida de forma lenta, após as revisões
constitucionais que eliminaram a tutela militar sobre o regime. As eleições dos
primeiros anos foram uma festa, tendo surgido partidos para todos os gostos,
sendo evidente o agrado e mesmo entusiasmo com que os portugueses se entregaram
de forma generalizada às actividades políticas, através da participação em
comícios, sessões de esclarecimento e actos eleitorais. Desde o início os
portugueses desmentiram quem dizia que não estavam preparados para a
Democracia: basta lembrar os resultados anedóticos de campanhas oportunistas
como a dos militares esquerdistas que a certa altura apelaram ao voto em
branco, como sendo um voto no MFA.
Há
instabilidade? Claro que sim, já que democracia é mesmo isso; estáveis são as
ditaduras, enquanto duram. Democracia imperfeita? Certamente que sim, mas é o
único regime que se pode reformar por dentro e constrói-se todos os dias. Vemos
hoje que ao longo dos anos muitas áreas de decisão foram sendo paulatinamente
ocupadas por grupos de interesses; o nosso Estado é frágil e não se defende,
com prejuízo evidente dos mais desfavorecidos. Os próprios partidos foram-se
fechando e distanciando dos cidadãos; propondo pessoas com critérios muitas vezes
obscuros e mesmo nepotismo, sucedendo isto em todos os partidos, sem excepção.
É
precisamente em momentos de maiores dificuldades como aquele dos dias de hoje
que se torna necessária uma Cidadania activa que lute por aquilo que é
essencial, não pondo de lado as necessárias e naturais clivagens ideológicas.
Alguém que muito prezo e admiro costuma dizer que “em vez de conflituosos como
tantas vezes somos, precisamos de ser conflituantes”. Numa altura em que a
economia, que é tudo menos uma ciência mas em que muitos acreditam piamente
parece ter substituído as opções políticas, é cada vez mais necessário sermos
exigentes com quem nos governa aos mais diversos níveis, não aceitando verdades
absolutas, porque a História não acabou. É o futuro dos nossos filhos e dos
seus filhos que o exige.
Termino
lembrando que apesar de todos os maus tratos que foi sofrendo, há no entanto um
valor associado ao 25 de Abril que mantém toda a importância e mesmo urgência,
que se sobrepõe a todos os dês: a Liberdade.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 23 de Abril de 2012
quinta-feira, 19 de abril de 2012
HOLOCAUSTO
Ontem foi o dia de memória do Holocausto. Aqui fica um expressivo cartaz sobre a barbárie e vergonha de toda a Humanidade.
quarta-feira, 18 de abril de 2012
segunda-feira, 16 de abril de 2012
POLÍTICA E TÉCNICA
As decisões políticas, designadamente sobre investimentos públicos, devem ter uma base de informação técnica que garanta, não só uma boa escolha entre opções possíveis, mas também a adequação da resposta ao problema que se pretende solucionar, de uma forma que seja sustentável.
Claro que, quando os decisores políticos mandam fazer obras, boa parte da decisão teve como base promessas eleitorais ou mesmo a vontade voluntária dos próprios políticos. Dessa forma, quem quer que levante dúvidas ou coloque questões é muitas vezes rotulado de “velho do restelo”, “bota-abaixista” ou outros mimos do género. Os decisores têm genericamente uma grande dificuldade em lidar com pareceres técnicos não favoráveis aos investimentos, razão que explica a extinção de muitos organismos da Administração Pública, no que constitui um dos erros crassos da nossa Democracia, particularmente nos últimos vinte anos. O exemplo mais acabado (entre muitos outros) foi a extinção da antiga Junta Autónoma de Estradas, que foi substituída por vários institutos, deitando-se ao lixo num ápice um precioso conhecimento técnico acumulado durante muitos anos. Em vez de engenheiros conhecedores de construção de estradas nos seus diversos aspectos, passou-se a ter quase só juristas e economistas, todos jovens sem experiência. Os políticos conseguiram o seu objectivo de decidir sem escolhos de pareceres dos engenheiros, com consequências graves que estamos todos a pagar. É público e notório o descalabro em que consistiu a extinção da Direcção Geral de Viação substituída por uma qualquer Autoridade toda modernaça e incompetente, sem os técnicos antigos, mas com muitos jovens licenciados noutras áreas incapazes de assegurar o que antes lá se fazia. Conseguiu-se mesmo extinguir o Conselho Superior de Obras Públicas e a Direcção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais, que tantos e tão relevantes serviços prestaram ao país enquanto existiram e que tanta falta fazem. Criou-se uma legislação tão complicada e abstrusa nas áreas do Urbanismo e da Contratação de Empreitadas, sempre com a desculpa de combater a corrupção que, quer os organismos públicos, quer as próprias empresas se veem obrigados a investir de forma absurda em pareceres jurídicos para satisfação das grandes empresas de advogados, sendo os próprios gabinetes jurídicos muito maiores e mais importantes que os gabinetes de engenheiros.
É assim que as principais decisões sobre obras como escolas, pavilhões, museus, centros culturais, etc. ficam nas mãos de decisores com notória falta de preparação para tal e que frequentemente nem experiência de vida têm, sem disporem de apoio técnico capaz e seguro. Como defesa, tomam quase sempre a mesma opção ao encomendar os projectos dessas obras, principalmente as que são importantes pela sua dimensão e, portanto, emblemáticas do período em que estão no poder. Escolhem um dos arquitectos de renome do regime e entregam-lhes os projectos, muitas vezes sem terem sequer um programa bem definido. Convencem-se que o nome do arquitecto garantirá por si a qualidade do projecto, com a vantagem acrescida de calar os críticos que se vergam à fama do projectista. Supõem ainda esses decisores que parte da aura do projectista se transferirá assim para eles próprios, por associação. Pela posição reverencial do Dono de Obra perante o projectista perde-se assim toda a capacidade crítica do projecto e muitas vezes só durante a construção, isto é, tarde e a más horas, os decisores percebem as consequências da falta de controlo sobre os projectos de arquitectura. As consequências todos nós as vemos à nossa volta, percebendo-se bem o espanto de muitos estrangeiros de países bem mais ricos do que nós, quando se deparam com obras faraónicas caríssimas desfasadas por completo da nossa realidade, quando o dinheiro gasto poderia ter servido muito mais eficientemente para promover a economia real e a nossa competitividade.
domingo, 15 de abril de 2012
segunda-feira, 9 de abril de 2012
TEMPO
A duração dos nossos dias é calculada em função da translação da Terra à volta do Sol, que demora 365,242199 dias a fazer-se.
O calendário gregoriano introduzido pelo papa Gregório XIII em 1582 veio substituir o calendário definido por Júlio César e Cleópatra que, por partir de uma duração do ano de 365,25 dias levava já no século XVI um erro de 10 dias inteiros. A adopção dos anos bissextos veio corrigir este erro.
Mas a astronomia é muito mais complicada. Na realidade, a precessão dos equinócios devida ao facto de a Terra girar em torno do seu eixo como um pião leva a que o ano sideral medido em relação às estrelas dure ainda mais 20 minutos e 24 segundos. Só este pormenor deita por terra toda a “capacidade científica” da Maya e demais astrólogos.
Mais interessante ainda é o facto de o dia definido em cima ser o “dia médio”, porque os dias não têm todos a mesma duração. Como a Terra, na sua rotação à volta do Sol, segue uma elipse imperfeita, a duração real dos dias varia entre 23 horas 44 minutos em 3 de Novembro e 24 horas e 14 minutos em 11 de Fevereiro, havendo quatro dias por ano com uma duração igual à duração média. A diferença entre estas duas durações chama-se “equação do tempo” e, pasme-se, existem relógios mecânicos capazes de resolver a equação do tempo no mostrador, como é o caso do Breguet aqui representado.
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